spoiler visualizarRoberta 07/07/2011
Decepcionante
Comprei esse livro com a boa vontade de quem gosta de romances, conhece outras obras do Nicholas Sparks, viu o filme e achou que o livro prometia mais depois de ler resenhas bastante positivas.
Ledo engano. Nunca me decepcionei tanto!
Muito já foi dito sobre os erros de português desta edição, e eles são realmente incômodos. A tradução em alguns momentos é muito simplista e literal, e você fica com a impressão de texto pobre que poderia ficar melhor com maior atenção dos tradutores/revisores.
Mas essa não foi a parte mais frustrante. (spoilers à partir daqui)
Acho que nunca havia detestado tanto uma mocinha de romance quanto detestei a Savannah. Ela é um monte de clichês que imploram para que você goste dela: caridosa, bem humorada, compreensiva, inteligente, segura, corpo perfeito, habilidosa, espirituosa e tem até pequenos "defeitos" e traumas que a tornam mais humana. Religiosa e conservadora, chega até a pedir para que rapazes na praia parem de dizer palavrões porque crianças estão por perto (o que para mim não é ser conservador, é ser chato, mas isso não vem ao caso agora). Já John é ex-rebelde com alguma causa, tem problemas de relacionamento com o pai e é mais fácil de se entender por seu estilo de vida mais real e por sempre reconhecer seus defeitos em relação aos outros, especialmente em comparação com o santificado Tim, amigo de Savannah.
O amor deles é (muito) rápido e instantâneo, e John volta pra sua base do exército (depois de duas semanas juntos) com promessas de casamento e eternidade, que são reforçadas por cartas frequentemente trocadas entre eles. As coisas iam bem até acontecer o 11 de Setembro e a doce e compreensiva Savannah se transformar num monstrinho de cobranças quando John se alista novamente por mais dois anos e é mandado para a guerra.
O relacionamento esfria de uma hora para a outra, apesar de ou autor tentar passar a ideia de que muito tempo correu, e Savannah começa a ficar intragável. O sujeito arriscando a vida por um país que também é o dela, lutando por um ideal e por um sentimento de justiça (americano, pelo menos), e ela do outro lado da linha, cobrando. Ele diz que vai voltar para casa em menos de um ano, ela diz que já ouviu aquilo antes - um tipo de cobrança infantil e irritante que faz parecer que ele está num resort de férias e sua viagem está tão bacana que ele quer ficar mais tempo por lá e por isso não pode voltar.
Então, no auge da crise do relacionamento e quando faltam míseros meses para que o tempo de serviço do John termine, Savannah manda uma carta terminando o relacionamento e informando que está com outro. A minha revolta começou a residir em uma questão: que amor infinito e eterno é esse que não aguenta esperar, que não pode esperar? Savannah optou pelo caminho mais fácil para ela e foi covarde, na minha opinião, porque desistiu de lutar pelo que queria já que esperar era muito difícil para ela. Depois de aguentar anos. Com uma desculpa tosca. Sem mais nem menos.
Depois disso começa uma sucessão de tragédias que tornam o enredo muito, muito dramático. O único relacionamento que salva é o de John com o pai (parte mais emocionante do livro) e como ele começa a entender as manias do pai e tenta compensar uma vida de negligência com sucesso. Mas achei que alguns eventos foram previsíveis, especialmente quando começa a se mencionar o valor das moedas da coleção, o cidadão local com câncer, Savannah casada...
Quando o casal principal volta a se encontrar, depois de anos, John lembra insistentemente ao leitor o quanto Savannah continua maravilhosa e quanto ele ainda a ama, mas agora existe a figura do marido. Mas isso não impede longos jantares e diálogos quase tensos com a indagação do "o que você está fazendo aqui" que nunca são respondidas diretamente, apesar de ambos saberem a resposta.(achei bem parecido com um momento quase idêntico no livro Diário de uma Paixão)
Achei extremamente revoltante Savannah se insinuando pro soldado alto, forte e bonitão que ainda é apaixonado por ela. A moça estava passando por um momento difícil e estava carente, mas isso não muda o fato de quem terminou tudo foi ELA e quem estava comprometida também era ela. (John ainda se culpa no prólogo, por motivos que acho difícil de entender, talvez por não dar a Savannah o que ela estava querendo)
John mostrou-se uma boa pessoa, você sente pena dele e deseja que ele se livre da Savannah. Mas é muito amor, então nada feito. E o final me deu vontade de jogar o livro pela janela.
Eu entendo quem gostou, o livro tem lições bonitas de amor ao próximo. Mas para mim algumas coisas ficaram tão ressaltadas que impediu que eu me divertisse com o resto. Não consegui evitar meu ódio pela personagem principal e isso só se agravou com o passar das páginas.
Vai demorar para eu ler um livro do Sparks de novo.