de Paula 31/07/2022
Quem é o paciente 67?
Há algum tempo estava assistindo vídeos de indicações literárias e me deparei com este título. Confesso que desconhecia o filme, por isso, o que me chamou a atenção era a narrativa ser suspense psicológico, o melhor tipo de suspense que existe, na minha opinião. Deixei, no entanto, passar a oportunidade pelo filme ser estrelado por "just like Leo in Saint Tropez" (assim como Lady Gaga, claramente não sou fã e não tinha espaço na porta para ele! Risos). Há pouco mais de um mês fui à biblioteca e me deparei com o título e decidi dar uma chance e ainda bem que fiz isso!
A leitura é viciante, a todo o momento você se sente imerso dentro da narrativa. São dois xerifes que chegam a um hospital psiquiátrico na década de 1950, que na realidade é uma prisão de segurança máxima também para criminosos violentos com problemas mentais, que precisam de tratamento e cumprir suas respectivas penas. Os policiais vão até essa ilha completamente isolada do mundo para descobrir como uma paciente desapareceu sem deixar pistas de seu dormitório. Com uma sinopse dessas, como não querer ler até a última página de uma vez? Pois é, além disso há um fator muito importante: ninguém está fazendo muito esforço para ajudar na localização de Rachel Solando. Assim como Teddy, ficamos indignados e revoltados com a falta de comprometimento dos profissionais do hospital, além de descobrir coisas escabrosas durante a estadia deles, em meio a um furacão na ilha e neste desespero.
Gosto de como tudo é elaborado e, por ser curiosa, acabei descobrindo o plot twist bem antes do que deveria, o que me fez ficar atenta às sutilezas e achar impossível o que era para acontecer, porque eu só li dois parágrafos do spoiler, então lia e ficava pensando "como é possível", o que me deixou mais animada para prosseguir com a história. Um trabalho de mestre do Lehane nesta obra, um suspense de excelente qualidade, plausível e que deixa o leitor submerso na ilha junto com os personagens.
O que me encantou e incomodou na minha experiência literária foi como o livro é fluído e nem todos os diálogos fazem muito sentido, ao mesmo tempo que parecem com conversas que temos no dia a dia, quando começamos a falar do tempo antes de uma reunião de trabalho, por exemplo. Claro que num livro funcionam mais os diálogos levados a entender a história, no entanto, achei legal como Dennis usou isso a seu favor. Mas, incomodou por.ser.um recurso utilizado a todo tempo. Às vezes, voltava algumas partes para ver se tinha pedido algo, quando se tratava de papo furado.
A história tem um viés histórico muito importante e traz em diversos momentos detalhes e personagens escabrosos, como o diretor. Que homem ordinário! Alguns criminosos só não são pegos por fazerem parte do sistema e isso é revoltante! O cara tem uma cena e consegue deixar o leitor indignado com tanta besteira e preconceito saindo de uma única mente perversa. Não sei se eles está ocupando o lugar certo na ilha.
Sobre o filme: é bem fiel ao livro, com pouquíssimas mudanças da obra literária, muito bem feita com a direção de Scorsese e o roteiro do próprio Lehane. É claro que devo dizer que a atuação de Leo é magnífica! Ele conseguiu ser um Teddy melhor do que imaginei ao ler, passando todas as emoções do personagem só com o olhar. Vale muito a pena consumir o combo literário e cinematográfico para descobrir tudo sobre o paciente 67.