Natália 20/10/2013
Texto que escrevi depois de algumas reflexões lendo esse livro
Uma noite de insônia, com pensamentos perturbados, indignada. É como se tivesse acordado e visto a realidade que nos cerca, as coisas horríveis que acontecem a nossa volta, as injustiças, o poder nas mãos de pessoas erradas, a falta de humanidade, de amor, de solidariedade.
O dia das crianças foi há uma semana... E só hoje parei para pensar em como muitas vezes comemoramos as coisas de forma errada. Penso nas crianças que estão nas ruas morrendo de fome, completamente na miséria, sem família, sem proteção, sem esperanças. Crianças já mortas interiormente, crianças que mal iniciaram sua vida e já perderam as expectativas de todo o resto. Crianças que poderiam se tornar adultos brilhantes, pessoas maravilhosas.
Vemos também mendigos pelas ruas, pessoas completamente perdidas, julgamos mas não pensamos na vida daquela pessoa, no que foi e no que é, por quais motivos estão ali, quais suas histórias. Muitas vezes verdadeiros sábios, mas que não encontraram caminhos para suas vidas e acabaram perdidos em seu próprio eu.
Calamos-nos diante de fatos assim, tratamos as coisas com indiferença, sem compaixão. Vemos uma sociedade doentia, que muitas vezes não se preocupa com o futuro da nossa humanidade. Uma sociedade egoísta que perdeu toda sua sensibilidade, que não mais se sente horrorizada com a quantidade de crianças que morrem de fome em todo o mundo, com as notícias que veem nos jornais. O egoísmo, a falta de humanidade que adquirimos com esse sistema social que faz com que cada vez perdemos mais a nossa sensibilidade. Como podemos nos sentir orgulhosos de alcançar altos níveis na sociedade, enquanto não nos sensibilizamos e não ajudamos os mais necessitados?
No mesmo momento em que os jornais falam da fome na Etiópia, crianças em pele e osso, sem expressão facial e em profundo estado de melancolia, em pouco já exaltam milionários excêntricos. Perdem o futuro da nação em nome do egoísmo. O impacto causado pelas imagens grotescas noticiadas pela TV, à medida que nós, telespectadores a assistimos diariamente, passamos a nos conformar, e aos poucos a sensibilidade morre dentro de nós, ficamos anestesiados.
Governantes, aqueles que possuem o maior poder de gerar mudanças, dormem tranquilos mesmo tendo consciência das misérias em sua nação, a qual é responsável.
Todos detestam os fatos, mas suas emoções não reagem. Cultivamos o luxo, sem nos preocupar com os que morrem na miséria. Estamos tão artificiais ligados a tanta tecnologia, que nos esquecemos da nossa humanidade.
Perdemos nossos valores. Tornamos-nos doentes. Filhos do Sistema!
Augusto Cury nesse livro, assim como em outros livros dele em que li, faz com que pensemos em nossa vida, nossos valores, questionarmos nossa posição na sociedade e despertar a vontade de renascer. De ser um "anormal" perante aqueles que se consideram normais, a dar maior importância às pequenas coisas da vida.
Falcão me fez pensar em como muitas vezes colocamos nossos preconceitos a frente de tudo, em como somos egoístas e nos tornamos apenas platéia ao invés de subir nos palcos de nossa existência, um mendigo muito sábio e que vê a vida de uma forma maravilhosa.
Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também
Eu as vejo florescer para mim e você
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso
Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas
O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso
As cores do arco-íris, tão bonitas no céu
Estão também nos rostos das pessoas que se vão
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "como você vai?"
Eles realmente dizem: "eu te amo!"