Digão 21/03/2012
Ao resolver transformar em clube a Casa Verde, um casarão abandonado que abrigara um antigo hospício da cidade de Itaguaí, Arturzinho e seus amigos vão topar com um grande mistério. Para resolvê-lo, a turma acaba recorrendo à leitura de O Alienista, livro de Machado de Assis, inspirado em fatos sucedidos na própria Casa Verde, muitos anos antes. Mas como é que um livro publicado em 1882 pode ajudar a compreender um mistério do presente? É o que os rapazes vão descobrir ao longo de uma história em que não faltam suspense, ação, amor e aventura. Em O mistério da Casa Verde, de Moacyr Scliar, um enredo original e vibrante leva o leitor atual a conhecer um dos maiores clássicos da literatura brasileira. O livro é uma releitura de O alienista, de Machado de Assis.
Arturzinho, personagem central da releitura, era um menino corajoso, gostava muito de aventuras, tinha um rival, André que fazia parte da turma junto a Pedro Bola e Léo, o intelectual e mais inteligente deles. Já na obra O alienista o protagonista é Simão Bacamarte, um homem estranho que achava que todas as pessoas eram anormais e as mandava para seu "consultório": a Casa Verde. Ele se achava perfeito, sem defeitos. A história de Machado de Assis aconteceu no final do século XIX, usavam roupa da época e foi quando começaram a surgir clínicas para loucos. Na versão original, Simão manda soltar todos os "presos" da Casa Verde, descobre que era normal ser maluco. O doutor percebeu que ele era perfeito e isso não era normal, então ele prendeu-se na Casa Verde e entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo, assim acaba a história. Dizem os cronistas que ele morreu daí a dezessete meses, no mesmo estado em que entrou.
Já na releitura a história acaba com o começo do namoro de Arturzinho e Lúcia. Os meninos realizaram seu sonho, tendo o seu clube de jovens numa parte da antiga Casa Verde e na outra parte foram organizados o Centro Cultural Machado de Assis (onde acontece uma encenação todas às sextas-feiras), uma sala de vídeo, uma biblioteca e uma oficina de artes.
Na linguagem utilizada pelos dois autores, podemos perceber uma grande diferença, veja um trecho da obra de Machado de Assis: A vereança de Itaguaí, entre outros pecados de que é argüida pelos cronistas, tinha o de não fazer caso dos dementes. Assim é que cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e não curado, mas descurado, até que a morte o vinha desfraldar do benefício da vida; os mansos andavam à solta pela rua. O autor usa uma linguagem culta, difícil de entender. Já Moacyr Scliar, usa uma linguagem fácil, para jovens, veja: Espera um pouco: o cara disse que é um médico que cuida de loucos? Mas ele tem mais cara de maluco do que de médico….