ELB 01/06/2017
Connie está começando a sua pós-graduação, ela é historiadora, especializada na vida colonial americana e acaba chamando a atenção de um dos mestres mais renomados na comunidade acadêmica, Manning Chilton. O interesse desde o início parece suspeito, devido à postura superior e rígida do especialista com os alunos, mas Connie acaba atribuindo a atitude dele à sua competência como pesquisadora, sentindo-se orgulhosa de si mesma.
Ele então, começa a acompanhá-la de perto e até mesmo cobrá-la incisivamente sobre o progresso de sua pesquisa. Pesquisa que acaba sendo atrasada quando Connie é envolvida por mais um dos problemas de sua mãe.
Sua falecida avó, com quem quase não teve contato devido à relação difícil entre sua avó e sua mãe, deixa uma casa para elas. No entanto, a casa está abandonada há anos e os impostos que não vinham sendo pagos desde a época em que a avó ainda era viva foram se acumulando; a casa ficou completamente abandonada e cercada por vegetação, dificultando até mesmo encontrá-la, estando escondida no meio de todo aquele mato. Por fim, sua mãe que tem uma lábia impecável - a mãe dela é um daqueles "espíritos livres" bem no estilo paz e amor, gente - consegue enrolá-la para que passe o verão arrumando a casa para ser vendida.
À princípio, Connie se sente aborrecida por mais uma vez ter se deixado levar, perdendo tempo de trabalho/estudo. Visões e flashes rápidos começam a surgir em sua mente, desde que ela chega à casa aos quais atribui à sua mente criativa - devemos ter em mente que ela é uma pessoa muito voltado para o lado intelectual e é plausível que ela tenha chegado a essa conclusão, especialmente porque ela não teve uma figura materna consistente, emocionalmente falando, e sempre quis conhecer a avó - mas apesar de tudo, conforme o tempo vai passando, ela se estabelece numa rotina agradável. É quando encontra uma chave misteriosa com um nome escondido. Deliverance Dane.
"A maioria dos casos de bruxaria ocorreu esporadicamente. A bruxa típica era uma mulher de meia-idade que estava isolada na comunidade, por razões econômicas ou simplesmente por não ter uma família, e por isso não tinha força social nem política."
Curiosa, Connie começa a pesquisar a origem daquele nome. No começo, ela tem certa dificuldade e se depara com muitos becos sem saída, mas por fim, sua insistência acaba sendo recompensada: esse foi o nome de uma das mulheres condenadas por bruxaria em Salém, uma das quais ninguém tinha conhecimento. Até aquele momento. Essa nova fonte é o ponto de partida perfeito para a elaboração de seu trabalho.
Durante sua investigação, Connie conhece Sam, um restaurador. Desde o primeiro momento um vínculo parece se formar entre eles, no começo como uma simpatia, evoluindo para um flerte descontraído e relaxado. O que é perfeito para uma mulher tão focada quanto Connie.
Não tem como não se apaixonar pelo Sam. Ele é engraçado, divertido e interessado. Ela, como uma pessoa intelectual que é, está sempre puxando os assuntos para a parte histórica, mas ao invés de se sentir entediado ou de ser condescendente, ele a escuta de verdade. Ele tem essa curiosidade que muitas pessoas perderam ao longo do caminho e se interessa pelas coisas sinceramente. É nítida a forma como a protagonista consegue se soltar perto dele, sendo ela mesma e sendo aceita e compreendida de uma forma que ela nunca conseguiu com a própria mãe. Que apesar de ser uma pessoa maravilhosa, vive em um mundo, uma realidade, completamente diferente de Connie.
"A gente pode ter uma vida inteira, com todas as nossas opiniões, os nossos amores, os nossos medos. Com o tempo, todas essas partes de nós desaparecem. E depois as pessoas que poderiam se lembrar dessas partes também desaparecem, e de repente tudo o que resta da gente é o nosso nome em algum registro."
Mas Connie pode estar em perigo. Uma série de eventos estranhos começam a acontecer conforme ela se aprofunda em sua pesquisa e a verdade pode acabar sendo bem diferente do que ela poderia imaginar.
O livro se divide entre o que está acontecendo com Connie na atualidade e com o que estava acontecendo no passado com a família Dane. Podemos acompanhar as duas perspectivas e ver a tensão da mulher sendo acusada por algo que ela sabia que não tinha culpa. E ele tem elementos interessantes, o enfoque é mais voltado para o aspecto histórico, mesmo se tratando de uma ficção. O toque de sobrenatural, de magia é bem sutil.
Para quem gosta de história e se interessa pelo massacre em Salém e as teorias sobre o que desencadeou a caça às bruxas, esse livro é uma dica maravilhosa. Ele não te deixa entediado porque tem uma história ficcional acontecendo para te entreter ao mesmo tempo que nos mostra essas curiosidades. Vemos também as dificuldades de se realizar uma pesquisa, a forma como alguns funcionários agem que também funcionam como barreiras, que podem até desmotivar o pesquisador de fazer seu trabalho. Eu gostei muito, foi uma surpresa maravilhosa e espero que vocês também gostem!
site: http://www.everylittlebook.com.br/2017/05/resenha-o-livro-perdido-das-bruxas-de.html