celle 17/01/2021
Superou minhas expectativas!
Seria eu capaz de fazer uma resenha deste livro que é tão Brasil quanto o próprio Brasil?!
O cortiço é um romance naturalista escrito por Aluísio Azevedo. Mais um clássico brasileiro, que merece esse título e poderia até se equiparar a romances machadianos (em minha humilde opinião).
O cortiço, no livro, é um organismo vivo, a personagem principal, pelo qual a história toda se passa e se resume. Os moradores desta estalagem, são secundários, são como animais, poderíamos dizer. E vale ressaltar: existem muitas críticas!
João Romão é a personificação do capitalismo predador; ele: o fundador e construtor do cortiço, que cobiça a fortuna do Miranda e faz de inferno a vida de Bertoleza. Vemos também o desenrolar do sensual e adúltero romance entre o português Jeromo, que se encanta com a dança e o movimento da brasileira Rita Baiana. A partir daí, surgem críticas contra a exploração popular e a violência, como também muito determinismo e realismo.
Não espere terminá-lo pulando de felicidades. Ao invés disso, você fica baqueado mesmo. O que acontece com Pombinha, a moça inteligente e destacada, é desanimador (o meio social, de fato, determinou a sina da personagem); e tudo que parece ter começado a erguer uma faísca de final feliz, apagou-se. É uma obra para refletir, para estudar e para imaginar o Brasil e os brasileiros. Superou minhas expectativas e eu amei viver essa estória.
Ressalva: realmente será uma leitura chata e impossível de entender se você não estiver habituado à escrita clássica brasileira. É assim. Então não recomendo para quem não tiver passado por um Machado da vida, ou qualquer um destes.