André Vedder 21/06/2023
E o sol brilhou.
Temos aqui uma mistura de distopia com ficção científica muito bem narrada pelo autor vencedor do Nobel.
Com uma escrita fluída, Kazuo Ishiguro nos traz uma narrativa contada pela perspectiva de uma Amiga Artificial, ou androide, no caso aqui chamado apenas de AA ou Klara. E sendo assim, somos conduzidos pela história através de suas observações de mundo e diálogos entre os humanos, aos quais ela presencia e participa ao longo do enredo. E a partir do ponto de vista de Klara, o autor vai nos dando informações sobre o seu redor e os personagens que a rodeiam de forma gradativa, aos poucos, fazendo assim com que o leitor seja instigado por toda a obra.
Ao fim somos brindados com um livro que prende do início ao fim e que têm um apego emotivo também, mas que pra mim funcionou como um ótimo suspense.
"Você acredita no coração humano? Não estou falando do órgão em si, claro. Estou falando no sentido poético. O coração humano. Você acha que existe uma coisa assim? Uma coisa que faz com que cada um de nós seja especial, único?"
"Ao mesmo tempo, ficava cada vez mais claro para mim até que ponto os humanos, em seu anseio de fugir da solidão, faziam manobras muito complexas e difíceis de compreender."