Bruna.Garilli 10/01/2023
um livro bom, mas na minha perspectiva, confuso
O mangá se inicia com Kabi abandonando a faculdade após o primeiro semestre. Desesperada a procura de um lugar para pertencer e ser aceita, ela entra em busca por trabalho de meio período. Nesse processo desenvolve depressão e distúrbios alimentares que prejudicam a sua saúde física e mental. Seguimos então os próximos anos de sua vida, suas mudanças de emprego, seu relacionamento com seus pais, consigo mesma e sua própria sexualidade. Um tema central da história é a solidão e o sentimento de pertencimento. Kabi não se sente confortável em casa porque sabe que não correspondeu às expectativas de seus pais. Logo após, ela conseguiu perceber que vivia uma luta entre "quem eu era" e "quem eu estava tentando ser para agradar meus pais". Ser esse tipo de pessoa despreocupada é cansativo e só agrava a deterioração de sua saúde. No entanto, agradá-los provou ser uma tarefa impossível.
Em certos momentos da história, quando ela se estabiliza encontrando um emprego e planejando o futuro, descobrimos que, em vez de lhe dar o mínimo de apoio emocional, seus pais estão minimizando suas realizações e esforços. Fazendo com que a personagem principal em um processo pesado de depressão veja mais vantagens em se imaginar morta, mostrando além disso, as dores do crescimento. Ao ler um livro sobre distúrbios psicológicos em crianças ela consegue entender mais da sua relação com sua mãe e sua própria necessidade de acolhimento. Levando em seguida à jornada de descoberta da sexualidade da escritora.
A história de Kabi, apesar de seu conteúdo dramático, é contada com naturalidade. Às vezes, podemos esquecer que estamos lendo sobre tópicos tão sérios quanto automutilação e distúrbios alimentares. Grande parte da leveza do mangá se deve à arte dos escritores, sendo o mangá produzido em um estilo simples com uma paleta monocromática de rosa. As cenas de sexo não são explícitas, mas são apresentadas de forma caricatural, com expressões faciais exageradas, não de forma erótica ou mesmo fetichista, mas como uma forma de conexão com o outro que transcende o próprio ato sexual. Sua experiência é semelhante à de muitas pessoas LGBTQIAP+ que devem suprimir seus "eus autênticos" para buscar a aceitação dos pais. A culpa por não corresponder ao que se esperava dela profissionalmente e na vida adulta também tem algo em comum com os jovens (LGBTQIA+ ou não) que buscam se encontrar e prosperar em um ambiente profissional e econômico cada vez mais complicado e desafiador.