Arthur 06/05/2021
O amor e a palavra são revolucionários
Escrevo essa resenha em meio a dois momentos muito marcantes: a maior pandemia em anos e no dia em que uma operação policial no Rio de Janeiro terminou com a morte de 25 pessoas. Menciono isso pois, diante da possibilidade iminente de morte seguimos, muitos, com o discurso enviesado das elites que sempre ditaram os rumos do país, em detrimento da própria vida, e na repercussão do acontecido no Rio de Janeiro vemos a naturalização da morte como meio de dominação, de novo, discurso partindo de muitos que podem muito bem ser os próximos alvos dessa necropolítica.
"Pedagogia do oprimido" é uma obra que vai acalentar justamente esses que sonham com uma sociedade mais justa e mais esclarecida de sua realidade. É sobre como, em um processo dialógico, como diz Freire, podemos compreender juntos as diversas realidades que nos oprimem e os discursos que nos dividem e manipulam. E assim, na primeira pessoa do plural, porque esse processo não deve ser imposto, nem entregue, mas sim construído entre educador e educando, entre líderes e massa, entre interlocutores. De forma cúmplice e amorosa.
Esse livro mudou a minha vida quando o li na graduação. Fiz essa releitura que muito me tocou novamente e, provavelmente, o revisitarei tantas outras vezes. Não me sinto muito capaz e digno de comentar muito mais sobre o livro, apenas a incentivar a quem se interessar pelo pensamento freiriano que o leia, ainda que não seja um profissional da educação. E leia com a disposição de fazer as reflexões propostas explícita e implícitamente. É sobre amor, é sobre gente e é sobre mundo.