Gleicy | @gleicymonjardim
27/02/2021Não gostei de Crime e Castigo Ao finalizar a leitura de Crime e Castigo e observar a nota de 4.6 de 5.0 para este livro, bem como as resenhas super elogiosas e enaltecidas, percebo que deve ter algo
de errado comigo, sinceramente...rsrs, pois pra mim a história simplesmente não funcionou como também me fez ter TOTAL ranço do protagonista.
Vi várias pessoas comentando que em outra edição, como da Editara 34 a leitura tende a ser menos densa, já que o livro foi traduzido diretamente do russo.
Não sei não, pra mim, eu acho que não faz diferença, pois o livro poderia ter menos de 300 páginas fácil, acho que talvez eu até ficaria mais satisfeita em perder menos do meu tempo
com a leitura do livro e odiasse ele menos.
Vou dizer porque pra mim não funcionou:
A leitura é chata, cansativa, as pessoas ficam se tratando muitas vezes no diminutivo, isso me irritou muito. Raskólnikov ao meu ver é um psicopata, comete um crime sobre um pretexto
de ser uma pessoa extraordinária, mas acho que no fundo ele só é um narcisista mesmo. Classifica as pessoas em categorias como:
Extraordinárias: aquelas que possuem o "dom" ou o "poder" de decidir sobre os demais
Comuns: as pessoas normais
Piolhos: pessoas que as extraordinárias podem matar para livrar a sociedade de um grande mal.
O livro trata de crime psicológico. Raskólnikov É um ex-estudante de direito, muito introvertido, e mora sozinho na que era capital da Rússia no século 19 em
São Petersburgo. O pai morreu, a mãe e a irmã ficaram na cidade natal dele. Ao chegar na capital para estudar ele encontra muita: pobreza, miséria e solidão.
O protagonista escreve um artigo em que as algumas pessoas poderiam cometer crimes e deveriam ser isentas de castigos, porque na cabeça dele os extraordinários, no caso ele se inclui nessa categoria, podem cometer crimes para um bem maior para a população. Seu grande ídolo é Napoleão Bonaparte.
O início do livro é ele premeditando o crime, uma leitura arrastada com trechos sem necessidade, de que nada acrescenta a leitura.
Raskólnikov era muito pobre, acaba que quando ele ganhava algum presente da mãe ou da irmã ele penhorava com uma senhora, que era tida por ser chata,
antipática, cobrava juros abusivos, tratava as pessoas com desprezo. Logo ele acha que deve matá-la para fazer um bem a sociedade.
Uma coisa que me incomodou na leitura é o fato das pessoas ajudarem outras das quais elas nem conhecem, mas sequer tem a capacidade de ajudar os seus da sua família.
Raskólnikov pega um dinheiro que a mãe faz com muito sacrifício e entrega para uma família de um desconhecido que ele conheceu em um bar.
Outra coisa que me incomodou é fato de haver MUITOS acontecimentos na história, mas depois quando você se dá conta só passou um dia. Aí você pensa: o dia desse povo tinha
mais que 24 horas, porque não tem cabimento ter acontecido tudo isso e só passou apenas um dia.
Quando Raskólnikov ajuda o pai de Sônia no momento que ele é atropelado, é descrito que ele ficou todo sujo de sangue, mas quando ele chega perto de Razumíkhin ele pelo jeito
nem percebe, pois nada comenta. Imagina só: você tem um melhor amigo que está doente e anda delirando pela rua, ele tá cheio de sangue porque ajudou uma pessoa que morreu
atropelada, mas você não vê? Achei um furo no livro.
O protagonista trata todos a sua volta com muita rispidez, ele é grosso e mal educado. Tive pena de Razumíkhin diversas vezes. Se fosse comigo teria mandado Raskólnikov ir pra puta que o pariu. Era muito descaso e muito maus tratos com o amigo, sendo que Razumíkhin queria ajudar ele.
As vezes a gente nos dias de hoje reclama que os jovens não ajudam dentro de casa, mas para as pessoas na rua eles fazem de tudo, para um desconhecido a pessoa dá até o que não tem.
Assim eram as pessoas nessa época retratadas no livro, do mesmo jeito que é hoje, zero empatia de ajudar quem quer te ajudar, e muito entusiasmo em fazer coisas por pessoas desconhecidas.
Já ouviu o ditado que dinheiro que vem fácil vai fácil? Então, outro ponto que me incomodou foi quando Raskólnikov dá dinheiro para Katerina Ivânovna e ela simplesmente resolve fazer
um banquete para pessoas que ela simplesmente odeia, para homenagear o falecido marido que ela também detestava por ser um bêbado e não trabalhar para sustentar a família.
Então pensei: cara ela é mãe, o autor vai pelo menos aflorar o lado maternal dela nesse momento. Mas não, ela sabe que depois de enterrar o traste os filhos vão passar fome, mas ela vai lá
e gasta todo o dinheiro que ganhou com algo tão inútil.
E o fato de Sônia abandonar os irmãos órfãos para seguir a vida de Raskólnikov. Ela morria de medo dele, sabia que ele havia cometido um assassinato e mesmo assim deixou os irmãos, que ficaram órfãos para seguir um cara que tratava ela mal e com desprezo, só porque ela foi a pessoa que ele confessou o crime. Grandes coisas.
No final ele não se arrepende de ter cometido o crime, e diz: "O único ponto em que ele reconhecia seu crime era não o ter suportado, acabando por delatar a si próprio."
Isso pra mim tem um nome e se chama psicopata: Os psicopatas são muito manipuladores e podem facilmente conquistar a confiança das pessoas. Eles aprendem a imitar as emoções, apesar da incapacidade de senti-las, e parecerão normais às pessoas desavisadas. Os psicopatas são muitas vezes bem educados e mantêm empregos estáveis. Alguns são tão bons na manipulação e simulação, que eles têm famílias e outros relacionamentos de longo prazo, sem que aqueles que o rodeiam suspeitem de sua verdadeira natureza.
Não sei por que temos que endeusar essas coisas só porque o livro foi escrito em uma época diferente da nossa e é tido como um clássico. Não acho o que ele fez certo no século dele, menos ainda agora. Não sei o que o autor quis dizer ou transmitir com o relato e comportamento de Raskólnikov, já que o tempo todo ele acredita ser injustiçado por ter que pagar pelo crime que cometeu, pois afinal ele estava fazendo um favor para a humanidade.
Não gosto do fato dele se sentir Deus, achando que tem o direito de julgar quem deve viver e quem deve morrer. Menos ainda gosto de apoiar esse tipo de ser, bem como seu comportamento, por isso o livro não funcionou pra mim, pois não acho que ele seja anti-héroi e só psicopata mesmo.