Victória de Castro 08/04/2023
"Entrevista com o vampiro", que já foi transformada em filme, conhecemos a história de Louis, um vampiro que decide contar sua história, desde sua transformação, para um jovem jornalista. Através de seus profundos relatos, conhecemos algumas vampiros que passaram pela sua vida, como Lestat, Claudia e Armand, e como cada um influenciou sua vida e a forma como como lidou com o valor da vida humana e vampírica.
Acredito que uma grande maioria das pessoas com mais de 20 anos, já ouviu falar ou assistiu ao filme que adaptou o livro, com atores como Tom Cruise e Brad Pitt. Eu nunca tinha tido a chance de ler o livro, mas aqui estou com a minha opinião sobre ele. Uma coisa que me chamou a atenção, positivamente, é que ele não se tornou um monólogo chato, como imaginei que seria. Muitas vezes, ao fazer o livro ser uma narração do personagem, a história acaba ficando muito superficial, mas aqui isso não acontece, pois Louis está contando a história e acompanhamos acontecimento e diálogos, através da fala de outros personagens também.
O original desse livro foi lançado décadas atrás, e trouxe o perfil de como um vampiro "raiz" deveria ser. Lendo essa história agora, é possível ver isso, e ainda se sentir atraído, porque não é um tipo de vampiro e sociedade vampírica que vemos nos livros mais modernos. A história é interessante e profunda, mas se o leitor procura grandes emoções e momentos épicos/dramáticos, não vai encontrar aqui. A história prende, trás questionamentos e personagens complexos, mas a história consegue manter seu clima linear do começo ao fim.
Eu acho bem legal, como a autora procura nos apresentar à reflexões e pensamentos, sem deixar tudo escrito palavra por palavra. De forma sensível e delicada, ela vai apresentar emoções, atitudes e momentos, que fazem o leitor refletir e tirar suas próprias conclusões, se ele se propor a analisar um pouco. Louis é um personagem dramático (às vezes até demais), pois ele sofre pela vida e humanidade que perdeu, e não sabe lidar com sua vida de vampiro.
Já Lestat (vilão? Anti-heroi? Dificil dizer...) traz o outro lado da moeda, como alguém que assume tudo aquilo que vem com a ideia de ser vampiro, mas ainda questionando se é tudo real ou a forma como ele lida com a transformação. Diversos outros personagens e relações surgem, entrelaçando os ideais de cada um e questionando/mudando o que sabemos sobre eles.