Resenhas - O Encontro Marcado

analuisatl 11/10/2022

Meu melhor amigo do ano - O encontro marcado
Para mim, o que resume o livro é a palavra QUEDA. Escorregar e cair, esse é o destino de Eduardo. A história traz a personagem principal junto de dois amigos, Mauro e Hugo, e ela se desenvolve a partir da vida dos três amigos.
A princípio, o narrador nos conta da infância de Eduardo e a sua evolução (ou regressão) durante os anos de sua vida, fazendo-nos criar uma certa compaixão por ele. A partir disso, junto com o decorrer da história, vamos tomando conta das experiências dos amigos e de suas angústias: as preocupações com a vida adulta, as desilusões do amor e do trabalho. Uma coisa interessante é estar morando em Belo Horizonte, durante a leitura desse livro, e poder imaginar algumas cenas aqui hoje :)
Com uma postura quase inteiramente niilista, percebi que eu também me sentia desiludida, junto com e por causa de Eduardo, de um modo que a leitura me fez sentir identificação e ódio, ao mesmo tempo, por ele. Também percebi que, ao levar uma vida completamente boêmia e sem amor, o protagonista sempre se afundava mais em um abismo existencial, ficando ainda mais agudas as suas crises... Pesado!
Esse livro me acompanhou por váaarios dias, estando em todos os lugares comigo, e sempre me surpreendendo! Me deixou perceber mais claramente as minhas quedas e os meus valores. O encontro marcado, com certeza, me mudou!
Recomendo MUITO!!

Geovanna 08/10/2022

O Encontro Marcado | Fernando Sabino
De fato, um encontro.
Com si, com o outro, com a vida.

Fernando Sabino, em sua genialidade e sabedoria, escreveu a obra mais intensa e imprescindível que já encontrei nesses 20 anos de vida.

Ubiratan 22/09/2022

Livro ansioso
"Pela primeira vez pensou na morte como solução. Um dia ia abrir a boca na sua roda costumeira no bar da cidade, para dizer alguma coisa, viu que não tinha nada a dizer, não chegou a abrir a boca. Vasculhou-se interiormente, não encontrou nada; nem uma ideia, um pensamento aproveitável. Estava vazio, literalmente vazio, nada interessava, nada tinha importância".

Esse trecho é o sintoma do que aflige o Marciano, protagonista desta história: um certo tédio pela vida, uma apatia de viver, um vazio interno. Mas se engana quem pensou que Eduardo passa a história inteira em cima duma cama: essa apatia geral é levada à base de muita farra, muito chope, muita noite virada, muito bar, muito tudo. Sim, o sujeito está insensível à vida, mas na farra. E o ritmo que impõe a tudo isso é o da ansiedade: nada é vivivo com atenção, paciência, tudo é sofreguidão.

O jeito com que se conta a história inclusive reforça a falta de importância que o mundo tem para o Eduardo: amigos e colegas entram e saem na narrativa sem muita cerimônia ou explicação, nenhum personagem merece descrição, todo cenário é só rapidamente insinuado, as situações se sucedem de forma encavalada, umas por cima das outras, alguns diálogos são cruzados e superpostos numa técnica estranha que faz você ler dois ao mesmo tempo, gerando de fato uma ansiedade, uma sensação de que nada daquilo importa, e de que a vida só valeria a pena de ser vivida na velocidade 2x, como um áudio acelerado de Whatsapp.

Isto aqui, no entanto, me parece descrever não só como Eduardo vive, mas como a maioria de nós adultos tocamos o barco:
"O tempo já não tinha importância: não se contava senão em anos, para que se pudesse ver a curva dos dias com mais perspectiva, já convertidos em experiência..." .

Deus me livre de viver os dias como minutos, os meses como semanas, os meses como os anos, mas é exatamente essa lógica de vida que a gente aceita quando começa a dizer o bordão "...e vida que segue" pra todo impasse. Porque não, não é vida que segue, é vida que pare. Estamos correndo demais. E em direção ao túmulo. Eu quero viver. Coisa que esse Eduardo não parece ter feito.

Mary Maia 11/09/2022

Feliz por mudar de opinião
Até a página 76 eu ainda não estava disponível para vivenciar mais uma linda história de Sabino. Esse livro entrou "forçado" na minha lista e acabei antecipando a leitura ao invés de deixar fluir como de costume. É preciso que nós estejamos afinados e com o coração disponível para receber o que a obra tem a oferecer. Ainda bem que eu não abandonei a leitura e que eu passei a me apaixonar pela vida do Eduardo Marciano e do seu olhar sobre o mundo.
Como é bom mudar de opinião.

Miria80 26/06/2022

Insatisfação interior
Eu já tinha tentado ler esse livro em 2015 mas não consegui, acabei abandonando. Esses dias fiquei pensando nele e decidi que deveria tentar novamente e consegui. O mesmo já me aconteceu com "Feliz ano velho" e outros livros, acredito que cada livro tenha seu momento certo de ser lido e quando não flui não adianta forçar... foi uma leitura demorada, pois tenho tido pouco tempo e ainda tinha as coisas da faculdade para fazer, então li durante dois meses e meio, mas eu gosto de ler assim, curtindo bem cada parágrafo. É um livro cheio de diálogos e conta a história de Eduardo Marciano, desde sua infância, percorrendo diversas fases de sua vida. Não é uma história dinâmica, é um tanto parada. No meu ponto de vista, Eduardo é um sujeito atormentado e complicado que vive num eterno estado de insatisfação e acredito que o autor soube retratar muito bem esse estado de depressão do personagem, de forma que eu parecia conseguir sentir seus sentimentos de desespero e tristeza, quando assim ele se sentia. Gostei bastante da leitura! Para mim serviu de lição que toda incapacidade de Eduardo de estar satisfeito só lhe trouxe aborrecimentos e confusão! Fernando Sabino escrevia muito bem e talvez esse livro tenha um pouco de seu interior!

Mari 25/06/2022

Livro promovido ao Top 3! Nunca li algo parecido! Aquela escrita brasileira que só o autor brasileiro tem mesmo, não tem jeito. Um dos livros com mais ritmo que eu já encontrei, parecia que tocava uma música dentro da minha cabeça! O cúmulo do poético e um poço de sinestesia, sem palavras. Agora que já terminei de babar, a história;
É um desenvolvimento de personagem, um dos mais humanizados que você poderia imaginar, e o personagem em questão é um menino com uma personalidade que era por si só, personalidade de um poeta que nunca vai deixar de ser. Desde criança, Eduardo era intenso, louco de amor pelas coisas e pessoas, entregue aos sentimentos, aquela coisa toda, perigosa, de poeta. Todas as experiências e o crescimento minucioso dele é contado na primeira parte do livro, e o Sabino conseguiu transpor os sentimentos, e botar em palavras de uma forma que você lê e fica; esse sou eu! Eu já me senti assim! Ou no mínimo um ?como eu poderia ter sido?.
O livro todo é uma espécie de tentativa de resposta a ?onde foi parar aquele clube de poesia que prometemos criar quando éramos crianças?? e um balde de água fria nas expectativas e idealizações da vida real. Uma conversa de bar, de escritores loucos, completamente boêmios e perdidos, fissurados em Nietzsche, Dostoiévski, Olavo Bilac, Froid, Neruda, Shakespeare e Fernando Pessoa. Aqueles livros que invertem os papéis e passam a ler você. E ver o processo de desilusão do personagem é de doer o coração, porque Eduardo é todo mundo. Incrível.
Procurando, aleatoriamente, algo que marquei, encontrei:
- ?Camões morreu na miséria.?
- ?Porque não lhe deram um emprego na prefeitura de Lisboa.?

Peixoto.Melo 20/06/2022

Encontro marcado.
Essa leitura foi certamente um desafio. Por um lado temos a escrita maravilhosa de Fernando Sabino, meu herói, por outro temos um personagem tão insuportável que continuar lendo se torna uma verdadeira provação. Eduardo é um cara de quem eu passaria longe. Chato, egoísta, extremamente auto-centrado. Nada o assusta mais do que seu próprio destino, o qual sempre busca, sem sucesso, controlar. Atormentado, torturado, esse homem que nunca teve uma dificuldade na vida passa da infância à fase adulta se ocupando de descobrir o motivo da sua existência, nunca chegando a uma solução.
O final, devo confessar, deixou muito a desejar. Mas foi de acordo com o curso que o livro vinha seguindo.

Alinesmne 02/06/2022

"Sua razão de viver era essa, ? não morrer."
A gente fica íntimo de Eduardo Marciano por conta da escrita fabulosa do Fernando Sabino. Mesmo não sendo em primeira pessoa o leitor consegue saber o a personagem pensa, como se estivesse dentro da cabeça dele. As frases curtas muito usadas na primeira metade do livro mostram a rapidez de pensamento da criança e do adolescente Eduardo, e o adulto miserável e desapaixonado da vida também fica evidente nas frases soltas mas não sem sentido. É uma leitura muito gostosa apesar de densa.

Priscili0 11/05/2022

Sorte mesmo é ter com quem puxar angústia...
Cuidado, você vai se apaixonar! O autor te transporta para um mudinho de onde você não vai mais querer sair. O mundo de Eduardo e seus amigos.

Personagens complexos, levemente caóticos, vivendo todo os dramas possíveis de uma vida adulta onde todos os sonhos morrem ao tocar a superfície da realidade, onde moram as aungústias e incertezas da vida. Prepare-se para se envolver, rir, chorar.

Acima de tudo esse livro exalta a amizade e reverencia a beleza que mora naquilo que é tão comum quanto o cotidiano. No fim você vai perceber que se tiver sorte mesmo nessa vida vai poder contar com alguns poucos bons amigos com quem você pode puxar angústia.

Não é a primeira vez que leio o livro e tenho um carinho muito especial por ele ter feito parte das minhas leituras iniciais lá na minha adolescencia.

Tenha uma ótima leitura.

Renata1004 30/04/2022

Super indico!
Um dos meus livros favoritos da vida! Quero muito reler já com mais maturidade, pois li há mais de 10 anos ?

Marcos Toledo 09/04/2022

Gostei muito!
Gostei muito do livro, sou apaixonado por romances de formação, e esse aqui é um brilhante!

Primeiro, muito bom ler um livro que se passa na cidade que você mora. Você consegue ir imaginando a cidade de plano de fundo, e isso é bem legal.

Segundo, gostei muito da forma como Sabino escreve. Eu me senti a real na pele do Eduardo. Achei brilhante a forma como da para sentir o quanto o pensamento do Eduardo é rápido, o quanto ele é inquieto pela leitura.

Achei muito um livro que marca bem uma geração. Da pra entender muito o quanto o contexto da época impactava direto na vida e na forma de pensar deles também.

Gostei muito de alguns personagens. No emaranhado de amigos dele, acabei mesclando alguns rsrs depois percebia que eram personagens diferentes. As vezes eu tinha a sensação de ?? problemas de esquerdomacho? hahaha, mas aí afastava o pensamento e continuava a ler.

Gostei principalmente da parte de criança e adulta. E é bem interessante ver como tudo que ele viveu impactava muito na forma dele agir, e nem ele percebia.

Amei a metáfora do título.

Sobre o final, ainda estou me decidindo.

Mas assim, livro excelente!

Filino 28/03/2022

A saga de Eduardo Marciano
O leitor acompanha a história de um personagem singular: Eduardo Marciano é um (quase) romancista, envolto em problemas dos mais teóricos (existência de Deus e questões literárias) aos mais terrenos, como a manutenção do próprio casamento. As amizades dos tempos de Belo Horizonte, a mudança para o Rio, as paixões, angústias e vícios de um personagem construído de maneira interessantíssima por Fernando Sabino tornam essa leitura bastante atraente.

Ao final, um apanhado das referências citadas no decorrer da história. Autores e obras são listados e explic(it)ados ao leitor, que entrevê as preferências literárias do próprio Sabino. Interessantíssimo!

Gabriela 12/03/2022

A vida simplesmente não faz sentido nenhum e a gente acha que tem algum sentido e fica buscando esse sentido até morrer e perceber que realmente estamos aqui de rolê. Mas vale a pena tentar as vezes.



(Bem legal o livro, te faz refletir e, apesar dos capítulos grandes que normalmente não me agradam, a leitura flui e te faz querer continuar até o fim -se é que aquilo pode ser chamado de fim)

Claudia 08/03/2022

A história é como uma biografia do personagem. Conta sua vida desde a infância até depois dos 40 anos.
~
Não posso dizer que a história é ruim por que tem boa temática. Mas as vezes é tão arrastada que me fez questionar o por que de ter começado a ler.