Jonathas Passos 31/03/2015
Crítica - Sandman Edição Definitica Vol. 1 - Neil Gaiman
Por Jonathas Passos
Olá LiterAgentes.
Hoje nós iremos conversar um pouco sobre essa grande obra chamada Sandman, do aclamado escritor Neil Gaiman.
"Vou revelar-te o que o medo num punhado de pó." - T. S. Eliot
Sabe, eu me considero um cara de muita sorte por ter tido a oportunidade de ler essa incrível história. Sempre ouvi falar sobre Neil Gaiman e sua obra prima, mas passou-se muito tempo até eu finalmente conseguir ler essa que foi uma das melhores histórias já contadas.
Por motivos de praticidade e melhor entendimento, vou fazer a crítica de Sandman por volumes de sua edição definitiva, que são cinco no total, mas que aqui no Brasil até agora só foram lançados, pela Vertigo e Panini Comics, apenas quatro volumes.
O Volume um da Edição Definitiva abrange as revistas The Sandman 1 até o The Sandman 20, além de extras e posfácio. Nele somos apresentados ao personagem principal dessa história, Sandman dos Perpétuos, que também é conhecido por diversos outros nomes, tais como, Morfeus; Devaneio; Sonho; Kai'Ckul e etc.
Tudo começa com um ritual de Magia Negra realizado por Roderick Burgess a pedido do professor Hathaway com o intuito de aprisionar a Morte, que depois descobrimos que é a irmã mais velha de Sandman, para que o filho do referido professor voltasse a vida. Contudo algo dá errado e quem acaba sendo aprisionado é Morfeu. Ele passa cerca de 70 anos preso e isso acarreta problemas inimagináveis tanto no plano real como no plano dos sonhos. Enquanto Burgess tenta descobrir e obter os poderes de Sandman, além da imortalidade, o mundo começa a sofrer de uma disfunção do sono. Muitas pessoas acabam, ou não, conseguindo dormir e enlouquecendo, ou vivendo uma vida de sono sem fim.
Quando foi preso Sandman possuia três objetos em seu poder que caracterizavam sua imensa força: um Elmo, uma Algibeira e uma Pedra do Sonho. Com o decorrer dos anos esses objetos acabaram saindo da mão de seu captor e indo parar em diversos outros lugares. Quando Sonho consegue fugir da sua prisão, ele se encontra fraco e abatido, por isso tem que ir em busca de seus objetos de poder.
A Algibeira encontra-se em poder de uma ex-namorada de John Constatine, personagem muito conhecido no universo DC Comics e Vertigo, não só pelas suas histórias em quadrinhos, mas também pelo filme estrelado por Keanu Reeves.
O Elmo acaba caindo nas mãos de um demônio no inferno. E esta é uma das melhores histórias já escritas. Queria muito dedicar uma crítica só para falar desse arco da história. A perfeição é o que traduz desde a incrível linha de diálogos, escritos por Neil Gaiman, entre Sandman e Lúcifer, até a batalha travada entre Sandman e o Demônio Chorozon:
Chorozon: Eu sou a anti-vida, sou a besta do julgamento, a escuridão no fim de tudo. O fim de universos, deuses, mundos… de tudo. E o que você é então, mestre dos sonhos?
Sonho: Eu sou a esperança.
Confesso que acabei por me arrepiar algumas vezes ao ler essa história.
A Pedra dos Sonhos acaba na mão do Dr. Destino que a utiliza para sua vingança contra todos os seres da terra. Sandman consegue derrotá-lo e acaba destruindo a pedra que por fim torna-se parte dele.
Quando Sandman encontra-se desiludido e cabisbaixo, Neil Gaiman aproveita a oportunidade para nos apresentar mais um dos Perpétuos, e dessa vez conhecemos a Morte. Que personagem incrível ela é. Mesmo sendo mais velha que Sonho, ela nos é apresentada na forma de uma jovem roqueira, feliz e brincalhona que "não leva a 'vida' tão a sério", mas que dá o maior valor à ela. A morte tornou-se tão importante na mitologia de Sandman que depois acabou ganhando suas próprias histórias. Mas isso é pauta de outra crítica. HAHAHAHAHA.
Depois de retomar seus objetos de poder Sandman tem que reestruturar o Sonhar, que é o seu reino, e os arcos seguintes são basicamente ele tentando fazer com que tudo volte ao normal. É interessante pois Gaiman começa a nos mostrar como funciona o Sonhar, que seres vivem ali, o que ocorreu no período em que Morfeus estava preso e o que será necessário ele fazer para organizar tudo de novo.
Também nos é revelado alguns FlashBacks da existência (não sei se seria razoável chamar de vida) de Sandman. Acabamos descobrindo que ele já se apaixonou por uma mortal que se chamava NADA e devido algumas decisões tomadas, ele acabou aprisionando-a no Inferno. Olhos mais atentos perceberam que no arco da retomada do seu Elmo ele passa por uma prisão no inferno e Nada fala com ele. Ligado a essa história , toma-se conhecimento também de mais dois Perpétuos, Desejo e Desespero, confesso que os achei desprezíveis. Eles que tramaram, de certa forma, o romance proibido entre Sandman e Nada.
Temos depois histórias sobre Sandman organizando e tornando o sonhar um lugar novamente ordenado, nesse contratempo Morfeu tem que acabar com novos Sandmen que surgiram enquanto ele estava preso, trazer de volta pesadelos e lugares do Sonhar, deter um vórtice, libertar uma antiga amante e mãe de seu filho. ;)
Um ponto interessante é o relacionamento que Sandman mantêm com os mortais, alguns pode se notar até certo toque de amizade e e uma de suas aventuras Morfeus acaba encontrando e fazendo um trato com um tal de Will Shakespeare, onde o segundo deve escrever duas peças relacionada a sonho para o primeiro.
A última história é novamente com a Morte e trata sobre a aceitação da vida. É bastante legal.
Por fim, digo a todos vocês que esse é uma história que não merece, mas deve ser lida por todos. Uma mistura de terror, poesia, mitologia, ocultismo, amor e etc, que deu uma obra de arte.
Os volumes da edição definitiva estão por mais de R$100,00 cada, mas eu não me arrependo do valor gasto, pois tudo que eu li merece destaque entre os melhores livros até mesmo daqueles que lerei no futuro. Sandman é uma obra atemporal que ficará para sempre na história, disso eu tenho certeza. Além de ser uma edição de capa dura, tendo cada volume de 600 a 700 páginas e artes incríveis.
Enfim, vale muito a pena.
É isso galera e até a próxima.
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