Pedro Avellar 27/03/2022Lua e Terra!Dos três livros, esse foi o que menos me empolgou e o que menos gostei. Mas, não entendam mal, o livro é realmente muito bom.
A história é uma continuação direta do volme anterior, Portão do Obelisco. Neste ponto, já se passaram 2 anos, aproximadamente, desde o início da narrativa. E, com isso, diversas mudanças são bastante visíveis.
Primeiro, é o estado mental, psicológico e físico de todos os humanos. O segundo ponto, pode-se dizer que é a própria Terra que, após a abertura da fenda, transformou-se, bem como seus habitantes, com a finalidade de se adaptar e sobreviver à atual Estação.
Falando um pouco sobre a trilogia:
Quinta Estação entrega tudo que Essun é, ou era, dando uma profundidade enorme a personagem e, assim, sendo possível entender o que a tornou quem é. Entendemos melhor o desespero de encontrar sua filha e os traumas que carrega, além da perda de Uche.
Em Portão do Obelisco, acompanhamos Essun, residindo em Castrima e ainda se sentindo deslocada, enquanto tenta aprender com Alabaster sobre o poder dos obeliscos, a magia que corre dentro de cada ser. Por outro lado, acompanhamos Nassun também, desde o momento em que encontra seu pai, Jija, sobre o corpo de Uche, morto. Nessas passagens, faz-se uma cronologia de quando os dois estavam na estrada e para onde foram, além dos motivos de irem às Antárticas.
Por fim, em Céu de Pedra, acompanhamos Essun e Nassun, ambas em busca da ativação do Portão, ainda que por motivos distintos, mas buscando ferrenhamente alcançar seus objetivos.
Gostei demais da trilogia como um todo, mas alguns pontos me incomodaram: em sua maioria foram as perspectivas de Nassun. Apesar de ser bastante importante para a modelagem da personagem, toda a birra que seguiu do segundo para o terceiro livro, me cansaram. Eu compreendo que a falta de empatia e carinho da mãe, bem como o ódio infundado do pai, a modelaram de modo a depender apenas de si mesma, além de não confiar em mais ninguém (além de Schaffa). E essa busca por vingança e aniquilação, me parece um exagero por tudo que a personagem tinha, enfrentou e se tornou.
Por fim, o final achei um pouco simples demais. Após o embate de vontades entre mãe e filha, onde a mãe se sacrifica, cede controle do Portão à filha, para que esta possa viver, Nassun muda de ideia bruscamente, após ver que Essun rastejava, enquanto virava pedra, chorando pela vida da filha e sorrindo por ter podido salvá-la no fim, muda completamente os planos que tinha, de acabar com tudo, para realizar o desejo de sua mãe.
Achei extremamente brusca essa mudança de pensamento e vontade de uma personagem que vinha mantendo, durante todo o terceiro livro, uma vingança e raiva imutáveis, pensando somente em acabar com o mundo como conhecido e tentar salvar Schaffa no final.