spoiler visualizarRafa 01/01/2024
O planeta dos homens também é o dos macacos
Não sei se essa era a intenção do autor, Pierre Boulle, mas "O planeta dos macacos" é, sem dúvidas, uma paródia de nós mesmos, mesmo agora, 60 anos depois. Também serve como crítica ao declínio da humanidade que se perde de si mesma por preguiça, por arrogância e por subestimar outras formas de vida.
Linguagem fluida, ágil, atualizada, brinca com os conhecimentos científicos da época e também cria suas próprias teorias. O livro nos envolve e nos prende no mistério de descobrir por que, neste planeta recém visitado no sistema Betelgeuse, os macacos são os seres dominantes e os humanos não passam de animais irracionais.
É claro que o livro conta com algumas inverossimilhanças. Com o objetivo sempre claro de contrastar os homens com os macacos, escapa do autor que seria impossível humanos perfeitos que vivem na selva andando nus e comendo carne crua sem que seus pés e mãos sejam grossos e calejados, sem que seus corpos sejam cobertos de pelo ou bronzeados, sem que seus dentes sejam podres... E também que seres como os macacos que tem seus corpos naturalmente cobertos de pelos, não os tenham perdido com a evolução e uso de roupas e que os usos de carros e aviões não tenham tirado deles a capacidade de escalar cordas, paredes e outros... Enfim. Acabam sendo apenas detalhes.
Quanto à relação entre macho x fêmea que sempre é polêmica, no posfácio da edição de luxo da Aleph, Braulio Tavares já comenta, não sendo necessário que eu repita aqui.
O grande mistério que fica é: o sistema Betelgeuse nada mais era que o próprio sistema solar envelhecido após milhares de anos e os viajantes espaciais apenas cruzaram o tempo nas duas ocasiões ou, de fato, são dois sistemas solares com o desenvolvimento de vidas idênticas que tiveram o mesmo destino? O final do livro não é igual ao filme de 1968, sendo o filme de 2001 mais fiel com relação à conclusão.
Recomendo muito a leitura!