Isabella658 18/12/2022
História legal, protagonista chata e execução tortuosa
Esse ano não tenho dado sorte com as fantasias, tenho descoberto histórias interessantes, mas odiado a forma como os autores estão executando elas. E esse livro é mais um exemplo de um tipo de narrativa que odeio: dual POV. Ou seja, os capítulos são dividido entre a Laia e o Elias.
Geralmente eu adoro quando tem POVs diferentes em uma fantasia, mas não quando são nesse estilo em que sempre acabam em um momento tenso e o próximo começa com algo chato, em vez de ser algo que agregue no capítulo anterior. Isso faz a gente ler um capítulo todo sem prestar atenção direito, às vezes ler até mais por cima e rápido, pra poder ir logo pro capítulo que continue a cena de tensão. É basicamente tortura literária. É um truque barato que o autor usa pra prender o leitor e fazer com que ele leia sem parar, mas não porque a história é boa e sim porque ele tá te obrigando a isso, te torturando pra isso.
Fora isso, outra coisa me atrapalhou muito: a própria Laia. Ela é a personificação de um dos piores tipos de protagonistas pra mim. É toda inocentezinha, medrosa, dependente, patética e MUITO BURRA. Não sei se é mesmo burra ou se ela se faz de cega, mas passei a história toda com vontade de tacar meu Kindle na parece de raiva, vendo cada vez mais ela sendo manipulada e TODO MUNDO AVISANDO E JOGANDO A VERDADE NA CARA DELA E MESMO ASSIM ELA CONTINUA SE DEIXANDO SER ENGANADA. Cara, não é possível, ninguém é tão sonso assim. A autora poderia ter pelo menos feito o mínimo de esforço pra me enganar junto, fazer ser um plot twist de traição, mas ela jogou tudo na minha cara o livro todo. Não vou comentar em detalhes, mas nem da pra considerar spoiler. Por isso não sei qual o plot desse livro, porque é tudo muito óbvio.
Não consegui ter empatia por personagem nenhum também. Odeio a Helene, mesmo sendo melhor amiga do Elias, ela fala muita merda. Claro, como mulher me simpatizo por ela e o lance do Marcus, mas fora isso tô nem aí. O romance dela com o Elias então? Tava orando o tempo todo pra não rolar. Até o outro romance com a Laia e o carinha lá tinha mais química. Laia e Elias ainda não me pegou, acho que melhora no próximo, porque ainda vejo os dois como dois desconhecidos um pro outro. Apesar de tudo que já compartilharam.
Izzi é legal, mas também não teve muito desenvolvimento que me fizesse sentir por ela. No máximo simpatizei com a cozinheira, ela é o personagem mais intrigante.
Elias eu ainda tô dividida. Comecei não gostando dos POVs dele, nao sei o porquê, mas me senti muito desconecta do que ele contava. Em vez de entrar na história, sentia que tava assistindo tudo acontecer de fora e de longe. Geralmente adoro histórias de competições por sobrevivência, mas não tive paciência nessa por causa disso. Além do dual POV atrapalhar muitas vezes. Terminei o livro dando o benefício da dúvida, mas com a sensação que ele tá ali só pra ser o cachorrinho protetor da Laia, sem muita personalidade. Ele tem, mas com aquela epifania do final sinto que ele já terminou o arco dele e agora só tá seguindo o bonde. Não tem um objetivo ou determinação igual a Laia. Que, por falar nisso, também não me simpatizo ainda porque é o mesmo que ler a morte de um personagem no primeiro capítulo: não dá tempo pra se importar. Então não é uma determinação que me faça ficar ávida por mais.
O que mais me prendeu foi o arco de escrava da Laia, um pouco leve em comparação a outros que já li, então é mais ou menos. Mas ainda sim é interessante e tem a melhor personagem do livro, que é a cozinheira.
Enfim, é uma história legal, se não fosse o dual POV e se a protagonista não fosse tão sonsa, eu teria devorado o livro. E se não fosse tão óbvio, daria um plot twist legal de traição. É uma fantasia com distopia, dois gêneros que AMO MUITO, tem elementos de vários livros que gosto. Apesar de tudo, não é um desastre e ainda sinto vontade de ler a continuação, mas não imediatamente, não teve nem um cliffhanger, algo que me instigasse a ler não importa o que porque não me importo com a determinação da Laia. No máximo to curiosa com os objetivos dos videntes. Mas, de novo, o que vai acontecer já tá tudo muito claro. Espero estar errada e me surpreender.