Gisinha 18/04/2024
Visceral, sofrido e muito mais!
Gostaria de poder escrever uma super resenha, mas admito que serei muito pobre, porque qualquer coisa que eu diga ou pense estará muito aquém da obra visceral que é capitães da areia. É muito complicado fazer resenha de livros como esse, porque você não sabe realmente o que pensar, ou dizer, porque a narrativa vai falar com cada leitor de uma forma diferente. Capitães da areia falou de um jeito comigo, vai falar com outro leitor de outro jeito, ou seja, a obra é muito mais complexa do que se possa pensar, porque não estou falando apenas de meninos pobres, marginalizados por falta de oportunidades. Falo de pessoas, seres humanos que até sua morte carecerão do básico (não é ficção, é vida real, gente!).
Jorge Amado passou uma noite no trapiche a fim de escrever esse romance, no entanto, em uma única noite jamais será possível mensurar o sofrimento de ser sem teto, sem comida, sem afeto. Vejo crianças (apenas jeito de falar) reclamando que falta tudo pra elas, mas na convivência percebo que, comparado a essas do romance, e as muitas que, nesse exato momento em que escrevo essa resenha, estão nas ruas, essas "crianças" são apenas ingratos de barriga cheia, pois amor, teto e comida hoje fazem a diferença e são um luxo que não está a disposição de todos.