Sobre a Morte e o Morrer

Sobre a Morte e o Morrer Elisabeth Kübler-Ross




Resenhas - Sobre a Morte e o Morrer


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Eduardo.Breziniski 30/10/2020

Essencial
Leitura obrigatória para se entender a dinâmica do processo de assimilação da morte e suas complicações. Perfeito!
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Esther 27/10/2020

Ponto de partida na tanatologia
Kübler-Ross é uma leitura obrigatória para qualquer um que tenha interesse pela tanatologia. Psiquiatra sueca, escreveu este livro em 1969, um dos primeiros sobre o assunto. Relata as experiências observadas em seu seminário com paciente moribundos. Apresenta-se então a temática central do livro: as experiências frente ao morrer, do ponto de vista do paciente, dos familiares e da equipe de saúde. A partir disso, podemos levantar algumas questões: O que são os pacientes moribundos a quem ela se refere? O livro se trata sobre a morte ou sobre o luto? São estes temas equivalentes?

Conforme verbete em dicionário, moribundo é um adjetivo que se refere a:
1. que ou o que está morrendo, que ou o que agoniza.
2. que desaparece, que fenece.
Ou seja, o livro trata pacientes à beira da morte. Não simplesmente doentes terminais ou em cuidados paliativos. Afinal, estes podem permanecer anos em cuidados antes de se encontrarem de frente com o “barqueiro”. Estamos falando de pessoas que se encontram sem esperança de saírem dessa situação, de prolongar seus anos de vida e enfrentam a inexorável chegada da morte. Começamos o livro com essa informação e com pontuações sobre com a morte é vista e tratada em algumas sociedades.

Kübler-Ross descreve estágios que observou nos moribundos e em seus familiares. Foram descritos cinco deles: NEGAÇÃO, RAIVA, BARGANHA, DEPRESSÃO e ACEITAÇÃO. Ora, se falamos de estágios antes da morte, é compreensível estendermos estes ao luto e, por muitos anos, este ciclo (Kübler-Ross Grief Cicle) foi usado como modelo de ensino. Porém, muitos estudiosos contemporâneos, a exemplo de John Bowlby e Marilia Pereira Franco, questionam esses estágios e consideram que se tratam de estágios diante da morte, mas não do luto. A própria autora relatou, antes de morrer, ter se arrependido de escrever o livro de uma maneira que depreende que os estágios são cíclicos e ordenados. Algumas pessoas podem não passar por determinadas fases ou fazê-las em ordem diferente da retratada no livro. Isso é retratado principalmente por David Kessler em seu livro “Finding Meaning” em que ele sugere um sexto estágio envolvendo a busca do significado da vida e da morte.

Ao tratar de cada estágio, a autora cita formas de ajudar aqueles que transitam estas fases, porém o faz de forma subentendida e não muito clara. No capitulo 3, iniciamos com o estágio de negação e isolamento. Muito desta fase surge como forma de defesa temporária e é pior quanto menos foi conversado, em vida, sobre a morte. Ocorre se houve falta de preparo do paciente em imaginar sua finitude. Sugere que seja falado sobre o morrer até mesmo antes da confirmação da terminalidade. Desta forma, é possível abordar o paciente em um momento em que ele esteja aberto a ouvir sobre a morte. E aqui novamente encontramos o cerne de muitos livros de tanatologia: quem vive bem, morre melhor.

“Antes de mais nada, tentamos descobrir as necessidades dele, tentamos nos certificar de suas forças, de suas fraquezas, procuramos comunicações abertas ou sutis para avaliar se um paciente quer encarar a realidade em determinado momento.”
Pagina 51, §3

No capítulo 4 progredimos a fase da raiva que advém dos planos e sonhos interrompidos, além da perda de poder e da autonomia, já que o paciente deve-se submeter-se à rotina do hospital. Esta fase é mais difícil para outros, que não o doente, como relata a autora neste trecho:

“Contrastando com estágio de negação, é muito difícil, do ponto de vista da família e do pessoal hospitalar, lidar com estágio da raiva. Deve-se ao fato esta raiva se propagar em todas as direções e projetar-se no ambiente, sem razão plausível. (...) As visitas dos familiares são recebidas com pouco entusiasmo e sem expectativa, transformando-se em encontro. A reação dos parentes é de choro e pesar, culpa ou humilhação; ou, então, evitam visitas futuras, aumentando no paciente a mágoa e a raiva.”
Página 56, §2

No capítulo 5, é discutida a barganha. Uma forma de tentar conseguir, pela obediência ou negociação, mais tempo ou a cura da doença. “Se eu tomar o remédio direito vou viver mais”. Frequentemente a barganha é endereçada a Deus, sendo este um ponto crítico para a fé do paciente religioso.

Quando a barganha mostra sinais que não funcionará, é comum evoluir para a fase de depressão, tratada no capítulo 6. O paciente começa a enfrentar, em algum nível, as perdas mencionadas anteriormente e outras que as acompanham. Estou falando da perda do emprego, do cônjuge e mesmo do aumento de encargos financeiros advindos da doença. A autora separa ainda em depressão preparatória inicial e uma reativa, mais tardia, quando as perdas começam a se instalar.

"Seu alheamento ou estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar a um sentimento de grande perda."
Pagina 91, §2

"Quando a depressão é um instrumento na preparação da perda iminente de todos os objetos amados, para facilitar o estado de aceitação, o encorajamento e a confiança não tem razão de ser. O paciente não deveria ser encorajado a olhar o lado risonho das coisas, o existo significaria que ele não deveria contemplar sua morte iminente. Dizer-lhe para não ficar triste seria contraproducente, pois todos nós ficamos profundamente tristes quando perdemos um ser amado. O paciente está prestes a perder tudo e todos a quem ama."
Página 96, §3

Achei interessante quando Kübler-Ross pontua sobre a discrepância entre o sentimento do paciente e a relutância dos familiares. É possível observar neste trecho, a transição entre a depressão e aceitação, último estágio, trabalhado no capítulo 7. Quando o moribundo se sente preparado para entregar a vida. É importante nesta fase, respeitar a dignidade do paciente e observar principalmente as mensagens não verbais.

"As entrevistas revelaram tendência para se desapegar desta vida. Ficava triste por se ver forçado a lutar pela vida, quando estava pronto a se preparar para a morte. Esta discrepância entre o desejo e a disposição do paciente e a expectativa de quantos os cercam é que causa neles maior pesar e maior perturbação."
Página 94, §3

"Como distinguir essa "entrega" do estágio de aceitação, quando geralmente nosso desejo de prolongar a vida contrata com desejo dele de descansar e morrer em paz?"
Página 119, §3

Após retratar os estágios, a autora ainda trabalha a esperança observada com estes pacientes, tanto em relação à medicina e aos médicos, quanto em relação a religiosidade. Discute também os conflitos mais observados, principalmente em relação aos familiares, o que é bem descrito no capitulo 9. Temos aqui toda a mudança da dinâmica familiar, as frustações e as culpas, além da desesperança frente a perda. Por fim, ela ainda separa um capítulo só para a descrição das entrevistas e sobre a reação da equipe hospitalar ao seminário.

Como avaliação geral, o livro é excelente sendo um bom ponto de partida para quem começará a desbravar esse assunto. Porém, é importante levar em consideração a época em que o livro foi escrito. Sendo um dos pioneiros, alguns conceitos têm sofrido revisões e modificações, e muito da vivência hospitalar retratada no livro já se modificou, a meu ver, para melhor. Recomendo muitíssimo a leitura.

"Assim, quando chegarmos ao fim de nossos dias tendo trabalhado, sofrido, nos doado e nos divertido, voltaremos ao estágio por onde começamos, e se fecha o ciclo da vida. "
Página 124, §3

"Acho que o milagre é isso: Estou pronto, e agora não tenho mais medo."
Página 145, §1

"A morte pertence a vida, como pertence o nascimento. O caminhar tanto está em levantar o pé como em pousá-lo no chão."
Tagore - Pássaros errantes
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