Ana 22/02/2023
À Espera de Um Milagre, o filme, é um dos meus filmes preferidos da vida. Descobri há pouco tempo que ele é uma adaptação de um livro, e não um livro qualquer. Seu autor é ninguém mais, ninguém menos que o rei do terror Stephen King, um escritor que, pensava eu, nunca publicaria uma história tão incrível e e emocionante quanto esta.
Não entendam mal: Stephen King é e sempre será um ótimo escritor. A questão é que se você quer ler esse livro porque pensa que nele encontrará uma história assustadora, pare agora. Acredito que essa sinopse seja apenas para atrair o público que está acostumado aos livros de terror do autor. Na verdade, a história de John Coffey, apesar de ter um leve toque de suspense, é triste e terrivelmente tocante.
Paul Edgecombe trabalhava na Penitenciária de Cold Mountain, mais precisamente no Bloco E (conhecido como O Corredor da Morte, para os de fora, ou simplesmente como Corredor Verde, para os guardas que trabalhavam n bloco) em meados dos anos 1930. Porém, em 1932, ele conhece John Coffey, um homenzarrão negro que foi condenado por estuprar e matar duas menininhas. É exatamente em 1932 que sua vida começa a mudar completamente. Desde o dia da chegada de Coffey no Corredor Verde, Edgecombe já percebe que tem algo errado em toda essa história. O livro é narrado pelo próprio Paul, muitos e muitos anos após os acontecimentos de 1932.
Apesar de o livro ser narrado por Paul, pouco sabemos sobre ele além de que sofria com fortes infecções urinárias e era chefe do Bloco E, mas ainda assim há uma proximidade do personagem com o leitor. Não é para menos: o livro não é sobre ele, e sim sobre John Coffey e tudo o que aconteceu na penitenciária no breve período de tempo em que este permaneceu por lá. Stephen King escreve de uma forma tão profunda que conseguimos sentir com ele todos os horrores que aconteceram em 1932 e ficamos bem próximos também dos outros presos e dos guardas que trabalharam e sofreram junto com Paul no Corredor Verde.
Pessoalmente, foi difícil não me afeiçoar a Eduard Delacroix, Del, que foi condenado por estuprar uma menininha e, ao tentar esconder a prova do crime, acabou incendiando várias pessoas. É difícil associar esse Del àquele pirado que tinha um ratinho amestrado como animal de estimação. E digo para vocês que sofri bastante com a morte dele (não sei se isso é um spoiler, já que estamos falando do corredor da morte). Outro personagem que ganhou meu coração foi Brutal, que apesar do nome, é incrivelmente gentil. É claro que era mesmo brutal com os presos quando precisava ser.
Não há como negar que o trabalho do King nesse livro foi impecável. Não consigo falar para vocês um mísero defeito nessa obra, mesmo ele próprio citando alguns no posfácio. Creio que poucas pessoas sabem, mas À Espera de Um Milagre foi originalmente lançado em seis volumes antes de vir a se tornar um livro único, portanto é de se imaginar que Stephen King tinha um prazo muito curto para entregar os volumes finalizados. Justamente por esse motivo, ele conseguiu levar a obra a perfeição.
Creio que quem está acostumado aos livros de terror do King poderá estranhar um pouco À Espera de Um Milagre, já que foge de tudo o que ele já escreveu até hoje, Ainda assim, ele conseguiu criar uma história que conquistará até os leitores mais difíceis. O livro, é claro, acabou se tornando um dos meus favoritos da vida também.
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