none 12/05/2021
Partes desiguais, partes surpreendentes
Como classificar um livro de contos de vários autores/ e várias autoras sobre o mesmo tema e que evoca essa pandemia em que vivemos? O livro ganha no quesito empolgação com um prefácio escrito por Itamar V Junior, celebrado autor brasileiro. Grandes escritoras, grandes nomes e grandes novidades. No entanto o quesito surpresa fica para o final. Amei o conto de Amara Moira. Li a estória como se fosse um filme. As cores, as sensações, a tensão e o riso ficaram bem nítidos e creio que valeu a pena ler este livro por conta desse fim surpreendente, chocante, hilário, tenso, tudo ao mesmo tempo. A estória de abertura de Carol Bensimon reflete minha geração, houve um deja vu de casos parecidos, pessoas mesclado ao tema pesado e violento com uma trilha sonora já decadente de um tempo que por mais que insistam em resgatar é triste, não clássico, essas pessoas não envelheceram bem e o exemplo do protagonista é um caso típico. Solange é outro conto que gostei muito. A peculiaridade da classe média branca retratada em Dolores ''gostava de dizer que tinha sangue europeu'' em contraste com os dilemas da fisioterapeuta e da moça estranha que morava na casa. Gostei muito também do conto de Natália Borges Polesso, com seu personagem felino quase ao estilo de Murakami, mas com tempero e cor local. Me decepcionei um pouco com o conto de Miguel del Castillo, porque o conto parecia narrar um fato pós-pandemia de maneira inteligente no início, depois virou algo nelson rodrigueano pra cair em algo comum, um clichê literário. Os outros contos achei enigmáticos e pouco atraentes, imitações de Poe, Thomas Pynchon, Bolaño, complexas e que não me agradaram.