Rodrigo 01/02/2021Eu queria começar dizendo que essa trilogia é incrível e entrou nos meus livros favoritos.
Dito isso, queria dizer que nada me emocionou tanto nesse livro quanto os agradecimentos da Jemisin. Acredito que depois de ter lido esse livro todo que fala tanto sobre o relacionamento de pais e filhos e ler sobre a Jemisin falar sobre sua mãe, tudo começou a fazer sentido sabe? E eu acredito que o final de Essun foi ainda mais significativo depois disso e me fez amar ainda mais esse livro.
A relação de Essun-Nassun é uma coisa tão próxima da realidade sabe? Nossos pais podem cometer erros na criação que nos marcam para o resto da vida e eles nem imaginam, os filhos podem dizer e fazer coisas que machucam os pais e os filhos também podem não perceber coisas que seus pais sacrificam apenas para fazê-los felizes. Acredito que família é uma coisa tão complexa e o livro mostrou isso, até mesmo quando a Nassun vê o Schaffa como parte da sua família, coisa que me faz lembrar de RuPaul falando "nós, os LGBT+, temos a possibilidade de escolhermos nossa própria família" pois como uma minoria que muitas vezes sofrem preconceito e agressões dentro de casa, vemos outras pessoas como nossa família. E Nassun que é orogene, uma raça extremamente marginalizada e discriminada neste livro, não tem essa aceitação do pai e a mãe não demonstrou nenhum sinal de amor em sua criação. Por isso, Nassun vê o Schaffa como a família que ela "nunca" teve. Além de sempre ter as marcas na pele e na memória das coisas que sua mãe fez com ela.
Eu sou apaixonado pela relação das duas, porque percebo o quanto somos falhos não só como filhos mas como pais tamgem, mas, diferente de Nassun e Essun, não podemos deixar para tentar corrigir essas falhas tarde demais.
Além disso, a Jemisin tem um talento incrível para desenvolver personagens, no final do livro me senti completamente satisfeito pela história. Eu consigo ver que todos seus personagens tiveram um papel e contaram sua história de certa forma e que eles foram importantes para a trama. A narração é muito bem feita e justificada no final. A inserção de representatividade de raça e de LGBT+ é de forma tão natural, não é nada forçada, e isso me deixa tão feliz como fã de ficção científica pois é tão raro ler um livro assim nesse gênero que é majoritariamente com protagonismo homem, hétero e branco.
É notório o quanto a Jemisin se doou para esse livro, o quanto cada coisa foi pensada e como foi tudo tão bem trabalhado. Fico muito feliz pelos prêmios do Hugo tão merecidos e por ter finalmente ter tido a oportunidade de apreciar essa obra.