Julio.Argibay 13/08/2020
Começou divinamente.
A gente começa a perceber nesse primeiro livro do autor, os prelúdios de como o autor irá desenvolver a psique de seus personagens futuros. Nessa obra, os personagens não são ainda tão psicóticos e irascíveis, ainda há uma poesia, uma esperança no ar. Porém, já percebemos a claustrofobia das relações entre eles. Então, sigamos: Makar Alexeievitch mora numa pensão, nela em cada quarto vive uma pessoa ou uma família ( parece a Arca de Noé). O romance tem início com uma carta afetuosa dele para Barbara, contando onde ele mora. Em algum momento cita Teresa, que junto com um criado, cuida da pensão. Em resposta, Bárbara Alexeievna, demonstra sua preocupação com os gastos dele para com ela e solicita mais informações sobre a pensão em que ele está vivendo. Mais uma carta para Alexeieva. Nela ele parece um pouco melancólico, mas em alguns momentos feliz e fala um pouco do trabalho dele. Ela responde se desculpando por se fazer irônica na última carta, demonstrando respeito ao amigo. Por sua vez, ele se preocupa com a saúde dela e conta mais sobre os hábitos dos vizinhos dele: jogos de azar, pobreza, relações pessoais, etc. Ela conta que encontrou sua prima Sacha. São notícias ruins da jovem e ela, também, falou sobre Ana Fedorovna, aparentemente, viveram juntas no passado (confirmado), mas foi uma experiência ruim. Ela cita também Fédora, acho que vive com ela (mora sim). Ele comenta sobre a língua ferina de Fédora e novamente se mostra preocupado com a saúde dela e que quando ela melhorar eles se encontrarão em outro lugar. Ela tem tédio e insônia e a sua saúde está debilitada. Ela conta como foi sua infância feliz em Tula, no interior, e depois sua mudança para São Petersburgo, período sombrio num colégio onde vivia e, também, comenta ainda sobre as dificuldades dos pais com as dívidas. A saúde da mãe era precária e o pai com um gênio difícil morreu repentinamente, então a mãe teve que vender todos os bens, inclusive a casa. Foi nesse tempo que apareceu a prima Fedorovna. Ela ofereceu moraria as duas desesperadas. Ela morava com sua filha Sacha e um jovem inquilino. As duas passaram foram humilhadas pela senhora . Ela e Sacha recebiam aulas do inquilino em troca das refeições dele. O jovem é protegido de um senhor chamado Buikov (peça fundamental nessa estória). O jovem é filho do velho Pokrvsky, que se entregou a bebida e era mal cuidado pela sua segunda esposa. O velho adorava o filho. O visitava duas vezes por semana, mas este devido ao estado do pai, preferia a sua ausência. Algum tempo depois a mãe de Alexeievna fica doente e a jovem divide as noites de vigília com Petinka, o inquilino. Neste período um sentimento já começa a nascer entre os dois. Daí a pouco tempo o jovem fez aniversário e foram os dias mais felizes da menina. Mas, esse período passou e o jovem ficou muito doente, até que o pior aconteceu, deixando a jovem em prantos e com a perspectiva de que as coisas piorassem. (Voltamos ao presente, agora). Nas correspondências a jovem informa a Makar, como foi bom o encontro do dia anterior, entre eles, mesmo ela demonstrando um pouco de melancolia. Ele responde a ela se culpando por não escrever tão bem como ela e falando sobre o trabalho dele, de como os colegas o tratam e como ele pode ser resiliente sendo um copista e não um escritor. Ela pede para ele não mandar mais presentes, por sua condição não permitir. Diz que Fedorovna pede para ela voltar para casa, mas ela prefere esquecer essa gente e continuar morando com Fédora e sob os cuidados dele. Ele escreve mais uma carta contando uma estória triste. Ela devolve um livro, contendo críticas do mesmo. Makar escreve uma longa carta falando sobre seu amigo Ratazaiev, que é um escritor que ele admira muito e vai a seu quarto, onde bebem e de vez em quando ele promove alguns recitais e lê para seus amigos. Em resposta ela pede que ele lhe dê um conselho sobre uma proposta de emprego como governanta de uns proprietários rurais. Fala que está fraca e sente que morrerá logo. Ele pede que ela não aceite a proposta de emprego, devido a distância e o fato dela não conhecer os futuros patrões. Ela informa que vai aceitar o emprego. Não quer depender nem dele nem de Fédora. Ele escreve informando o quanto a ausência dela fará ele sofrer e sobre o romance que ela o emprestou, O inspetor. A jovem responde, preocupada com os gastos dele com ela. Fala sobre assistir uma peça. Ele conta sobre uma atriz que ele se apaixonou e que gastou todo o seu dinheiro de um mês e acabou contraindo dívidas. Ele faz comentários negativos sobre o livro que ela o emprestou. Ela escreve demonstrando toda a sua preocupação com relação a ele, pois soube de suas faltas ao trabalho e sua bebedeira. Ele agradece os cinco rublos emprestado e se desculpa com ela e acrescenta que já está tudo resolvido, só os mexericos o incomodam. Ele a responder dizendo que fez tudo por ciúmes dela, pois ele soube que um senhor foi a casa dela e a cortejou. Ela não entendeu ficou confusa e pediu que ele fosse a casa dela jantar. Ele diz a ela que os mexericos foram alastrados pelo amigo Ratazaiev e que ele pretende usar esses boatos como base para uma sátira. Ela pede pra ele não se aborrecer e informa que está trabalhando bastante. Ele diz a ela que vai pedir um empréstimo devido a sua situação financeira difícil e que um colega de trabalho, Emilia, está o ajudando. Ela escreve informando que recebeu uma visita de um senhor, conhecido de Alexeiena, que a assedia, portanto ela precisa sair da casa e precisa de dinheiro e solicita que ele tome emprestado e a ajude. Ele conta como vai conseguir, caso obtenha o empréstimo e tenta deixa-la tranquila. Em outra carta ela tenta incentivar ele, afinal a situação não é tão desesperadora assim. Em seguida ele pede para ele se acalmar e relata que na última visita ele estava tão contrariado. Ele escreve contando como foi sua a visita a Markov, o agiota, deveras humilhante e infrutífera. Agora, ele descreve como está sendo humilhado pelos colegas de trabalho, com zombarias e o chamando de Dom Juan e, também, sua ama discute com ele aos berros. Ele conta que está desesperado. Ela informar que vai enviar dinheiro para ele, que ela se queimou trabalhando e Fédora está doente. Sua situação é desoladora. Ela escreve desapontada com ele que caiu na bebida de novo. Ela escreve que todos os vizinhos apontam para ela e se ele não se consertar ele vai perdê-la e empresta mais dinheiro a ele e pede para ele ir visitá-la. Ele escreve que se sente melhor e lhe conta como ela eh importante para ele e relata tudo que aconteceu no evento citado. Alexeievna escreve dizendo que está doente e pressentindo a morte, também, recordou de sua bela infância no interior. Ele a escreve uma carta longa, contando os dissabores da vida: a pobreza de uma criança pedinte na rua e a situação difícil de seu amigo Gorchkov, que vai a sua casa e pede dinheiro. Ele escreve e conta que cometeu um erro imbecil no trabalho e foi chamado a falar com o ministro. Na reunião acontece mais um incidente que o deixa transtornado, mas diante de todos esses fatos o homem tem pena dele e dá cem rublos a ele. Então ele divide esse valor com ela e seus credores. Ela agradece, mas devolve parte do dinheiro e comenta que tá muito cansada. Ele escreve muito feliz com todos os que o cercam: a ama, os amigos, etc. Ele etá empolgado. A jovem escreve contando que o velho Buikov a procurou de novo e esse fato a deixou contrariada. Ele conta a ela que seu amigo Gorchkov morreu, depois de tirar um cochilo. Ele informa que arranjou mais um trabalho de copista. Ela conta que Buikov voltou a sua casa e a propôs em casamento e vai o restituir 500 rublos para as despesas que Makar teve com ela. Ela está decidida a aceitar e acabar com tanto sofrimento moral e financeiro. Ele responde dizendo que ficou espantado e fez alguns questionamentos. Ela escreve solicitando alguns favores a ele relativo ao seu casamento. E continua na lida atendendo as solicitações dela. Ela informa que o noivo está irascível, reclamando das despesas. Ele conta que está doente e o ambiente de trabalho está ruim. Ele pretende se mudar para a casa de Fédora e pergunta como eles se corresponderão depois do casamento. Ela escreve se despedindo dele e diz como está infeliz com esta separação entre eles. Então, ele escreve a última carta. A mais desesperada e ardente, acho que estamos realmente no clímax dessa relação estranha e desse amor platônico. Daí finalizamos essa estória. Penso eu que para um romance de estreia esse Dostoievsky é incrível e genial. Agora, vamos Hemingway.