Douglas 01/09/2013
Sozinha no Mundo
[Eu tomei cuidado para não colocar nenhum Spoiler que estrague a sua leitura. Posso até revelar algum ou outro fato do livro, mas nada que comprometa sua leitura].
Caramba, que história!!
Uma grande história sobre a maldade humana.
Sozinha no mundo é um livro considerado por muitos críticos como um clássico.
Eu discordo.
É um livro excelente (como a maioria do Marcos Rey), mas não chega a ser um clássico.
Permitam-me explicar por que:
Vamos começar pelas partes ruins do livro:
Pimpa (A personagem principal) é uma menina de 13 anos que, de uma hora para outra, ficou sem ter ninguém no mundo, tendo que se virar sozinha. Sem pai, mãe ou alguém responsável.
Uma história boa, que poderia ser um clássico.
Acontece que, em várias passagens do livro, Pimpa conversa com sua onça de pelúcia, ou pior, a onça de pelúcia conversa com Pimpa.
Tudo bem, crianças conversam com seus ursos de pelúcia. Tem seus amigos imaginários, mas isso acontece com crianças de até 4.. 5 anos.
Crianças de 13 anos não conversam mais com ursos de pelúcia, pelo menos, eu acredito que não. Afinal de contas, Pimpa é uma personagem muita esperta, que soube se livrar de várias encrencas. E obviamente, não teria ingenuidade suficiente para conversar com urso de pelúcia. Ai existiu uma falha do Marcos Rey.
Ai você vai me dizer: ‘‘Mas será que ela não fez isso por estar sozinha no mundo?’’
Pode ser.
Mas confesso que isso infantilizou um pouco a história. Se este fato não existisse, a história não teria sido afetada, pelo contrário, traria mais veracidade ao livro.
Mesmo essa falha, não tira o brilho da história, pois as mensagens que este livro nos transmite são muito bacanas.
Permitam-me destacar algumas (Vamos às partes boas do livro):
A primeira mensagem é de como o mundo em que vivemos é diversificado. Como o mundo tem pessoas boas e ruins. Pessoas prestativas e pessoas exploradoras. Justamente por isso é que não podemos, jamais, dizer que o "o mundo está perdido". O mundo tem muita maldade, sim, mas tem muitas pessoas boas. Marcos Rey foi muito feliz em transmitir isso. Pimpa conviveu, durante a história, com pessoas extremamente boas e extremamente más. E essa mensagem do Marcos Rey foi bem interessante.
Outra mensagem interessante foi como os pais são importantes na criação de um filho. É só ler o livro para perceber como Pimpa sofreu por não ter nenhum adulto protegendo-a. E aí nos leva a outra reflexão. Será que você (pai ou mãe) está sabendo criar seu filho? Sim, porque muitas crianças são ‘‘órfãos de pais vivos’’, pais que priorizam tudo (trabalho, dinheiro, fama, diversão), menos os filhos. Eu conheço vários assim. E muitas dessas crianças estão como Pimpa: sozinhas, jogadas a mercê do mundo. Vejam o exemplo de Vivian e Marina, no livro. [Eu não vou me alongar aqui, para não transformar esta resenha em Spoiler, quando você ler, irá entender].
Marcos Rey foi muito feliz em levantar esta mensagem.
Temos também a crítica do Marcos Rey ao abandono de animais. Pois no livro, mesmo faminta, Pimpa divide seu sanduíche com um animal abandonado e diz que entende como ele se sente, pois está na mesma situação, faminta e abandonada. Mais uma bela mensagem para tentar criar consciência nos leitores sobre o abandono de animais.
Com toda certeza um livro ímpar.
Uma história muito bem construída, que leva o leitor a muitas reflexões.
Leitura recomendada.
Um abraço e meu respeito a todos.