Resenhas - O Cortiço

jtreze 19/02/2024

Brutal e cru, como a escola literária a qual pertence pede que seja, ?O cortiço? é um retrato da formação do Brasil.
Situado no período colonial, somos transportados a um momento em que o determinismo espalhou suas raízes para além das ciências, influenciando a literatura.
Sendo base para a obra de Aluísio Azevedo, é o determinismo que guia o autor na criação de personagens estereotipadas, carentes de virtudes e construídas sobre uma visão abertamente racista.
O livro funciona como a fotografia de um movimento filosófico há muito rechaçado, mas possui um valor histórico grandioso, sendo com razão um dos grandes clássicos da literatura nacional.

Hellen257 18/02/2024

Mais de um século depois, e a história continua sendo a mesma. Obrigada luizinho, por retratar tão bem os fatos narrados e as questões sociais da época. ??



Ps: A pobi da Piedade e da Bertoleza. ?

Bruna3810 18/02/2024

A obra naturalista de Aluísio Azevedo, publicada em 1890, apresenta um recorte do povo brasileiro, mais especificamente a classe social mais carente de recursos, que na época, em sua maioria, habitavam cortiços, que se resumem em conjuntos de habitações simples, decadentes e precárias.

Fazendo jus às características da escola literária a que pertence, o livro explora o lado mais animalesco da sociedade, a representando como larvas que se proliferam em meio ao que é podre. Os intímos pecados humanos são instigados e desenvolvidos nos personagens, contribuindo para suas respectivas decadências ao longo da narrativa.

Aluísio precisou de apenas poucas frases ao apresentar os personagens, para já nos despertar empatia e afinidade a eles, tendo em vista que nos identificamos com as situações "brasileirísticas" abordadas.

Ótima leitura, de acontecimentos incontroláveis e imprevisíveis, que constantemente estimula nosso pensamento crítico acerca das decisões tomadas pelas "larvas de laboratório" manipuladas pelo escritor.

Bia Franzoi 18/02/2024

Bom
Ouvi o audiolivro e acabou não sendo uma experiência muito boa, pois, como cita muitas personagens, eu acabava me perdendo um pouco.

É bastante caótico, e, com certeza, essa era a proposta.

Mas chegou um momento em que eu nem ligava mais para as histórias individuais, já que muitas delas nem eram aprofundadas, e estava só seguindo para saber o desfecho da história de Romão e Bertoleza.

Gosto desse tipo de livro, talvez não tenha lido em um momento bom.

Bia Fontes 17/02/2024

Espelho do mundo
Se você procura um conto de fadas perfeito e um mundo ilusório, não recomendo esse livro.
Nessa obra, Azevedo traz um verdadeiro reflexo da sociedade e do mundo em si (principalmente do Brasil), onde meninas acabam por cair no mundo da prostituição, o trabalhador honesto pode se corromper em qualquer momento, a mulher traída é a que mais sofre e aquele que passa por cima dos outros e se utiliza de métodos sujos acaba chegando no topo sem merecer. Tudo isso por conta da influência do ambiente em que vivem e das suas vivências.

Marcelle.Paganini 16/02/2024

Um clássico que tem seu lugar
Aprendi muito e me diverti com esse livro. Também fiquei muito desconfortável. Uma salada de emoções para um livro só.

Fiquei também com a sensação de que gostaria de acompanhar mais. Mas ele acaba. Só acaba. Como quem para de falar e sai.

A descrição inicial, detalhada e caricata, dos personagens no início (que inclusive pode desencorajar alguns leitores a prosseguir) ajuda a acompanhar tantas histórias se entrelaçando.

Me lembrou as novelas dos anos 90. Muitas fofocas, encontros e desencontros de vizinhos e costumes da época. Muito colonialismo. Escravidão. A desvalorização da pessoa negra. A invisibilidade da pessoa não binária. Mulheres descartáveis, mulheres mercadorias, o surto daquele século em busca de casamento.

Muita sensualidade selvagem e crua. Violências animalescas. E um povo que apesar de não ter muito, era alegre em sua rotina em busca do simples viver.

Tudo sutil, superficial para os dias de hoje, mas provavelmente chocantes para a época que foi escrito.

Felipe1503 14/02/2024

Retrato do Brasil
"O cortiço" é uma oportunidade de ver um retrato do Brasil que infelizmente em alguns aspectos continuam atuais

Emanuelle.Roza 14/02/2024

Sobre "o cortiço"
Esse livro me fez criar outros olhos para a literatura brasileira, precisava me conectar com um livro nacional e esse desempenhou muito bem esse papel
ao longo do livro são várias perspectivas desenvolvidas, dos personagens, mas cada uma com seu peso e relevância
Aluísio traz nesse livro a concepção de naturalismo e realismo, também trata do "método" de Descartes, o método científico para comprovar algum fenômeno, e esse livro é a primeira tentativa de transformar o romance como um fenômeno a ser investigado como um fenômeno do método científico
simplesmente uma das melhores obras que já li!

Larissa.Brito 13/02/2024

Haja estômago
É um bom livro, porém, naturalista que é, possui traços animalescos, cruéis e nojentos. O desenrolar da história prende o leitor e, incrivelmente, o autor consegue desenvolver varios focos narrativos.

Nathalia 13/02/2024

Pra qualquer um que fale "ai porque nos tempos de antigamente..." eu mostraria esse livro pra mostrar que sempre foi essa pataquada
Então…

entrei em crise.

porque achei isso aqui muito bom kkkkk.

Eu tinha lido esse livro pela primeira vez a uns 10 anos atrás e acho que não deixei nenhum registro escrito sobre ele. Então não faço ideia do que eu achei dá primeira vez que eu li. Acho inclusive que eu não havia achado nada porque era muito nova e meio burra (pra não dizer completamente burra, sem cultura, apenas repetindo diretamente a opinião de meu professor de literatura - salve joão luiz).

A questão é que: eu não faço ideia do que eu pensei na hora que peguei o livro, mas a medida que fui lendo ia pensando o quanto aquilo era bom e como que a Globo não tinha nenhuma novela ou outra obra sobre ele. E daí que eu sei exatamente porque ninguém o faz. É um livro racista para 🤬 #$%!& . E ai começam meus dilemas morais.

Eu me senti tentando defender o livro, mas não tinha como defender. Entenda: tudo o que o Aluísio Azevedo coloca como depreciativo e associa à brasilidade ou à negritude, eu acabava vendo como pontos positivos.

Ai, porque a Rita toma três banhos por dia e a Piedade só se lava aos fins de semana. MEU QUERIDO ISSO AQUI É RIO DE JANEIRO.

Ai, porque eles só querem saber de sambar e trabalhar que é bom nada. E VAI ME DIZER QUE CÊ GOSTA DE TRABALHAR?

Ai, porque são todos lascivos… ai gente sinceramente… isso já vendia bem em 1890, isso vende bem hoje… não tem a ver com onde você nasce, tem a ver com a necessidade que cada um sente de esconder.

Isso são todas teorias racistas que o Aluísio Azevedo quer provar? Sim. Adorar o livro significa que eu concordo com tudo isso? Não. Até porque o que ele tenta provar baseado em pseudociência, a gente sabe que se justifica pelo capitalismo e no racismo da sociedade escravocrata.

Firmo e Bertoleza (aliás que jogada da antofágica botar o Firmo na capa, vibes moonlight), são os personagens menos explorados e que acabam mortos porque são negros? Sim. Mas isso prova o ponto contrário ao que o Aluísio Azevedo quer provar também, não é? A Bertoleza podia muito bem ser um exemplo da Mammy de e o vento levou, mas ela tem agência, não tem? Ela diz ”seja decente fique comigo até minha morte, não vou voltar a ser quitandeira”(ou eu estou vendo demais?). Mesmo ao se matar, ao invés de voltar ao cativeiro, isso é agência também. E o comentário sobre o João Romão ser aceito ao Clube Abolicionista no mesmo dia, olha eu realmente fiquei assim “essa crítica ai é pra quem agora?”

O Firmo menos, realmente acho que ele está bem a segundo plano, mas cara, ele é exatamente o estereótipo do malandro que iria virar sinônimo do Rio de Janeiro uns 30 anos mais tarde. Todas as cenas dele me fizeram ficar com lenço no pescoço do wilson batista e baiano capoeira que eu não lembro de quem é, duas músicas sobre a figura do malandro no samba que eu estudei na minha aula de música popular brasileira, e assim, a gente sabe que no início os malandros foram discriminados, mas hoje a gente entende eles como parte da nossa identidade. E acho que esse é o maior ponto que eu tenho a fazer

Eu sei que o Aluísio Azevedo tá apontando muitas coisas como se fossem desvios sérios de caráter, mas a realidade é que: 150 anos depois, os problemas sérios mesmo tão nas mãos dos capitalistas mesmo né? Miranda e Romão. De resto tudo passional ou briga de torcida, que também continuamos na mesma 150 anos depois, ai não posso fazer nada mesmo.

Sei lá, possa ser que daqui a algum tempo eu volte aqui depois de ter refletido um tanto mais e resolva interditar a resenha por discordar de tudo o que falei e me julgar tangencialmente racista, deus me livre. Mas é isso. Ou não, pra ser sincera a minha cabeça continua bem confusa depois de ter gostado desse livro.

Eu realmente acho que uma novela feita hoje em dia iria explorar esses personagens renegados e dar profundidade que eles merecem e ia ser um grande sucesso porque a história tem um ar de fofoca que até hoje agrada ao brasileiro e que foi exatamente o que me agradou tanto nesse livro. De preferência alguém com útero para escrever porque a descrição do Aluísio de Azevedo pra primeira menstruação da Pombinha foi algo que me fez rir alto.

Bruna.AzevAdo 12/02/2024

Literatura brasileira
Esse é um livro que era pra eu ter lido no meu ensino médio, mas eu enrolei que só?.
O livro estava parado na minha prateleira e então decidi dar uma chance?.

O livro é bem interessante, mostra como o ser humana vai de acordo com os seus instintos de acordo com o seu ambiente.
A história é boa, te prende e você tem que ter um dicionário do lado, para tentar entender um pouco todo o contexto, tem bastante palavras difíceis, mas é bom.
Muitas pessoas me falaram que é um livro muito bom para vestibulares essas coisas, então fica essa dica para vocês que pretendem estudar sobre!

rafar 12/02/2024

A decadência
Um clássico da literatura brasileira, com valor incontestável dentro do realismo-naturalismo. Estereótipos, vícios , patolologias, comparações animalescas e uma mistura de cientificismo, determinismo e "animalismo" definem a história, repleta de temas que vão da desonestidade e avareza à exclusão social, discriminação sexual, prostituição, adultério e violência -todos trabalhados de forma direta, crua. Não há quem se salve, todos, de uma forma ou de outra, terminam depravados e decadentes, em uma cadeia que a obra considera natural.

Apesar de ter um desenvolvimento repugnante, é de se admirar a perspicácia do autor ao estabelecer e manter vários focos narrativos, que não são apenas em função de um personagem, mas acerca do conjuto humano -o cortiço é tão personagem quanto os indivíduos da histórias.

"Paraíso de vermes, brejo de lodo quente e fumegante, donde brota a vida brutalmente, como de uma podridão."

Uma visão nojenta, absurda, parcial, animalesca, sórdida e problemática da vida, esses naturalistas.

Eloá 11/02/2024

Apenas indignada
Indignação é uma boa palavra para explicar minha reação com esse livro.
O ser humano é representado em seu estado mais nojento e repugnante possível. Tive que parar diversas vezes por conta de surtos que eu tive, o livro todo é uma junção de adultério, mentiras e enganação.

VilmaPCBrum 10/02/2024

Pobre gente
Essa leitura me trouxe muitas emoções, indignações e risos. Muitas palavras tive que procurar no dicionário, mas isso não foi ruim. Para a época esse livro deve ter causado muito espanto. Queria que o Miranda tivesse se dado mal!

Charly.nunes 09/02/2024

Que livro fantástico, um dos melhores contos sobre divisão de classe. Toda a estrutura e narrativa construida com base nas classe sociais e como elas se portam, foram minuciosamente bem feitas. João Romão um personagem característico do burguês, que mesmo que começou não tento nada, mesmo que viu a mazela na sua frente, só se ergueu na base da exploração, da falcatrua, para no fim largar daqueles que o fez cresce e substituí-los por pessoas de classe alta, para fazer parte da elite. Pombinha que era a única que tinhamos esperança se sucumbiu, monstrando de pobre/poletrariado vive em um ciclo incessante que poucos saem de tal situação, e se saem não é por merito próprio e sim advindo de exploração. A glamurização dos mais ricos que na verdade são tão baixos como os pobres, que cometem tanta atrocidade quanto os pobres, mas mesmo assim são visto como melhores simplesmente por serem de classe alta. As fugas sexuais e a falta de esperança na vida dos pobres por já estarem esgotados de sobre viver todos os dias, a mistura de cultura e sexualidade e a padronização de vida dos ricos fazendo contraponto. Todo o livro foi realmente muito bem feito, uma joia da literatura brasileira msm. Há muito oque ser dito de tal livro, e pouco doque reclamar, uma pena que a literatura brasileira seja tão pouco reverenciada como as estrangeiras, pois tal livro merecia