Monica Quintal 26/01/2023
Uma carta de um filho para uma mãe que não sabe ler. Uma mãe que carrega cicatrizes da guerra, que nunca teve conhecimento, que lutou pela sobrevivência de sua família, assim como Lan, sua mãe, uma senhora forte, que muitas vezes manteve aqueles que ama em pé com suas histórias e acolhimentos.
Brutalmente sincero e intenso, esse livro é pura arte, poesia. A historia é contada de forma não linear, como se acompanhássemos o fluxo de memórias e pensamentos do narrador, o Cachorrinho. Que conta detalhes sobre sua infância, a estrutura familiar, seus passados, a descoberta de sua sexualidade, preconceitos e tabus, ressentimentos, luto, violência e muito mais.
A vontade é de destacar o livro inteiro, as metáforas são absurdas, sério. Não achei uma leitura fácil, tanto pela linearidade (flutua entre presente, passado e futuro conforme as memórias vêm) quanto pela profundidade e sentimentos. Mas amei demais a experiência, é um daqueles livros que fazem a gente SENTIR, sabe?
"Naquela noite prometi para mim mesmo que eu jamais ficaria sem palavras quando você precisasse de mim para falar por você."
"A verdade é que nenhum de nós se basta o bastante. Mas isso você já sabe.
A verdade é que eu vim aqui esperando encontrar um motivo para ficar."
"Dizem que nada dura para sempre, mas eles só têm medo que dure por mais tempo do que eles podem amar."
"A verdade é que eu estou preocupado que capturem a gente antes de captarem a gente."
"Uma página, ao virar, é uma asa erguida sem par, e portanto sem voo. E no entanto nós nos movemos."
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