Aline T.K.M. | @aline_tkm 29/03/2010Continua emocionante...Logo no início de As Brumas de Avalon – A Grande Rainha, nasce o filho de Morgana no Norte, junto a Morgause e Lot, sendo por eles criado como um filho adotivo – mais como uma estratégia de Morgause, já que ela e o marido tinham a ambição de que um de seus filhos herdasse o trono de Artur.
Neste livro, porém, o destaque vai para o desenvolvimento da personagem de Gwenhwyfar, que é a escolhida para casar-se com o Grande Rei Artur por conta de seu dote, sem que entre eles houvesse amor (nunca se haviam visto antes do casamento). Artur recebeu sua noiva com bondade e surpreendeu-se com sua beleza. Entre eles nasceu um grande afeto. Gwenhwyfar reconhecia a bondade do marido e o retribuía sendo uma esposa atenciosa; no entanto, seu coração de mulher pertencia a outro: Lancelote. Este, por sua vez, também a amava com todo o seu ser, e mantinha-se em um denso conflito por ser o melhor companheiro de Artur (a quem era verdadeiramente leal) e, ao mesmo tempo, amar sua esposa.
Gwenhwyfar representa a verdadeira figura do cristianismo, sempre submissa, recatada e amedrontada. Seu medo era tanto que buscava a segurança de muralhas e paredes e temia ficar exposta aos campos abertos e ao céu, imenso sobre sua cabeça. Sempre muito religiosa, temia o castigo divino e, pior, martirizava-se a si mesma por seus pensamentos “impuros” em relação à Lancelote. Podemos notar o quão intenso é esse martírio quando, mesmo com a compreensão do padre, ela pensa que teria se sentido melhor e mais livre (!!) se ele a tivesse censurado e lhe imposto penitências pesadas.
As atitudes e pensamentos de Gwenhwyfar ao longo do livro fizeram com que eu desenvolvesse uma enorme antipatia por ela. E também pena. A personagem sofre em demasia por não ter o homem amado e sente-se humilhada por não conseguir conceber um filho de Artur. No entanto, Gwenhwyfar tem uma visão de mundo muito limitada, presa às suas verdades e totalmente intolerante às diferenças. Mas também é necessário compreender que isso se deve à forma como foi educada.
Fica evidente o aspecto tirano e intolerante do cristianismo, por exemplo, na parte em que lemos a respeito de Gwenhwyfar: “com Artur a seu lado e a sua bandeira da cruz flutuando sobre o acampamento de Artur, ela sentia amor e tolerância para com todos (...)”. Assim sendo, uma vez que o cristianismo exerce seu domínio, realmente revela-se tarefa fácil ter amor e tolerância ao próximo – ainda mais quando este está sob seu poder incontestável.
Também preciso dizer que achei particularmente adorável quando Morgana vai parar no país das fadas. Lá não é possível ver o sol e nem a lua, e o tempo flui como num sonho. O que parecia ter sido dias foram anos, na verdade. Anos de juventude, festas e prazeres. Encantador! Só lamentei não ter podido ser eterna a presença de Morgana nesta terra, embora fosse mesmo impossível por conta do papel essencial de Morgana em toda a história.
Posso seguramente afirmar que este segundo volume de As Brumas de Avalon superou as minhas expectativas. A leitura continuou envolvente e gostosa, tal como foi minha experiência com o primeiro volume. E o final, bom, o livro termina com um acontecimento que eu esperava ansiosamente desde os primeiros capítulos e, confesso, não imaginei que fosse ocorrer exatamente da forma como ocorreu – ainda mais surpreendente do que eu esperava. Gostei bastante! Mas esse é apenas um “final”, assim mesmo, entre aspas, já que ainda restam outros dois volumes para completar a obra...
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