Livro do desassossego

Livro do desassossego Fernando Pessoa
Richard Zenith




Resenhas - Livro do Desassossego


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Carla.Parreira 06/11/2023

Livro do desassossego (Fernando Pessoa)....
É uma obra incompleta do escritor português Fernando Pessoa, composta por fragmentos, reflexões e pensamentos diversos. Publicado postumamente, o livro é uma coleção de textos datados entre 1913 e 1935. A obra reflete sobre temas como solidão, identidade, existência, amor, arte e poesia, mesclando diferentes perspectivas onde apresenta sua visão de mundo, suas angústias, dúvidas e reflexões.
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Melhores trechos: "...O único modo de estarmos de acordo com a vida é estarmos em desacordo com nós próprios. O absurdo é o divino. Estabelecer teorias, pensando-as paciente e honestamente, só para depois agirmos contra elas, agirmos e justificar as nossas ações com teorias que as condenam. Talhar um caminho na vida, e em seguida agir contrariamente a seguir por esse caminho. Ter todos os gestos e todas as atitudes de qualquer coisa que nem somos, nem pretendemos ser, nem pretendemos ser tomados como sendo... Somos todos escravos de circunstâncias externas... Afinal eu quem sou, quando não brinco? Um pobre órfão abandonado nas ruas das sensações, tiritando de frio às esquinas da realidade, tendo que dormir nos degraus da tristeza e comer o pão dado da fantasia. Do meu pai sei o nome; disseram-me que se chamava Deus, mas o nome não me dá ideia de nada. Às vezes, na noite, quando me sinto só, chamo por ele e choro, e faço-me uma ideia dele a que possa amar. Mas depois penso que o não conheço, que talvez ele não seja assim, que talvez não seja nunca esse o pai da minha alma...
Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para dentro de mim, pude esquecer-me na visão do seu movimento. Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim. Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo... Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso, em suma, é a nós mesmos, que amamos. Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é abjeto, mas, em exata verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana. As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. No próprio acto em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois 'amo-te' ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstrata de impressões que constitui a atividade da alma... Primeiro entretiveram-me as especulações metafísicas, as ideias científicas depois. Atraíram-me finalmente as sociológicas. Mas em nenhum destes estádios da minha busca da verdade encontrei segurança e alívio. Pouco lia, em qualquer das preocupações. Mas no pouco que lia, tantas teorias me cansava de ver, contraditórias, igualmente assentes em razões desenvolvidas, todas elas igualmente prováveis e de acordo com uma certa escolha de factos que tinha sempre o ar de ser os factos todos. Se erguia dos livros os meus olhos cansados, ou se dos meus pensamentos desviava para o mundo exterior a minha perturbada atenção, só uma coisa eu via, desmentindo-me toda a utilidade de ler e pensar, arrancando-me uma a uma todas as pétalas da ideia do esforço: a infinita complexidade das coisas, a imensa soma a prolixa inatingibilidade dos próprios poucos factos que se poderiam conceber precisos para o levantamento de uma ciência... Hoje sou ascético na minha religião de mim... O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? O amor quer possuir, quer tornar seu o que tem de ficar fora para ele saber que se torna seu e não é. Amar é entregar-se. Quanto maior a entrega, maior o amor... Nada mais seu do que a sua consciência de si..."
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Caroline Vital 29/10/2023

Lido em 2018
Poético, melancólico, depressivo. Me idenfiquei, estranhamente. Mas também é arrastado, meio chato, foi difícil terminar.
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Gii 29/10/2023

"Não consigo reatar-me."
O livro do desassossego foi muito prazeroso de ler, os sentimentos que nunca conseguimos colocar no papel estão todos ali, esperando para serem lidos e sentidos outra vez.
Divido em várias partes o autor conseguiu colocar tantas ideias e dores que a cada página que lia, cada trecho e parágrafo, foi uma enchente de memórias. Me senti dentro de meus próprios pensamentos sem estar de fato neles, como um mergulho de cabeça dentro do que sou ou a visão que tenho de mim. A divagação de ser sonhador, de temer a vida e não encontrar o sossego em nada. A angústia de um coração triste, da dissociação, de levar a vida como de fosse pesada demais e da ausência de si mesmo. O livro é repleto de frases marcantes, textos que tive vontade marcá-lo por inteiro. Alguns, confesso, são um pouco confusos, mas espero ter entendido bem.
Já tinha lido Fernando Pessoa antes, de curtos poemas. Confesso que adorei e não poderia deixar de preucurar outras obras. Tenho certeza que foi um achado e tanto, um dos preferidos do ano, guardarei suas palavras com carinho.
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Deise.Maria 20/10/2023

Uma obra lindissima!!!
Como definir o que foi essa obra pra mim?
Vou tentar ser mais simples possível.
Vou começar destacando esse texto:
?" Mas a cada exclusão, que me impus, dos fins e dos movimentos da vida ; a ruptura, que procurei, do meu contato com as coisas levou - me precisamente aquilo a que eu procurava fugir..."
O Bernardo Soares nosso heterônimo nesse livro, é um guarda - livros.Que trabalha na rua Douradores ,e descreve em vários trechos seu cotidiano, e alguns devaneios ; sobre a vida que se define como tediosa , pois nada se resume em cunprir obrigações e deveres do escritório, nessas prosas encontramos aspectos de sonhador , que tenta ver a vida por uma ótica ilusória. Mas uma ilusão que ele sustenta como única verdade de vivenciar sensações diferentes jamais experimentadas.
Dos heterônimos que já li do Fernando Pessoa esse foi o mais proximo de entender o autor , que em sua nota explica que ele próprio possui semelhanças com o Bernardo Soares , o sentimentalismo por mais que ele próprio tente fugir, é expresso da forma mais sublime. Exemplo;
???" Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino , mudar de vida como mudamos de roupa- não para salvar a vida , como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos..."
????Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura.."
???Vence só quem nunca consegue. Só é forte quem desanima sempre"
Bernardo é um personagem poetico por mais que ele tente ocultar seus sentimentos, e nos seus textos ele contempla a vida , fala dos misterios da morte , a brevidade dela, o sofrimento que atinge a todas as classes sem distinção, reflexões sobre a existência que leva o leitor a uma profunda coneccao com os sentimentos que pertubam o autor ; como a existência de Deus, a nossa consciência , a busca pelas coisa materiais, a busca pelas sensações do físico e da alma, todas as sensações que humanamente expressamos e as que o subconsciente busca pra dar sentido a vida.
O desassossego do autor se refere basicamente a isso, a inquietação, as incertezas e sentimentos conflitantes que permeia seus pensamentos.
Gostei do livro é claro que por se tratar de Fernando Pessoa exigiu de mim uma lentidão para poder compreender melhor , eu acredito que minha resenha tenha sido fiel ao tamanho da importância que é essa obra.???E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons , nobres e vis , mas nunca de um sentimento que subsiste,....um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende."
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Pêssego 09/10/2023

Eu nem ia fazer uma resenha porque o livro simplesmente me deixou sem palavras
Esse livro retrata um formato de vida que claramente ninguém queria ter, o livro é ótimo mas a leitura é difícil Porque não seria o Fernando pessoa se fosse fácil demais.
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Ygor Araujo 01/10/2023

Pessoa e seus heterônimos
Na obra, o leitor é apresentado a Bernardo Soares, mais um dos heterônimos criados pelo autor. O niilismo e a questão existencial são temas presentes do início ao fim. Quem lê, se depara com várias reflexões metafísicas e filosóficas.
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Gisele280 25/09/2023

O título não é atoa...
Demorei mais do que queria para terminar, a linguagem é clássico pesado, mas quando vc pega o ritmo, dá certo. Achei esse heterônimo muito, muito depressivo e pasmei ao ver refletindo tanto dos meus sentimentos. Vou querer reler avulso em alguns momentos da vida, talvez minha nota mude, mas por hora é isto! Valeu muito a pena a experiência
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Leonardo.Kayser 25/09/2023

Livro do desassossego
Um livro para se ter de cabeceira mesmo que já se tenha lido. Para reler eternamente e entender que estar inconformado com a existência é algo que todo mundo, em algum momento, vai passar. Acredito que todos que leem sentem que Pessoa escreveu aquilo que sentimos e não conseguimos descrever, mas também aquilo que sentimos e não conseguimos perceber que sentimos até que leiamos nas palavras dele. Uma dose de melancolia, em partes, p nos fazer mostrar que a vida é mesmo isso que vivemos. Não poderia o livro ter um nome mais adequado!
Igor.Parrela 25/09/2023minha estante
Minha próxima aquisição ?? Deve ser muito bom, mesmo


_cxmlly 29/09/2023minha estante
Olá, vc está vendendo ou trocando?




Bianca (@fallandfox) 18/09/2023

Uma “autobiografia sem fatos” escrita por Fernando Pessoa usando o heterônimo de Bernardo Soares e um livroem fragmentos desordenados, reflexões das mais variadas sobre a própria vida dos homens, Deus, o mundo, a arte, o amor e etc.
Foi uma leitura que me desafiou com várias frases que me tocaram mas ao mesmo tempo um livro que me deixou incomodada pois ao passar a página eu já não sabia mais oque estava lendo e nao conseguia nem lembrar direito oque eu tinha acabado de ler, esse tipo de coisa não tinha acontecido comigo antes.
Sua desordem tornou livro único para mim me fazendo pensar que eu estava dentro do diário ou até mesmo a mente do escritor.

Me encontrei em certos momentos por conta da desordem como eu citei mas isso não tirou a poesia que encontrei em várias frases em certos momentos.

Vou ter que recomendar essa leitura já colocando aqui escrito que ela não vai ser fácil e vai deixar o elitor confuso mas vai valer muito a pena no final de tudo.
_cxmlly 29/09/2023minha estante
Olá, vc está vendendo ou trocando?




Sara.Chagas 16/09/2023

"Sou uma personagem de dramas meus."
Ufa, depois de 1 ano terminei esse monumento em livro. Fluxos de consciência de um gênio perturbado, é difícil você pegar esse livro e ler 50 páginas sem ter um lapso de reflexões sobre tudo que leu. Tem que apreciar e ler aos poucos para poder absorver tudo que esse livro quer expressar e as sensações que ele quer lhe passar.

Realmente é um livro do desassossego, feito por uma pessoa desassossegada e que notoriamente vai deixando o leitor também desassossegado.

E, esse efeito é maravilhoso!!! É um misto de sono, desassossego, sonhos, tristeza, solidão, frieza, alma, Deus, solidão... são tantas palavras na qual eu poderia descrever sobre o que livro trás, mas enfim, ele deixou grandes marcas em mim, aprendi tanto que eu só posso falar isso: obrigada, Fernando Pessoa.
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Paulo 13/09/2023

Angústia do Tédio
Aquela sensação de que agosto é interminável e que eu ia ficar com esse desassossego para sempre.
E falando em sensações, Fernando Pessoa deu vida à muitas delas. Muitos sentimentos e pensamentos que eu tinha apenas algum vislumbre em minha mente, acabaram tomando forma e se mostrando entendíveis.
Me conheço mais a partir desse livro. Como ele mesmo menciona em alguma parte, que ele é um de muitos que compartilham desses tipos de sentimentos, não o primeiro e nem o último, mas até agora o mais explícito que achei.
Aparentemente ele foi cavoucando e cavoucando até se deparar com algo sólido, a angústia de ter consciência do tédio. É como se a pá tivesse atingido o fundo do buraco e não desse para prosseguir mais.
"A minha vida é como se me batessem com ela.".
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arthurzito 04/09/2023

Sempre admirei os poemas de Fernando, embora tenha tido pouco contato com sua obra. Acredito que minha leitura deste livro ocorreu em um momento inoportuno em minha vida. Fernando se expressa com uma sensibilidade que flui naturalmente, como as curvas de um rio sinuoso. Sua escrita convida à contemplação, sem pressa ou grandes desafios. Este livro não é adequado para momentos de agitação; sua essência requer calma. Levando isso em consideração, talvez eu não tenha apreciado a leitura tanto quanto deveria. Em alguns aspectos, senti que a obra era excessivamente carregada e carente de desenvolvimento narrativo. No entanto, percebo agora que minha reação não é um reflexo do livro em si, mas sim de mim mesmo.
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Rafa Freitas 02/09/2023

Roubaram meu diário?
A sensação que tenho é que um grande escritor decidiu escrever sobre tudo que sinto e vejo, mas não tenho capacidade de expor com absurda profundidade. Me identifico muito com cada trecho. Jamais esquecerei do Desassossego causado durante essa leitura.
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Luci_books 20/08/2023

Livro de cabeceira
O dia a dia nunca ficou tão poético e melancólico como nestes fragmentos. Com certeza em algum você irá se identificar e meditar nas palavras do autor. É uma obra para se ler aos poucos e assim deixar os fragmentos surtirem efeitos em você. Livro de cabeceira para folhear e reler alguns trechos em alguns dias.
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emileandrade 11/08/2023

Todo mundo se sente Fernando Pessoa
Livro do Desassossego é um alento para os inconformados, incomodados, inquietos e intrigados com a existência. Todo mundo experimentou ou vai experimentar essa incongruência, acredito eu. Todo mundo, em algum momento, acha que é Pessoa. Por isso, todos deveriam ler! ??
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