Marlo R. R. López 02/08/2021Recentemente peguei 'O Encontro Marcado' da minha estante e tentei relê-lo. Acabei achando o texto cansativo e datado (algo que eu já tinha sentido na primeira leitura, há muitos anos). O livro tem seus méritos, é bom, mas parece que a sua fama pesa mais do que suas qualidades literárias propriamente ditas. Sabino é um mestre da crônica e da contação de histórias breves, e seu estilo rápido crivado de diálogos caía como uma luva para as crônicas que escrevia. Para um romance, esse estilo é um suplício, o texto fica confuso, entediante e arrastado.
Aliás, esse é um problema comum aos escritores de crônica que se aventuram no romance: o estilo rápido vai junto, e no final das contas parece que você está lendo uma crônica que não acaba nunca.
Tem críticos importantes dizendo que 'O Encontro Marcado' foi o primeiro romance urbano brasileiro de autoficção. Mas Erico Verissimo já escrevia esse gênero há muito mais tempo, e escrevia para a geração futura, também, como Sabino. Sabino não foi o primeiro. E Verissimo fazia melhor, justiça seja feita.
'O Encontro Marcado' é um livro que canalizou os "anseios e as ansiedades" de uma geração pós-guerra perdida no mundo do trabalho e das relações sociais, que descobriu aos trancos e barrancos que a felicidade não é mais um projeto coletivo, mas pessoal, e que ninguém foi ensinado a ser feliz. Cada um descobre na marra. Dá até para dizer que Eduardo Marciano encarna uma espécie de Holden Caufiled adulto.