blckviih 13/02/2024
Vida ou só sobrevivência?
A maior parte do livro consiste em uma troca de cartas entre Makar Aleksêievitch e Varvara Aleksêievna, ambos vivem uma vida sem emoções, sem muitos porquês, apenas trabalham para conseguirem se manter vivos; Makar se sujeitando a viver em condições muito ruins e em um lugar completamente apertado e Varvara vivendo de encosto no apartamento de frente.
O início da história é, realmente, meio chatinho, onde nós vemos a introdução dos personagens e um pouco sobre suas vidas. A história de Varvara é nos apresentada e caramba, que história de vida! O Fiódor Dostoiévski consegue fazer com que pareça que você está lendo um relato real, chegando a se comover por Varvara. Mais alguns personagens são apresentados, personagens que, particularmente, achei bem desenvolvidos e me identifiquei muito com um, o Piotr (cujo sobrenome não decorei).
De voltas às cartas e a realidade, as coisas vão começando a piorar mais a cada dia que se passa, onde Makar se vê afogado em despesas e dívidas, pois simplesmente quase não há mais dinheiro, o privando de coisas básicas da vida como roupas para o frio, por exemplo. Makar faz de tudo por Varvara, gastando todo seu dinheiro com ela, mesmo ela reprovando, o que o leva a ficar sem dinheiro muito rápido. Porém tudo começa a ruir, para ambos os lados, mas mesmo se afogando, ambos se ajudam. Até que algo inusitado acontece com Varvara e a faz mudar totalmente de vida, deixando Makar, quem a ajudou nos momentos mais difíceis e a presenteava com regalias que não dava nem para si próprio, sozinho, sem nada e nem ninguém, completamente sozinho!
Esse livro me fez refletir muito sobre questões sociais que, infelizmente vivemos até hj, como a exposição do pobre ao ridículo sempre serviu de entretenimento, somente porque a pessoa é pobre. Além de condições absurdamente horríveis de trabalho para ganhar uma mixaria no fim do mês, que mal dá para pagar um lugar confortável e aconchegante para dormir, Dostoiévski traz uma reflexão muito boa sobre o assunto, mostrando a realidade de muitas pessoas não só do império russo, mas também de várias ao redor da Europa na época do início do capitalismo como sistema...
Dostoiévski teria amado participar da revolução de 1917.
"E a pobreza sempre é importuna, os gemidos de fome atrapalham o sono!"