Resenhas - O Capote seguido de O Retrato

Letícia 09/08/2020

Primeiro Gógol!
Nessa edição temos dois contos, O Capote e O Retrato, ambos fazem críticas à sociedade russa da época, mas continua bem atual, pois ao criticarmos a humanidade, isso é transcendental.
No primeiro conto, a vida de Akaki Akakiévitch é totalmente modificada por conta do seu famoso capote. Funcionário de uma repartição pública, vê sua invisibilidade destruída depois de outro elemento se tornar elemento central na sua vida.
E no segundo conto, o realismo fantástico também tem seu lugar e nos coloca diante do que é a vaidade humana e as relações em sociedade. Todas essas críticas feitas com inteligência e a fina ironia com sarcasmo do autor.
Foi minha primeira experiência de leitura, mas já recomendo.

Iasmin 13/03/2022

O CAPOTE!
No primeiro conto deste livro, intitulado de "O capote", Gogol mistura humor, com uma crítica social extremamente ácida. Eu adorei!!!

"Como ele sonhava sem parar com seu futuro casaco, este sonho foi para ele um alimento suficiente, embora imaterial. Mais ainda: sua própria existência ganhou em importância."

É estranho pensar que o desejo de obter algum bem material, venha a dar sentido a existência de alguém, mas é ainda mais estranho pensar em como isso é comum.

AnaClaraGurgel 01/02/2022

Maravilhoso!
O Capote é um ótimo conto, mas O Retrato ultrapassa quase todos os contos que já li de Tolstói e Dostoiévski (falo dos contos somente). Seu sentido é muito mais profundo do que uma primeira análise pode apreender, e a maneira velada como os detalhes imprescindíveis para a compreensão estão postos é magnífica. É uma reflexão sobre a escolha entre a vida e a morte, entre o Mundo e o Céu.

Jaqueline 16/09/2020

Apesar do fato dos dois contos aqui presentes conterem críticas à sociedade russa da época, a leitura é rápida, fluida e fácil, mas não se engane! Ela faz com que você reflita sobre muitas coisas! Eu já havia lido "O capote" anteriormente por ter sido citado em uma outra obra russa que li, portanto a grande surpresa ficou por conta de "O retrato". Achei um conto mais bem trabalhado, não apenas pela extensão, mas pela forma que foi escrito. Tenho como uma das minhas obras preferidas "O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde, e não posso deixar de fazer um paralelo entre essas duas obras e a representação do aspecto sobrenatural, da corrupção das almas pela influência do mal e do próprio pacto com entidades malignas. Acredito que mesmo em menos páginas, Gogol consegue nos fazer pensar sobre as ambições, sobre o desejo de fazer parte de uma sociedade e sobre até que ponto somos capazes de chegar para atingir nossos objetivos.

Brenda 06/04/2020

Considerado pai da literatura russa moderna ? tendo o próprio Dostoiévski lhe dispensado grandiosos elogios ? Nikolai Gógol pinta, em O Capote, magistralmente, o verdadeiro retrato da miséria humana que tem como pano de fundo a realidade social que acomete a Rússia de 1840. A narrativa realista-fantástica protagonizada por Akaki Akakiévitch se transmuta em verdadeira tragédia ao permear os horrores e as privações às quais levam ao fim nada glorioso e pomposo de nosso senil protagonista. Apesar de indigesto em enredo, torna-se muito palatável pelas nuances fantásticas e um sutil tom de humor. Como o próprio Gógol menciona em seu conto, acerca das incoerências e desventuras socioeconômicas e no quanto elas nos atingem: ?Deixemos este julgamento aos cuidados daquelas pessoas que sabem mais ou menos colocar-se na pele dos outros.?
Ainda, na edição que li, da L&PM Pocket, se segue o conto O Retrato, que traz uma nova e marcadamente vertiginosa história, causando tensões bem latentes diante da insegurança sobre si mesmo enquanto sujeito lúcido: tudo é ou não é um devaneio histérico promovido pela cega avareza? O desfecho, inevitavelmente fantástico, próprio do realismo mágico de Gógol, traz a sensação de ampla justiça e enclausurante injustiça, simultaneamente, respondendo tanto pelos bons quanto pelos maus. Gógol é extremamente bem humorado e propõe reflexões sutis acerca das dualidades humanas, suas ânsias e seus horrores.

Bruno.Rafael 13/05/2021

Dois contos: O capote e O retrato
Livro com dois contos de Nicolai Gogol. O primeiro é O capote, que se refere a uma vestimenta usada para se proteger do frio, e que era muito importante na Rússia do século XIX. Narra a história de Akaki Akakiévitch, um homem que trabalha copiando documentos, que é alvo de chacota constante pelo seus "colegas" de trabalho, uma pessoa sem moral alguma na sociedade, e que decide comprar um capote novo e faz disso seu objetivo de vida. Depois de comprá-lo, acontece algumas situações, sendo uma no final da história bem inusitado. É interessante como Gogol nos faz rir da situação desse pobre coitado, rir da desgraça alheia ao mesmo tempo que nos faz sentir mal por isso, e ainda, fazendo críticas a sociedade da época, tudo junto. A forma de contar, com o estilo sátirico dele, é muito boa.

O segundo conto fala sobre um retrato sinistro, cujo os olhos nela parecem reais e vivos, e leva à desgraça quem convive com ele. Lembra o do romance "O retrato de Dorian Gray" mas com sua originalidade indiscutível, pois há muitas diferenças. O conto é dividido em duas partes, onde cada parte é independente, mas interligada, onde o retrato é presente em ambos. Esse conto já é bem diferente do primeiro, onde em "O retrato" Gogol une um certo terror em alguns momentos, com fantasia e realidade em outros. E uma narrativa focada no tema das Artes, discutindo sobre ela largamente, criticamente e com muita paixão, sem ser pedante e cansativo. Dois contos bem interessantes para se conhecer e iniciar a leitura das obras desse escritor.

Marcos.Wagner 13/03/2023

Duas obras Maravilhosas
Capote uma história de um funcionário público e seu capote, o retrato quanto coisa pode existir em um quadro

E. 19/09/2020

O CAPOTE – NIKOLAI GOGOL
Neste conto clássico ambientado na Rússia antiga, a figura central, a qual conduz e marca os acontecimentos da narrativa, é propriamente a que dá nome ao título, uma indumentária jocosamente chamada de “capote”, pertencente ao desditoso Akaki Akakiévitch, sujeito de existência mecânica, letárgica e totalmente desconectada da realidade; um tipo que encontra no trabalho, função que exerce sem grande esmero e de modo autômato, nada mais que um subterfúgio à realidade que o envolve.

São nesses termos que Gogol nos apresenta uma figura sem rumo e sem centro, cuja força vital é direcionada a um único núcleo de interesse, os assuntos que tocam ao seu capote, bússola dos dias de um sujeito que vive em escassez de matéria e de espírito, desprovido de qualquer consciência sobre o grau de importância e hierarquia que as coisas devem ocupar na vida de um homem, o que faz de si um materialista por definição, recusado-se, inclusive para além da vida – conforme irá se vê, a se colocar diante do abismo que carrega em si.

É ainda por consequência do apego mortal que nutre o homem ao seu capote que nos deparemos com um outro tipo humano, oposto ao seu, mas pouco incomum, cujas qualidades de sua personalidade são calculadas para revelar uma clara crítica à demasiada importância dada a honrarias e a hierarquizações, e a transferência dessa importância para quem as detém ou usufrui, resultando em uma sociedade que, por imitação, deseja o afetado ar de nobreza e as maneiras soberbas dos que por se considerarem a si mesmos personagens importantes, tentam impor respeito pelo autoritarismo.

Em síntese, assim como todos os clássicos, O Capote cristaliza elementos humanos, sociais e culturas que sobrevivem ao tempo; razão porque, dada a sua natureza universal, tornou-se atemporal.

Luna. 20/08/2020

Como quase sempre acontece com os clássicos ou escritores famosos, nunca gosto muito da obra mais aclamada. Gostei bem mais de O retrato, do que O capote. Mas no geral os dois são bons.

Cinara... 10/05/2020

"Assim, o jovem infeliz cobria seu rosto e mais de uma vez no curso de sua existência ele arrepiou-se vendo o quanto o homem acumula em si de desumanidade, ao constatar que grosseira ferocidade se esconde por debaixo das maneiras polidas, mesmo, ó meu Deus!, entre aqueles que o mundo considera pessoas honestas... " - O Capote

"A glória não pode trazer alegria a quem a roubou: ela só faz palpitar os espíritos dignos dela." - O Retrato


Maravilhoso!!!

Letuza 08/09/2020

Histórias de arrepiar
O capote - Nikolai Gogol

Nikolai Gogol nasceu na província de Poltava (Ucrânia) em 1809 e foi grande escritor da época do czar Nicolau I. Histórias que combinam personagens ordinários, suspense, humor e contam um pouco da rotina banal de Petesburgo. Esse livro contém dois dos mais famosos contos de Gogol - O capote e O retrato.
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? O capote conta a história do comum e humilde funcionário Akaki Akakiévitch, homem de meia idade, tímido ao extremo, metódico e solitário. Ele trabalha como copista de um departamento burocrata há muitos anos, sem promoção, sem elogios. Só é abordado pelos colegas por causa da piadas à seu respeito. Veste-se com roupas puídas e mantém uma vida monástica. Seu hobby é fazer cópias. Um dia muito frio, Akaki percebe que seu casaco (capote) está puído demais e resolve mandar fazer um novo. Economiza por meses, sua vida torna-se mais restrita e difícil, mas ele consegue seu novo capote. Bonito, elegante e novo. E por causa do novo casaco é notado e convidado para uma festa. Entretanto, ao voltar para casa, depois de sentir-se deslocado na festa, seu precioso capote é roubado. O desespero dele é tamanho que, fica doente e acaba morrendo. Seu fantasma passa a abordar pessoas nas noites frias de Petesburgo para lhes tirar os capotes.
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? O Retrato é uma história sobre o jovem pintor Tchartkov, que vive uma vida medíocre e pobre. Em uma loja decrépita de objetos de arte, Tchartkov encontra uma tela que prende sua atenção. Um rosto de um homem com olhos vivos, intensos. Ele gasta sua última moeda e leva o quadro. Durante a noite, sonha que o homem do quadro sai da tela e lhe mostra dinheiro ? (1000 ducados). No outro dia, ao ser ameaçado de despejo, ele descobre algo atrás da tela. O dinheiro do sonho estava lá. Ele usa o dinheiro com luxos e para divulgar seu trabalho. Os clientes vêm, o trabalho e a fama vêm, a ascensão social vem, mas com tudo isso vem a inveja, a cobiça. Ele vê sua vida elevada e desmoronada pelo ódio. Acaba louco. Na segunda parte do conto vem a explicação sobre a origem do quadro. Não vou estragar o mistério aqui, mas a história é de arrepiar.
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O livro é excelente.

Janaine.Mioduski 15/01/2023

Minha primeira leitura de Gogol e que experiência, meus amigos. O primeiro conto O Capote é um dos contos mais famosos do autor e faz jus à fama. Já tinha ouvido falar bastante e mesmo assim foi com um aperto no coração que vi todo o desenrolar da trama.

Agora, o segundo conto O Retrato foi o que mais gostei. Pessoalmente adoro histórias com quadros malditos e mal assombrados, mas esse conto superou todas as expectativas. Uma história tensa, selvagem, verossímil e toda bem pensada e concluída.

É uma leitura rápida, mesmo que intensa. Vale a pena para todos os fãs de literatura russa e de boa literatura em geral.

"Assim, o jovem infeliz cobria seu rosto e mais de uma vez no curso de sua existência ele arrepiou-se vendo o quanto o homem acumula em si de desumanidade, ao constatar que grosseira ferocidade se esconde por debaixo das maneiras polidas, mesmo, ó meu Deus!, entre aqueles que o mundo considera pessoas honestas..."

"Paciência! Paciência!, resmungava ele. A paciência não pode no entanto ser eterna. É muito bonito ser paciente, mas ainda assim é preciso comer no dia seguinte".

"Tchartkov aproximou-se mais uma vez do retrato para examinar aqueles olhos extraordinários e sentiu, não sem algum terror, que eles o observavam. Não era mais uma cópia da natureza, antes a vida perturbadora com a qual poderia se animar o rosto de um cadáver recém-saído de um túmulo".

"(...) sentiu aquela assustadora tortura que corrói por vezes os talentos medíocres quando tentam inutilmente ultrapassar seus limites. Semelhante tormento pode inspirar grandes obras à juventude, mas, infelizmente, para quem passou da idade dos sonhos, não passa de uma sede estéril e que pode conduzir o homem ao crime".

Xuia 22/04/2023

Achei que seriam duas histórias mas no final acabaram sendo três, pois o retrato tem duas partes, então acho que saí no lucro! Rs.
Primeiras obras do autor com as quais tenho contato, gostei do jeito que ele faz uma crítica sobre como a sociedade muitas vezes preza mais pelo material do que pelo pessoal - o modo de vida do personagem principal do capote (desculpem, acho os nomes russos difíceis de guardar!) e dos pintores do retrato demonstram bem isso.
Achei muitas vezes uma leitura densa e de difícil concentração, mas curti a experiência!

Alyne Rosa 24/04/2021

O capote
Mais um livro de Gogol sobre a vida de um funcionário de baixa patente, mas que dessa vez tem um final ainda mais impactante na vida daqueles que tanto o destrataram.

Haime 08/11/2020

O capote / Retrato
O Capote é considerado um clássico da literatura russa, escrito em 1842.
O Capote e O Retrato, ambos fazem críticas à sociedade russa da época, mas continua bem atual.
No conto o O capote temos uma leitura muito fluída e rápida em contra partida o conto o retrato a leitura é mais densa e profunfa.

Ambos entram para meu favorito pois me encantou a críticas q transcendem até o tempos de hoje .