Resenhas - Ensaio Sobre a Cegueira

romulorocha 07/04/2021

Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago - Nota 9,0/10
José Saramago é um escritor português, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1998 e do prêmio Camões em 1995, ano da publicação deste livro.

Em Ensaio sobre a cegueira, a população de uma cidade sem o nome mencionado sofre uma ?epidemia? de cegueira. Diferente do que é comum, os infectados relatam a sensação de um clarão branco ao invés de escuridão, por esta razão ela passa a ser chamada de ?cegueira branca?. Começando por um motorista, aos poucos toda a cidade vai sendo infectada, menos a mulher de um médico. Esta mulher, a despeito do ditado ?em terra de cegos, quem tem olho é rei?, irá usar sua visão para dar apoio ao seu grupo e testemunhar os horrores que a humanidade desorientada pode cometer.

Preciso dizer, não é um livro fácil de ler. Não pela linguagem, mas porque mexe com o nosso estômago e nossa noção de humanidade. O próprio Saramago chegou a dizer em uma entrevista que sua intenção era ?mostrar que o ser humano não é bom e que é preciso ter coragem para reconhecer isso?.

Outra reflexão que o livro traz é sobre a ?cegueira branca?, para mim, uma alusão clara à opressão e violência provocada por pessoas brancas ao longo da história. Outro ponto são as pessoas e a cidade ?sem nomes?, dando a entender que não se trata sobre ?quem foi? ou ?onde foi?, mas ?como foi? e que é a partir desta pergunta que pode surgir a mudança.

Desta forma, o livro deixa a reflexão: o pior cego não é apenas aquele que não quer ver, mas o que não deixa os outros veem também.

#resenhasdoromulo #ensaiosobreacegueira

Bernardo Luiz 12/02/2021

Saramago estava a frente do seu tempo
O que dizer desse livro ?

É uma história simplesmente incrível e a frente do seu tempo, Saramago escreveu de forma totalmente intensa e realista, que se encaixa perfeitamente no mundo que estamos vivendo hoje. Trás uma reflexão através da cegueira, que quando somos forçados a viver em situações miseráveis, o reflexo da nossa alma é posta vista , através do qual maus e egoistas somos de verdade ,quando postos a provas de lutar pela sobrevivência, uma realidade não muito distante, da atual que vivemos , se nossa pandemia chegasse a níveis estratosféricos.

Deixo abaixo de uma de várias frases
marcantes que o Saramago nos deixou nessa incrível obra:

?Mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos. ?

Jess 21/05/2023

"A experiência é realmente a mestra da vida"
Livro incrível! Saramago escreveu um livro que é facilmente adaptável para os tempos atuais.
Ler esse livro depois de ter passado por uma pandemia, certamente adiciona mais camadas para a história.
Escrita diferente, passando por alguns momentos mais densos e por isso mais "arrastados" mas mesmo assim fluida.
Recomendo!

Aletheia (@almaletrada) 21/05/2020

Ler Saramago é sempre um desafio, mas lê-lo num momento que passamos por uma pandemia, é revelador! O autor nos apresenta personagens sem nomes e sem distinções. Aqui conhecemos uma pandemia de cegueira onde as pessoas são obrigadas a conviver com os limites do próprio entendimento. As relações construídas, revelam a necessidade de união, ao mesmo tempo que um grupo passa a querer levar vantagem sobre os demais!

Ari Phanie 16/04/2020

"É dessa massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade."
Eu assisti o filme do Fernando Meirelles há muitos anos atrás e não me lembrava quase nada dos pormenores da história de o Ensaio sobre a cegueira. Lembrava que se tratava de uma trama envolvendo uma epidemia caótica e também lembrava sobre o final. Como eu estava seguindo uma lista de leitura feita previamente, Ensaio sobre a Cegueira estava na sequência e eu achei que mesmo no período atual, a leitura não seria tão difícil. Ah, ledo engano. Não demorou muito e eu já 'tava pedindo arrego.

O início da trama é bem instigador. As pessoas começam a ficar cegas em uma onda de disseminação rápida que ninguém consegue explicar como surgiu e de onde veio. E a única forma que o governo encontra para lidar com essa epidemia é a segregação dessas pessoas "contaminadas" que são colocadas em um manicômio e sua única comunicação com esse governo é através de um megafone que dar informações sobre como elas devem agir ali e o que não devem fazer, correndo o risco de serem mortas caso desobedeçam alguma regra. O mal-estar começa aí, com esse afastamento da sociedade e isolamento obrigatório que lembra a nossa atual realidade, mas que tem também faz um eco do período nazista e seus campos de concentração.

Nesse lugar que as pessoas são jogadas sem nenhum auxílio e precisam ser seus próprios guias, as coisas começam a ficar caóticas muito rapidamente. A tensão da trama, as descrições escatológicas e degradantes, e a eventual barbárie a que se chega podem fazer a experiência de ler esse livro bastante claustrofóbica como se você realmente estivesse trancado ali experimentando as mesmas sensações e tormentos.

Esse foi um dos livros mais difíceis que já li na minha vida até aqui; pelo menos, o foi do começo até a metade. E o principal motivo é exatamente esse caos que não casa nada bem com o momento que a gente 'tá vivendo. Mas a estrutura do livro também não é das mais fáceis. Além da densidade da narrativa, a escrita do Saramago é diferente da habitual a que todos os leitores estão acostumados. As falas dos personagens não vem com os travessões ou aspas como de costume, e nunca há pontos de interrogação, então eu tive que reler algumas frases de diálogos para entender que eram perguntas. Isso fez a leitura mais lenta. Mas não é um ponto negativo, é apenas mais trabalhoso.

Felizmente, a partir da queda do manicômio, eu senti que ficou muito mais "fácil" a leitura para mim, apesar de toda a destruição da humanidade que é relatada. O Saramago é muito filosófico quanto a esse momento de devastação e eu amei todos os questionamentos e elaborações. Há muita simbologia na história também e você pode fazer diferentes interpretações sobre o que é a "cegueira branca". Eu particularmente vi isso apenas como a concretização de algo que já estava ali; as pessoas já eram cegas perante tudo à sua volta, e a perda da visão só se fez física quando chegado o limite de tanta indiferença e obscuridade.

O Saramago não deu nomes aos seus personagens, apenas atributos e títulos, e sua protagonista "a mulher do médico" é onde reside toda a angústia, tensão e horror da narrativa porque ela é a única que ver entre os personagens, e é também nossos olhos. E é a partir de seus pensamentos e falas que nós embarcamos em reflexões maravilhosas. Aquela história de "em terra de cegos quem tem olho é rei" que você acha que faz muito sentido, é através da "mulher do médico" colocado sob uma perspectiva bem real e trágica.
Não tenho muito mais a dizer a não ser que esse foi um livro que faz jus à fama, que deve ser lido porque é, de fato, uma obra incrível, mas que provavelmente não deve ser recomendado em momentos muito conturbados como o atual, e sem dúvida, nem todos devem ler porque algumas cenas de violência sexual são um gatilho. De qualquer forma, a minha primeira experiência com o Saramago foi bem marcante. Que venham mais livros dele, só não nesse naipe porque não aguento tanta sofrência.

Francisco240 19/11/2021

Espetacular!
Uma rotina comum em uma cidade e aleatoriamente todos ficam com a "cegueira branca", porém apenas uma mulher não cega.
Uma ficção reflexiva com "olhos" voltados para o egoísmo humano que é contraposto com a resiliência de apenas uma mulher que é duramente rebatida pela dureza social que todos os cegos da vista e da consciência lhe impõe.
Uma leitura incrível e super curiosa pela estética diferente, e levando em consideração a escrita do Saramago que não é algo simples. E além disso, nem os personagens nem os lugares tem nome pra criar um peso cortante na trama.

Ellen 23/03/2020

Ensaio sobre a cegueira.
"Um homem subitamente deixa de ver, vítima de uma cegueira branca, que começa a se espalhar, causando caos na cidade. Mas será que o caos foi causado pela cegueira? Ou o caos já existia, mas só foi "visto" com a chegada da cegueira?
Neste livro, Saramago aguça fortemente os nossos sentidos, implicando a "responsabilidade de ter olhos, quando outros a perderam".
Um ritmo alucinante de escrita que nos faz pensar se respeitamos os valores mais básicos da sociedade.
É preciso cegarem-se todos para que enxerguemos a essência de cada um?"

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.".

dede 20/07/2020

Apesar de ser ficção o livro é assustadoramente atual e surpreendente. Faz nos identificar com os personagens e as situações as quais eles são expostos.

Vitor 29/06/2023

Difícil, viciante, intenso, doloroso, questionador.
O livro é um dos melhores que eu já li durante a vida, é difícil no começo entender a escrita do autor, porém, com o tempo você se encontra devorando o livro, a intensidade de como tudo está sendo narrado, com a consequência da cegueira mundial o ser humano é reduzido ao lado mais animal e irracional possível.

É doloroso ver o que a cegueira geral acarreta na nossa sociedade, questionar a moralidade, o que é certo e o que é errado está presente o tempo todo no livro, assim como saber o limite do que é ficção e o que pode realmente estar acontecendo com a humanidade.

Indico todos a testemunharem essa brilhante obra do Saramago, foi minha primeira leitura de um romance do autor, mas já estou ansioso para ter o contato com as outras obras.

Simões 14/12/2021

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara!
Ensaio Sobre a Cegueira foi indicação da minha professora de redação Fernanda Pessoa. Ela contou um mini resumo dessa obra pra usar na redação do Enem e eu logo me apaixonei pela distopia, além de ter ficado super curiosa pra saber o final dessa história tão louca.

O livro contém ?? GATILHOS ?? e em certas partes foi bem difícil pra ler pq o assunto abordado era bem pesado. Além da escrita do Saramago, que tbm dificulta o início da leitura, pois os diálogos são marcados por vírgulas e não por travessões como estamos acostumados. Mas tirando esses pequenos detalhes ? que de vdd, depois você se acostuma- esse livro é SENSACIONAL! A cada página que eu lia, queria devorar as próximas pra saber o que ia acontecer e como o livro terminaria.

@june 09/06/2020

A vida e como somos em situações terríveis e extremas.
Meu primeiro Saramago, e é mesmo tudo que dizem.
Escolhi ler nessa época de pandemia, pois considerei propício ler sobre os sentimentos que um acontecimento assim pode trazer, e achei que isso tornou a leitura ainda mais significativa.
A escrita é sensacional, permeada por reflexões ímpares, realistas, nuas e cruas. É um livro para refletir.

Luciara 13/12/2022

Que livro angustiante, não apenas pela pandemia da cegueira, ou pelos maus tratos e imundice a que são submetidos. Mas também pelos personagens sequer terem nomes. Não porque não fossem relevantes, mas talvez porque se tornaram mais um a cegar. E só talvez, Saramago tenha usado essa falta de nome, pq todos os personagens com a cegueira branca, perderam mais que sua visão, perderam seus nomes e principalmente o status de ser humano. Sendo tratados como qualquer coisa, menos gente.

lililu 05/08/2023

Que livro bom
Quando eu peguei ele para ler, não imaginava que seria tão bom assim.
É um livro com uma mensagem por trás muito
importante, é uma leitura para se refletir.
Quando você se da conta que não é literalmente uma cegueira, sua cabeça explode.
O livro mostra como a raça humana se comporta quando está exposta a situações extremas.
Apenas leiam!