_Jorgeft 13/01/2023
Junho Ito diferentão!
Vi bastante críticas negativas e que apontaram coisas ruins ou frustrantes na obra... Eu pelo contrário vi exatamente de onde Junji Ito tirou essa história!
Uma das principais influências do autor é H.P. Lovecraft, sou um grande conhecedor e pesquisador do Lovecraft já tendo lido quase tudo o que o autor escreveu, e aqui eu vejo muito do Horror Cósmico do escritor americano. E talvez essa seja a primeira história longa do Junji Ito que eu tenha lido, tem Uzumaki, GYO e até A Sala de Aula que Derreteu, mas essas tramas são todas fragmentadas em narrativas que compõe a história principal. Aqui não, temos uma história que gira em torno de um mesmo eixo do início ao fim, óbvio que temos alguns capítulos mais episódicos, mas a trama continua por todo o mangá, não existe pausa da história da mulher de cabelos loiros e isso me pegou muito...
A trama do Divino Amagami é GENIAL! A metáfora com a religião cristã é de tirar o chapéu, mas ao mesmo tempo escancarada para o leitor, o que não nos leva a nenhuma outra interpretação. Aqui temos a luta do bem e do mal, do preto e do branco, do sim e do não... E isso completamente imerso no horror cósmico de Lovecraft.
Lovecraft é conhecido por deixar suas histórias sem explicações no fim, isso é frustrante as vezes e genial em outras e aqui o Ito faz algo GENIAL!
Não é um terror bodyhorror como outros mangás do autor, aqui temos um terror mais contemplativo, arrastado (no bom sentido da palavra), extremamente baseado na dúvida e na resposta que estamos esperando... Aqui Ito embarca em perspectiva narrativa e artística que, na minha opinião, é extremamente importante para a carreira do autor. Adorei esse mangá!