Minha Coisa Favorita é Monstro

Minha Coisa Favorita é Monstro




Resenhas - Minha coisa favorita é monstro - Livro 1


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Maria 21/03/2024

As ilustrações são incríveis e por terem sido feitas com caneta esferográfica torna imprecionante. É daqueles livros que a gente gosta tanto que vai atrás de curiosidades da criação, li sobre a picada do mosquito, referencias das cores a outras histórias... muito bom.

Não entrei no espírito da história de primeira, fiquei um pouco perdida, acho que isso se deve ao fato da narradora, que é a própria Karen através do seu diário e a maneira que uma criança descreve e o início já tá tudo acontecendo ksks me deixou perdida.

Mas confrome se constroi o mistério e informações sobre cada personagem vão sendo reveladas, ficou bem empolgante, principalmente quanto entra nas conversas dela com o irmão e as relações vão se desenvolvendo.

É uma história pesada, porque são meninas envolvidas nas piores camadas da vida adulta. Eu fiquei triste em vários momentos acompanhando a Karen reconstruir a história da Anka.

Mas a leitura é muito boa, com uma crítica à exploração e objetivação do corpo da mulher desde que somos meninas muito forte!
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Douglas MCT 14/08/2019

Desde já um dos maiores clássicos dos quadrinhos, ao lado de Watchmen, Maus e O Cavaleiro das Trevas
Não existe nada igual a essa graphic novel. Nada. Minha Coisa Favorita é Monstro é história em quadrinho. É literatura. É pintura clássica. É cinema e música e escultura. As 11 artes em uma só, num tributo formidável ao horror clássico, de alguém que conhece como pouco os monstros fantásticos (e os da vida real também), prestando ainda homenagens e referências para obras de arte famosas, as mitologias, as lendas locais, tratando de política e de História, de uma maneira natural, crua e cínica, mas sem abandonar a sensibilidade.

A história se passa em Chicago no final dos anos 60 e é narrada por Karen Reyes, uma menina de dez anos, fanática por histórias de terror, registrando tudo em um diário, feito com canetas esferográficas (na trama e na produção real do quadrinho, por Ferris). Cada folha tem linhas e buraquinhos típicos de um caderno mesmo. Se representando como um “lobismoça”, a protagonista encontra paralelos entre vizinhos e outras pessoas com os monstros clássicos (por isso vemos versões da criatura de Frankenstein, do Drácula, do Monstro da Lagoa Negra, de Mr. Hyde, entre tantos outros), que a fascinam. Por isso, ela lida tudo com bastante naturalidade. Ao contrário das verdadeiras abominações que ela acaba presenciando na vida real, como o assassinato de sua vizinha, o que serve de gatilho para o começo e desenvolvimento do enredo, que ainda aborda relações abusivas (em todas suas vertentes), bullying, racismo e homossexualidade, tudo embalado em uma velha e boa história de mistério e crime, com a mais pura nata do terror clássico de monstros, sendo várias histórias em uma.

Emil Ferris é uma artista de mão cheia, sem igual. Além do roteiro atípico e bem escrito, ela entrega páginas espetaculares, sem jamais manter um padrão ou um template. Com uma arte repleta de hachuras e “defeitos”, ela mostra personagens com visuais diferentes, tal qual são os humanos na vida real. Quando você acha que ela pode ter cometido qualquer erro no traço, logo ela mostra uma firmeza na página seguinte, com um retrato fiel e realista de uma pessoa, ou de um afresco famoso, retratado formidavelmente por aqui. E nessa inconstância proposital, Ferris nos leva pelo colosso que é este primeiro volume de seu quadrinho. As páginas são pequenas obras-primas, que não devem ser passadas com velocidade, merecem atenção e uma pausa antes da próxima folheada. Cada página e desenho trás uma surpresa ou informação escondida, seja crucial ou curiosidade, nada passa batido no trabalho minucioso da autora – que inclusive guarda uma história tão impressionante quanto a que está narrando. Durante a produção desta graphic novel, Emil Ferris contraiu uma infecção do vírus do Nilo e ficou paralisada da cintura para baixo, perdendo a fala e os movimentos do braço direito por um longo período. Assim, foram cinco anos até que ela concluísse as mais de 400 páginas do gibi.

Sagaz em sua narrativa, a autora constrói a história principal e as de escanteio sem pressa e com um desenvolvimento preciso, levando o leitor próximo de revelar ou desvendar algo, para logo em seguida mudar o rumo e foco, em outro personagem, em outro contexto. Tudo se agrega ao fio principal, no sentido conceitual, sem gratuidade. Sabendo deixar as pontas soltas, Ferris intriga o público justamente quando escolhe o momento certo para puxá-las de novo, assim, nos levando junto até onde quer chegar, em um enredo improvável e nada clichê, subvertendo vários gêneros por onde caminha, enquanto nos encanta e nos assombra, com a realidade de alguns naquelas páginas, que certamente foi a realidade de muitos naquele período. Outro ponto positivo da HQ, está na autora usar de uma criança como protagonista, afinal, mesmo que esperta e com conhecimentos culturais que a favoreçam para desenvolver melhor os rumos da coisa, ela ainda é carregada de inocência e ingenuidade, que gradualmente vão sendo corrompidos com histórias de imigrantes judeus fugindo da Alemanha, de mortes próximas e de um mistério complicadíssimo envolvendo seu irmão, outra grande figura da trama.

A edição da Quadrinhos na Cia é suntuosa e respeita o material original em toda sua proposta, com um trabalho meticuloso de Américo Freiria no letreiramento, que recompôs tudo que Ferris fez, na adaptação dos textos para o português.

Esqueça os rótulos e as modinhas do momento. Minha Coisa Favorita é Monstro é um dos maiores quadrinhos de todos os tempos e vai te levar para uma história inesquecível. Quando terminar a leitura, você não será mais o mesmo.
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leonel 26/05/2019

Historinha mongol cheia de forçada pra tentar sentimentalismo e dezenas de textões mimizentos por página. Os desenhos são legais, ao menos.
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Paulo 10/07/2019

A autora e artista desta HQ possui uma história muito especial. Emil Ferris atuou como desenhista industrial por muitos anos e a gente já se deparou com muitas de suas ilustrações nas bandejas do McDonald's. A virada na sua carreira começou de uma forma trágica: em 2007, ela foi picada por um mosquito e contraiu uma doença chamada Febre do Nilo. Ficando três semanas em coma, ela foi um dos raros casos desta doença em que a pessoa acaba ficando com paralisia nos membros. O trabalho com a HQ foi parte de sua terapia e a dificuldade dela para desenhar é muito grande até os dias de hoje. Só isso já demonstra o valor deste quadrinho que recebeu elogios até do grande Art Spiegelmann, autor de Maus.

Mas, se não fosse só essa incrível jornada da autora, o quadrinho em si é muito experimental. Ele é completamente feito com caneta Bic e canetinha. O leitor tem aquele estranhamento inicial, mas em pouco tempo a sensação é de incredulidade. É o quanto a Emil conseguiu retirar de instrumentos tão simples. Não só isso: ela abusa dos quadros e ilustrações e, acreditem, tem até mesmo splash pages. Imaginem: folha de caderno, caneta e canetinha. E a autora conseguiu produzir algo absurdo. A concepção veio da própria protagonista que é uma garota pobre que vive em uma Chicago em anos de muita criminalidade, violência e preconceito. O quadrinho seria uma emulação do diário da Karen, com seus pensamentos e reflexões sobre o mundo que a cerca.

"Eu vou achar um monstro, vou deixar ele me morder e trago ele aqui pra morder você e o Dezê e a gente vai viver juntos... Eu prometo."

Ainda no quesito arte é deslumbrante quando a Emil desenha a caneta Bic algumas obras de arte famosas. Tem Seurat, Delacroix, Velasquez e muitos outros. Novamente fiquei com aquela expressão de "é possível fazer isso com uma caneta?". Os cenários atendem aos desejos da artista: ora são super detalhados mostrando vários personagens ou situações na página; ora são estilizados tentando passar um sentimento. Os personagens conseguem também ser muito expressivos e transmiti-los para nós. Pouco a pouco vamos nos acostumando com as características de cada um e passamos a entender quando ele ou ela entra ou sai de cena. Inclusive tem um personagem lá pelo terço final que a gente imagina ser um personagem real, mas logo entendemos que não. Ou seja, a arte serve também para ajudar a movimentar a narrativa.

Grande parte da narrativa se passa com a família da Karen e sua vivência no cotidiano. Eles moram em uma vizinhança pobre e possuem poucos recursos. Uma vida difícil, mas obrigou a todos serem muito unidos. A relação entre o Dezê e a Karen é muito bonita. Dezê é alguém que também tem uma veia artística e um espírito crítico. As conversas entre os irmãos são muito profundas: seja uma questão sobre a violência, sobre preconceito, sobre a sexualidade. Acompanhamos as relações no prédio onde eles vivem, no bairro e até um pouco da realidade da escola de Karen. Algo que fica claro logo de partida é que Karen se desenha como monstro. Isso reflete o quanto a sua auto-estima é baixa, sendo que ela sofre bullying na escola.

Um dos acontecimentos que afeta a família a longo prazo é a descoberta que a mãe de Karen está em estado terminal. Isso afeta toda a dinâmica da família. Vemos que a revelação é um choque para os dois filhos, mas no começo isto não impacta de forma decisiva os sentimentos de todos. Pouco a pouco isso vai afetando a todos. Os sentimentos de desespero e impotência vão marcando principalmente Dezê que age quase como uma figura paterna para todos. Essa impotência vai marcando os personagens: em Karen isso é mais sutil e a vemos em busca de si mesma em um mundo que não a aceita; já em Dezê esse sentimento é mais primal, e vamos vendo as mudanças em sua forma de agir.

Dezê é um personagem muito, mas muito complexo. E Emil Ferris vai retirando cada uma de suas camadas, como se fosse uma cebola até chegar ao final avassalador. Vamos vendo no início um personagem que é uma espécie de Don Juan e mulherengo. Se envolve com as mulheres sem muito esforço e não se apega a nenhuma delas. Alguns dos casos amorosos são cômicos. A partir de um determinado momento, Karen nos mostra o irmão mais velho. Aquele que ela confia, que apresenta o mundo a ela, que mostra a importância da arte. Essa relação de parceria é importante para ela já que seu irmão é uma pessoa a quem ela pode se mostrar sem inibições. Temos também o Dezê que se envolveu com Anka e essa relação passa por um aspecto carnal e amoroso. A perda de Anka também afeta Dezê, embora isso não fique bem claro para nós. Mais para o final temos o lado obscuro do personagem quando o seu desespero e sua violência transparecem diante de uma situação que ele não sabe como lidar.

Um dos motores narrativos é o gosto da protagonista por filmes de terror. Sempre lembrando que os gostos de Karen refletem bastante a época em que ela vive: a década de 60. Portanto, os filmes se assemelham mais aos pulps do que aos filmes que ficarão famosos nas décadas seguintes. Então ela tem uma visão romantizada de um Drácula que lembra muito Béla Lugosi, ou de um lobisomem que gosta de uivar para a lua e estar com a sua matilha. Chega a ser inocente o fato de ela buscar se transformar em monstro apenas para deixar sua família imortal e viver com eles para sempre. Inocente e bonito. Claro que esse amor pelo terror vai afetar a maneira como ela enxerga o mundo. Algumas pessoas são desenhadas como monstros enquanto outros são pessoas idealizadas, como Anka que parece uma pin-up de cinema.
"[...] Enquanto eu pendurava minha capa de detetive com os outros casacos, lembrei que esperei a Missy dormir. Eu disse: "Você é linda", e aí... Eu acho que era sério, porque era ela dormindo, não acordada..."
Outra descoberta sobre si que a personagem faz é seu amor por mulheres. Ela se descobre apaixonada por Missy, sua colega de escola com quem ela compartilha seus gostos. Mas, ela vai resistindo a isso ao longo da narrativa porque não consegue entender seus próprios sentimentos. Somente quando ela perde o contato com Missy é que ela vai sentindo a perda de uma parte de si mesma. Isso "ativa" a sua percepção até que ela vai aceitar seus sentimentos muito tempo depois. Dezê expressa o seu sentimento de apreensão frente às dificuldades que sua pequena irmã vai passar com o preconceito das pessoas. Estamos falando de uma outra época, com outra mentalidade.

O mistério da morte de Anka vai se revelar depois em uma baita narrativa sobre a origem da personagem. Até fica aqui o meu alerta de gatilho porque envolve sexo, prostituição e pedofilia. A gente vê o que acontecia em uma Berlim prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. Anka sofria com o abandono e desde cedo habitava uma casa de prostituição. Ela teve uma criação difícil, embora sua preceptora fosse uma mulher culta que ensinou muito a ela. Vai ser graças a essa inteligência formada desde cedo que ela vai conseguir se livrar de algumas situações muito difíceis. Os momentos em que ela vai passar com Schultz são tenebrosos e a Emil nem precisa ser tão clara para entendermos o que está acontecendo. Depois vamos ver o que acontece a judeus e judias durante a perseguição dos nazistas.

O leitor ainda não consegue entender o que aconteceu exatamente. Isso porque a narrativa da Emil é bem compassada e progressiva. É aquele tipo de narrativa que você só vai entender muito à frente quando juntar todas as peças. Até mesmo porque a HQ conta com muitos subplots que ajudam a desenvolver todo o círculo de personagens ao redor de Karen. Quando chegarmos por volta da página 300 já estaremos íntimos de todos os personagens. E é aí que a autora apronta alguma. Essa profundidade e precisão narrativa (ela sabe de onde partiu e aonde quer chegar) é brilhante.

Certamente eu estou diante de um dos meus quadrinhos favoritos do ano. Não se deixem afastar pelo preço de capa. É um trabalho primoroso que levou anos para ficar pronto. Até acho o preço justificado por todo o sistema de impressão (que parece fac símile) e o cuidado em manter o máximo possível a arte da Emil. Talvez em outra época não seria possível fazer justiça a esse estilo de vanguarda da artista. O final me deixou maluco porque terminou com uma revelação incrível. Em setembro sai a continuação nos EUA e já quero que a Companhia das Letras traga o quanto antes para nós.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Gaby @gata.literaria 26/12/2022

Minha coisa favorita é monstro
Tenho essa HQ há vários anos e ainda não tinha lido. Me lembro que quando foi publicada pela @quadrinhosnacia eu fiquei muito interessada e querendo muito ler! Não sei porque não li assim que ganhei da editora.
Os traços são incríveis! A HQ toda foi feita com canetas esferográficas e as páginas simulam um caderno universitário.
É ambientalizada nos Estados Unidos, no ano de 1968, aborda temas como guerra, nazismo, pedofilia, prostituição, drogas, preconceito mas também arte, cultura, família e amizade.
O enredo gira em torno do cotidiano de uma garotinha chamada Karen, sua mãe e seu irmão e a investigação que ela própria conduz para solucionar o assassinato de sua vizinha Anka. E o peculiar é que Karen ama tudo relacionado a monstros, histórias de terror, filmes. Tanto que ela mesma quer ser uma monstra.
A história é intensa e muito triste. O final é aberto e fiquei um pouco perdida, mas gostei bastante.
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Gabe | @cafecomgabe 21/05/2019

"Acho que a diferença é essa: O monstro bom as vezes dá um susto em alguém por causa das presas, da aparência.. fica além do controle deles. Já o monstro ruim só quer saber de controlar, quer que o mundo inteiro fique assustado para que os monstros ruins mandem em tudo."

Karen Reyes é uma garotinha de 10 anos fascinada por desenhos e histórias/filmes de terror, ela se desenha como uma mistura de mulher e loba e através de várias revistinhas ela vai nos contar uma história. Tudo começa quando há o assassinato de uma vizinha querida que intriga a todos e nossa jovem Karen decide que será a detetive desse grande mistério, pintando toda a história através de seus olhos.

Muitos aspectos rondam essa trama.. mistérios, dramas familiares, suspense psicológico e uma dose muito boa de crítica social. Dividido em revistinhas como falei, Karen vai narrar diversos pontos da história, suas descobertas, evidências curiosas, relatórios sobre suspeitos e muitas intrigas enquanto mescla tudo com um cenário político caótico dos anos 60.

Dando um ar totalmente vintage e rebuscado, Emil Ferris traz um quadrinho inteiramente feito em rabiscos de caneta em folha pautada, dando um aspecto colegial e ao mesmo tempo intimo a toda a narrativa, quase um diário pessoal.

De início tive um pouco de dificuldade com o formato do livro, o leitor precisa se ater a muitos detalhes, justamente como falei, por se tratar de algo que se assemelha a um diário, os relatos e desenhos as vezes ficam soltos nas páginas fazendo o leitor ter que virar o livro, ler de lado, ler nas margens e etc.. mas após eu me acostumar com isso li de uma só vez pois é impossível largar a história até a conclusão do mistério.

Sendo vendido como um dos quadrinhos mais impactantes desde "Maus" e levado 3 prêmios Eisner (Oscar dos quadrinhos), Minha Coisa Favorita é Monstro caminha em diversos terrenos, levantando discussões sobre homofobia, intolerância, abusos, preconceito racial.. com personagens fortes e bem construídos que vão nos fazer roer os dedos inteiros pra desvendar seus passados e suas relações com o grande mistério do livro. A jovem Karen terá que ser forte em meio a tantas descobertas sobre si e sobre a vida.
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Wenddy 09/01/2023

Incrível
Uma obra de arte, um quadrinho que ultrapassa os quadros com sua profundidade e nos afeta com sua história intrigante a partir da perspectiva de uma criança esquisita e interessante, meio detetive/monstra/narradora que de maneira sútil nos embala em um suspense investigativo, que no decorrer da leitura nos faz refletir sobre assuntos transversais e temas que nos afetam cotidianamente como sexualidade, racismo, violência, preconceito, além de nos contextualizar brevemente a década de 60
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Nessa 28/01/2023

Surreal !!! Este quadrinho mereceu todos os prêmios que ganhou .
A arte é absurda de linda. A representação dos quadros do museu. Tudo muito perfeito a seu modo.
A história de Karen investigando a morte de Anka. A história de Anka. A vida de Karen. Tudo cercado de mistérios que eu desejo muito que a editora lance o volume 2. Torcendo , pois é uma pena ter uma história tão boa pela metade
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Ana 13/05/2019

Tive uma surpresa quando recebi o quadrinho Minha Coisa Favorita é Monstro. Primeiro que eu não imaginava que ele fosse tão grande — sério, acho que é maior que um caderno — e segundo porque eu fiquei realmente impressionada com a beleza dele. O livro é um diário de uma criança que ama monstros e história de terror, e tudo é feio em caneta esferográfica. O mais interessante é que a protagonista, Karen, se desenha com uma lobismoça, enquanto a família e a maioria das pessoas ao seu redor são representados como humanos.

Mas enfim, o que vocês precisam saber é que existem várias histórias dentro de Minha Coisa Favorita é Monstro. Além da vida e dos pensamentos mais íntimos da Karen, que ela desenha com todos os detalhes possíveis, conhecemos a história dos outros personagens através dos olhos dela. Em primeiro lugar, temos a família dela, composta pela mãe e pelo irmão mais velho — cujo passado é cheio de mistérios que a gente fica louco para descobrir. Depois, o livro passa a ter uma outra cara quando a vizinha de Karen, Anka, é encontrada morta em seu apartamento.

Os policiais que cuidaram do caso juraram de pés juntos que Anka se matou, já que não foi encontrado nenhum sinal de invasão, mas Karen tem certeza que sua amiga foi assassinada — não só porque não encontraram a arma do crime, mas porque a menina sabe de uma coisa que mais ninguém sabe. Além do mais, Anka era judia e, aparentemente, também tinha vários segredos. A partir daí, somos inseridos em mais uma história, que narra o passado de Anka e nos dá esperança de entender o que realmente aconteceu com ela.

No meio desse bolo de informações, Emil Ferris ainda consegue inserir de forma magistral, sempre através dos olhos de Karen, a história de vários personagens secundários: a de um amigo que é negro e sofre bastante com todo o preconceito — que ainda é muito forte na atualidade e era ainda pior na época em que o quadrinho se passa; a de uma amiga muito próxima do colégio que não é que ela é de verdade; a de uma outra amiga que além de ser muito pobre, não é enxergada por mais ninguém além da própria Karen... E assim acompanhamos uma obra intrincada, mas extremamente bela.

Eu fiquei encantada pela Karen. Apesar de se esconder sob a aparência de um monstro, ela é com certeza a personagem mais bondosa de Minha Coisa Favorita é Monstro. Apesar de ter apenas dez anos, é muito inteligente e curiosa, e carrega uma inocência que acaba machucando a gente. Por exemplo, em determinado momento da história sobre o passado de Anka, em que os horrores da Segunda Guerra Mundial são explanados — as capturas, os guetos e campos de concentração, todas as mortes —, é nítido que para a protagonista são informações abstratas, e isso mexe com a gente justamente porque sabemos que foi algo muito horrível.

Minha Coisa Favorita é Monstro é, de um modo geral, emocionante demais. A única coisinha que me deixou muito bolada foi o final, que é tão aberto, confuso e frustrante que eu tive vontade de jogar o livro na parede. Eu já estava pensando em fazer um textão reclamando quando eu descobri que a obra original foi dividida em dois volumes — desculpem o chilique —, então eu mal posso esperar para dar continuidade às essas várias tramas que me trouxeram sensações inimagináveis. Ah, resolvi não colocar fotos da obra nessa resenha para que você sejam surpreendidos também. ;)
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Pedro Marques 28/08/2020

Um dos melhores do ano
Histórias em diferentes camadas que capturam o leitor e instigam. Aguardando o segundo volume.
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Soterradaporlivros 23/04/2019

Pra mim foi quase impossível largar a leitura dessa Graphic novel.

Toda desenhada como se num caderno, com caneta esferográfica, visualmente ela é uma das coisas mais lindas que eu já vi (as capas de revista de terror e as reproduções de quadros são de uma beleza incrível).

Mas e a história? Karen é uma garotinha que ama monstros e seu sonho é ser mordida por um que esteja recrutando. A história é contada e desenhada por ela. Garotinha inusitada é a Ká! Ela se desenha como uma lobismenina, ela ama arte graças ao sei irmão Dezê, ela não apenas vê e sente a arte, ela também cheira a arte.

Até aí tudo bem, era mais ou menos o que eu esperava. Mas eu não sabia que o livro tem um mistério de detetive (um não, vários), que usa a inconstância política e social da década de 60 como cenário, que falasse sobre abuso, racismo, homofobia, sobre sobrevivência.

Sem dúvida uma das melhores surpresas que tive esse ano!

Indico pra todos, independente de ter o costume de ler quadrinhos. Esse pode ser um bom começo.
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Nikolle - Paradise Books 03/10/2019

Não tava dando nada pra HQ e me surpreendi
Minha Coisa Favorita é Monstro se passa no cenário político, e caótico de Chicago nos anos 60, onde vamos acompanhar Karen Reyes, uma garota de 10 anos de idade, que como escape da sua realidade, adora desenhar em seu diário uma versão de si mesma metade humana, metade loba, em suas aventuras como detetive, tentando desvendar o misterioso assassinato de sua vizinha do andar de cima. Além de sua ótima versão detetive, conhecemos o cotidiano de Karen, seu drama familiar, os segredos que sua mãe e irmão guardam, suas dificuldades na escola, e o medo de se abrir sobre quem realmente é, sem saber se teria a aceitação da sociedade, sua família e amigos. A coisa que Karen mais ama são monstros, e o seu maior desejo é se tornar um, pois assim todos os seus problemas desapareceriam, e sua vida seria bem melhor.

Visitar a brilhante imaginação de Karen foi uma ótima experiência, eu fiquei apaixonada pelos desenhos e o nivel de detalhes que a autora, Emil Ferris, consegue passar com seus traços feitos com caneta esferográfica. Minhas partes favoritas são as capas das revistas de terror que a personagem gosta de fazer, e seus passeios pelo museu de arte, o modo como foram refeitos os quadros famosos no estilo Emil Ferris, deixa tudo mais deslumbrante. Enfim, temos uma HQ completa, com mistérios, desenhos magníficos, e uma imersão profunda na mente de uma garota de dez anos, que enxerga o mundo diferente de todos. Fiquei bem curiosa pelo segundo vol, e quero saber como será o desfecho da história.
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Lusia.Nicolino 09/01/2020

Cada rabisco é um sentimento profundo
Qualquer coisa que eu escreva sobre essa Obra será menor do que ela realmente é.
Vamos encontrar, na Chicago dos anos 60, o burburinho político e cultural dos grandes acontecimentos e as feridas de um passado nem tão distante assim, na janela dos olhos de Karen.
Karen Reyes, de 10 anos, vive num apartamento porão com sua reduzida família de mãe e irmão. Louca por histórias de terror, rabisca seu caderno com esferográfica e vai desenhando sua história onde ela mesma é a personagem – a monstra lobismoça!
E é também a detetive que investiga a morte da vizinha, que não se resolve nesse volume! Será preciso esperar pelo volume 2 – e vale cada segundo de espera.

Uma obra fascinante, rabiscada como se fosse um caderno, entre cores sóbrias e de repente coloridas, um livro grande, pesado, mas que você vai devorar.
São mais de 400 páginas em que os personagens – saídos da esferográfica em forma de quadrinhos – nos leva a revisitar os horrores do holocausto, o abandono das famílias, a repulsa velada e descarada dos que ousam imigrar. Pelo olhar da nossa “monstrinha”, cada rabisco é um sentimento profundo, de dor, de amor, de sobrevivência.

Quote: “Se Deus existe, amar as pessoas que não merecem é o trabalho dele”

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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@livrodores 20/04/2019

Minha Coisa Favorita é Monstro
Mágica, assustadora, apaixonante e melancólica são algumas das características mais marcantes dessa graphic novel onde conhecermos Karen uma jovem que ama monstros e é através de seus desenhos que vamos entender seu mundo, seus anseios, seus desejos e sacarmos, já que ela é destemida e muita a frente do seu tempo!
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A trama se desenvolve em Chicago nos anos 60 onde ela vive com sua mãe Marvela e seu irmão Dezê que além de também trabalhar com artes foi o responsável por fazer nascer esse encanto por quadros em Karen, são muitos momentos de análise e reflexões entre os personagens e vários quadros famosos!
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Na trama vamos acompanhar Karen se intensificar no trabalho de detive para descobrir quem é o assassino de sua querida vizinha Anka e é através dessa investigação que também conhecemos o mundo desestruturado e injusto em que Anka viveu, passando pelo holocausto!
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A história pode parecer simples e encantadora mas a carga emocional é pesadíssima, eu já conseguia sentir uma profunda tristeza só com o semblante da personagem na capa, mas ela se intensifica ainda mais ao decorrer da história!
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Assuntos como preconceito, abuso infantil e sexual que sempre aconteceram sem ninguem se importar, medos e crenças que são desprezados, bullying dos mais pesados e dolorosos, sexualidade reprimida e as cenas sexuais são tão intensas para uma garotinha que vê e compreende tudo que acontece!
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Karen é sempre uma monstrinha que busca ser transformada de verdade, seu mundo é voltado para esses seres e a mensagem que ela nos traz com sua história é que apesar de serem fisicasmente assustadores eles são inofensivos na maioria das vezes, os seres humanos sim são os verdadeiros monstros mais assustadores, com suas querrras, desavenças, extermínios, maldades... concluo que eu também preferia virar monstro bom!
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