fernandaugusta 26/01/2022O Lorde que eu abandonei - @sabe.aquele.livroConhecemos Henry Avesham em "O Conde que eu arruinei" e ele muito contribuiu para a exposição pública de Constance e seu Lorde Chato. Henry é um tipo santarrão vingativo, que quer ver todos os pecadores e apreciadores do prazer carnal longe dele.
Tanto fervor lhe rendeu uma indicação para um cargo na Câmara dos Lordes, onde foi encarregado de estudar - por assim dizer - tudo o que estivesse relacionado à prostituição, bordéis e que conduzisse o homem ao pecado e a danação eterna. O que propor? A proibição das atividades dos prostíbulos de Londres e a punição de quem quer que se envolvesse nela; ou uma reforma que visasse promover a saúde pública e regulamentar as funções mencionadas, com o objetivo de tornar o "comércio carnal" mais seguro?
Nestes estudos, Henry vai até a casa de chicoteamento da Charlotte Street e conhece Alice Hull, a criada que o leva em visita. Uma semana depois, ao voltar buscar um pertence, encontra a moça transtornada ao receber uma carta da irmã, alegando que sua mãe está moribunda. Viajando na mesma direção da jovem, o reverendo lhe oferece uma carona. E o que resulta do encontro do piedoso reverendo e da criada que sonha com o treinamento nas artes de Charlotte Street?
Bom... digamos que o envolvimento do pastor com a meretriz é um clichê bem batido, mas a relação entre os dois é até bem desenvolvida durante os percalços da viagem, que inicia com ambos se odiando e aos poucos começa a debater as diferenças de mentalidade (e moralidade) de Henry e Alice. Obviamente que a proximidade os faz sentir atração um pelo outro e daí a história se desenvolve.
Não há uma grande revelação, como no livro anterior, e este é um livro em que a autora até deu uma economizada na parte hot (de novo, perto dos anteriores), com várias elucubrações e reflexões de caráter religioso por parte de Henry, o que é compreensível em virtude do dilema moral do personagem. Alice também é uma figura reflexiva, embora impetuosa, e passa grande parte da história com medo de perder a vida que leva em Londres.
A escrita da autora é bem envolvente, e embora sem tantos elementos engraçados e a leveza dos livros anteriores, é um romance de leitura rápida, e apesar de não ter nenhuma característica mais marcante, cumpre o proposto. Acredito que a fórmula da Charlotte Street já esteja dando sinais de desgaste, embora Scarlett Peckham tenha dado o spoiler de mais um livro, ainda não escrito, neste cenário. Espero que ela elabore mais o próximo.
Aguardo sem pressa.