Ly 11/04/2013
Blog | Literatura: Um Mundo Para Poucos | Laryssa
Bem, tenho que admitir que Dexter: A Mão Esquerda de Deus é um livro fascinante. Porém, existe um problema com livros fascinantes. Eles possuem muitas "gafes".
Vocês já assistiram a série de Tv "Dexter", onde o personagem principal é um serial killer? Bem, ela é baseada nesse livro. E eu já aviso a vocês que essa resenha não é uma comparação e sim, a opinião de quem nunca assistiu a um único episódio.
Bem, vamos começar com o meu blábláblá.
Bem, já aviso que é um livro lento. Acredito que ele seja assim porque não é constituído por muitos diálogos ou descrições, porém sim por pensamentos e teorias do personagem principal. O que leva o livro a ser, na verdade, Conflitante, pois você tenta entender a forma de pensar tanto do autor como do personagem e considerando-se que quem narra é Dexter, as coisas ficam mais interessantes, digamos assim.
A linguagem que o autor utiliza quando escreve é um tanto tortuosa. Não consegui definir se era irônica, sarcástica, maliciosa ou o que quer que fosse em momento algum. Por quê? Porque, de acordo com ele, Dexter não é "humano". Não posso explicar essa afirmação, pois seria spoiler. O que posso dizer é que durante o livro, conforme Jeff solta argumentos para manter isso como foco principal da personalidade de Dexter, nós percebemos que ele na verdade, está tentando nos convencer do contrario.
Eu simplesmente acho que quando alguém diz que não tem coração, não tem sentimentos e não se importa com os outros, ela esta justamente provando justamente o contrario. Um exemplo: Uma pessoa desumana, não vai se importar com o que os outros dizem certo? Bem, Dexter se importa. Ele tem um ídolo. E é essa pessoa, que o ensinou a ser quem é. Cuidadoso. Limpo. Direito.
Leram essas três palavras? Secas, sem continuação. É assim que grande parte da narrativa do livro segue. Sempre com frases diretas, sem enrolação, a não ser que seja esse o objetivo do autor, enquanto o personagem principal estiver em um momento de reflexão ou quando ele estiver "no banco de trás". O que diabos eu quero dizer com isso? Leia o livro :D
Eu havia dito no inicio da resenha que o livro é fascinante. Bem, considerando-se que o personagem principal é um assassino em série, eu nem preciso dar uma explicação muito extensa. O autor conseguiu expressar de maneira inteligente e pratica os pensamentos calculistas e racionais de Dexter, dando uma natureza suave ao livro. Sim, eu sei. Um livro sobre um assassino que é suave. Porém, ao contrario do que parece, eu não estou mentindo. É a realidade. O autor foi um verdadeiro gênio. Daqui a pouco comentarei sua grande gafe, mas, ele fez com que o livro fosse tão satisfatório, com um final nada comum e previsível, que tudo que eu considerei errado até aquele momento foi perdoável.
Tenho certeza que estou soando como uma louca. Porém não sei o que fazer sobre isso. Jeff usou de mil artimanhas para fazer com que qualquer leitor enlouquecesse tentando desvendar o mistério desse livro. Ele usou coisas como sonhos sobrenaturais, amnésia, deslocamento de corpo, sonambulismo e por ai vai. Teve bons argumentos para tudo, de uma força tão perfeita, tão inteligente, que eu fico quase sem folego só de escrever isso.
Quanto aos outros personagens, sinto dizer que tive uma grande decepção. Cada um tem uma personalidade bem marcada, mas fora Harry (pai adotivo de Dexter), nenhuma foi bem trabalhada. E cá entre nós, de que adianta você deixar claro que um personagem é simpático e alegre e não demonstrar isso? Os coadjuvantes não são ruins, não interpretem errado. Porém, comparados a Dexter, pareceu que o autor só os escreveu para ter quem mencionar. Nada mais. E isso fez com que ele caísse um ponto em meu conceito.
Quanto ao enredo, bem. Acho que já disse tudo. Inteligente, bem armado, porém... Ah, meu odiado porém...
O autor cometeu um erro. Em uma parte do livro, Dexter acredita que esta fazendo algo, e Jeff da todas as razões para que acreditemos nisso. Entretanto, quem esta prestando bastante atenção ao livro, vai notar que uma cena (a do caminhão frigorifico, o elevado e o carro de Dexter, quem ainda não leu o livro, marque bem essa cena) é ignorada. Para a hipótese que ele levanta, se você considerar os acontecimentos desse paragrafo, vai notar que eles desbancam totalmente a teoria dele.
Agora, quem leu o livro deve estar dizendo: "Ah, mas depois ele faz com que Dexter pense nisso, blábláblá". Só que: Ele sempre descreveu Dexter como alguém com a inteligência acima da média, uma pessoa que mesmo quando comete erros, não os comete (confuso, porém verdade), e alguém que jamais deixaria isso passar. Claro, Jeff faz com ele analise essa cena e tudo mais, veja como suas teorias estão sendo ridículas, por mais que ele não as abandone. Porém, em minha opinião, pareceu que ele só reparou no erro tarde e não quis reescrever. Sim, estou sendo cruel e especulando. Porém essa é minha natureza.
Sobre o que faltou falar? Se bem me lembro, encontrei um único erro na conjugação de um verbo, e ele foi bem perdoável. Se bem que talvez seja eu me acostumando com erros (Valeu honey! SQN).
As letras do livro são de um tamanho confortável a qualquer um, e a editora usou daquele método onde os diálogos não são postos sempre em novos parágrafos, mas às vezes postos em travessões no meio deles. E existem falas de dois personagens na mesma linha também. É preciso reconhecer o meio de cada um falar para não se perder.
Quanto à capa, posso dizer que não a achei bonita, porém conveniente e diferente sim. O livro não tem nada de especial, a textura é comum, as orelhas também, folha de rosto, as informações logo depois... Tudo comum.
Só mais uma coisa. Quem não tem paciência não deve ler esse livro. Vai acabar olhando o fim. E adivinhem? Por mais que eu estivesse com uma vontade insana de olhar, eu consegui me segurar *-* Talvez os ansioso de plantão como eu também consigam, porém o livro perderá toda a graça se vocês souberem como termina. O ponto mais Fascinante, como eu havia dito, é o jogo mental de Dexter, que é desbancado logo nas páginas finais.