spoiler visualizarAlana N. 29/10/2022
"O único jeito de saber do que somos capazes, é quando nos metemos em problemas."
“Corrupt” é um livro bizarramente sem noção. (Ri de nervoso em diversas partes)
Na maior parte do tempo, quando leio livros como esse, fico me perguntando o tipo de pessoa que o autor é/ou conhece. Sério. E, em 99,9999% do tempo, saio preocupada com tal pensamento.
Além de completamente sem senso de autopreservação, ou qualquer senso mesmo, a protagonista sofre de uma grave doença chamada: perda de memória recente. Real. Porque essa é a ÚNICA coisa que explicaria como, RAIOS, que essa menina esqueceu que os caras estavam ferrando a vida dela até certo ponto da trama! Eu não tô zuando! Os quatro “protagonistas” ficam infernizando a vida da menina até uns 60% da história, porque acreditam que foi ela quem os entregou para a policia, e quando descobrem que não foi, eles só passam a agir como se NADA tivesse acontecido. E ELA ACEITA!!!
Mas, assim, minha gente, se a Rika é dodói da cabeça, o Michael é MUITO MAIS! Tipo: ele, tecnicamente, gosta dela, mas mesmo assim concorda com o plano dos amigos de ferrar com a vida da menina e propor a ela que se torne escrava sexual dos quatro, só porque ele não teve coragem de perguntar, em TRÊS ANOS, o que aconteceu na fatídica noite em que uns vídeos, onde eles e os amigos CLARAMENTE faziam coisas ilegais, vazaram. (Basicamente, duas páginas de conversa teriam impedido que quinhentas páginas fossem escritas. É isso. Os plots baseados na total falta de diálogo adulto e saudável cansam a minha feiura.)
Além de que, é impressionante como absolutamente TODO MUNDO passa pano para esses quatro. Até os pais do protagonista, depois dele matar o próprio irmão, aparecem com o papinho de que ele fez o que era melhor. Para, né! Basicamente, a moral dessa história é que se você é jovem, bonito e rico, pode fazer qualquer merda, que não vai ser culpado de nada. (Pelo menos há um pouco de realidade por aqui. Podemos contar como ponto positivo?)
Nem sequer as cenas de sacanagem, que não são poucas, são interessantes. (Pelo menos pra mim. Os dois eram problemáticos demais e, basicamente, todas as interações poderiam ser quase classificadas como abuso ou manipulação, o que é meio nojento. Sinceramente, ser usada sexualmente por vingança ou manipulação não fazem parte do meu hall de fetiches.)
Bem, para não dizer que tudo foi uma bagaceira, a escrita da autora é boa. Inclusive, achei bom o jeito que ela conseguiu intercalar passado e presente, fazendo com que esse paralelo levasse, de fato, a trama para frente. Não é todo mundo que tem essa desenvoltura.
Enfim, para quem gosta de romance dark, boa sorte. Para quem, assim como eu, pegou de graça e adora ler um livro ruim para sair da ressaca, esse é uma opção.
OBS: Não sei se consigo imaginar como os outros serão mais problemáticos do que esse, o que é um pensamento preocupante, já que a autora sempre pode se superar, mas também otimista, já que ela pode ter deixado o pior para o começo.