Tonyfreitas 17/02/2013Sushi... Nem toda resenha é positiva...O livro é Sushi, e a autora é Marian Keyes. Quando montei os livros do Desafio Literário de 2013, eu tinha escolhido para fevereiro (Um livro que te faça rir) o Gui a do Mochileiro das Galáxias. Mas... o livro não me prendeu quando comecei a lê-lo em dezembro e acabei trocando o mesmo no Café Literário do Clube do Livro. E aí fiquei com uma lacuna. De cara, pensei nos livros da Marian e eu tinha acabado de receber pelo correio/esquema de trocas do Skoob, Sushi. Já tinha lido Melancia e Férias e tinha gostado dos dois, então achei uma ótima alternativa.
Ledo engano. Eu me arrastava pelas páginas e quase desisti de ler. Ao invés de uma, eram três protagonistas (embora duas fossem mais atuantes). Até aí tudo bem, nunca tive dificuldades em ler livros com múltiplos protagonistas, mas o problema é que o livro não me convencia, eu não tinha a menor simpatia/empatia pela primeira personagem principal e menos ainda pela última. A única que eu comecei a gostar era justamente a típica Marie Sue.
Algumas passagens engraçadas, mas mesmo assim, o livro não me prendeu. Quando cheguei mais ou menos na página 350 (fui guerreira!!!), o livro engrenou e pegou um ritmo cadenciado digno de uma noite de amor excelente.
Agora sim... depois de deixar bem claras minhas reações iniciais, posso falar da história em si... Lisa, Ashling e Clodagh são três mulheres totalmente diferentes. A primeira, uma executiva de uma revista feminina de sucesso que sempre foi uma mulher vencedora, se depara com um "rebaixamento" em sua carreira, sendo enviada para um país horroroso em sua opinião. E ela, uma mulher durona e muito difícil de lidar. O que mais me incomodou nela, foi a futilidade e algumas atitudes extremamente maldosas. Ela me lembrou muito Miranda Priestley de "O diabo veste prada". A segunda personagem, de quem eu gostei muito, foi Ashling que tinha acabado de perder o emprego e estava arriscando tudo num emprego novo. Prestativa, meiga, mas muito submissa. E a terceira, Clodagh, essa definitivamente eu detestei. Ela era a única que tinha tudo para estar feliz e no entanto, era a mais rancorosa. Ela era uma pessoa horrível! Como alguém pode dizer para uma criança de 3 anos que seu personagem preferido na TV morreu atropelado por um caminhão? E essa, foi das mais leves...
O destino das três se cruza graças a Ashling que é contratada para ser o braço direito de Lisa e é melhor amiga de Clodagh desde sempre. As três se encontram em um show de humor e o que eu pensei que seria um bom gancho para que as histórias deslanchassem, ficou por aí mesmo. Cada uma continuou seguindo seu rumo. E o livro permaneceu num mar de água tão parada que o mosquito da dengue conseguiria se reproduzir por várias gerações seguidas...
Em um determinado momento, as três sofrem um colapso nervoso e cada uma delas enfrenta seus demônios de uma maneira diferente. E é neste momento do colapso que cada uma das personagens tem sua revelação e conseguem dar a volta por cima (ou não!)
Meu trecho favorito:
"...será que se tornara alguma débil, alguma incapaz, alguma perdedora? Mas não se sentia fraca. Só porque não desejava mais fazer algumas coisas, isso não significava que houvesse se tornado uma fraca, apenas tinha se tornado uma pessoa diferente."
Lisa amadurece e ela mesma se sente uma pessoa melhor. Acredita piamente que tudo que aconteceu com ela, apesar dela lamentar, foi merecido e aceita. Recebe uma recompensa surpresa da vida, que não vou contar, senão acaba a graça da leitura não é?
Ashling também amadurece. O problema dela não era ser uma pessoa melhor. Isso ela sempre foi. Mas ela consegue superar seus medos e inseguranças e também é premiada com uma grande conquista.
Já Clodagh... Bem... ela teve o final que mereceu (também, eu não queria dizer, mas vou ter que comentar... com um nome desses, parecendo "cloaca" não podia sair boa coisa não é mesmo?) :-D
E eu? Bem... depois de toda a história, fiquei muito tentada a experimentar Sushi...
Recomendo a leitura se você tiver paciência para a grande zona parada inicial. O final consegue ser doce e surpreendente na medida certa.
Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 560