Resenhas - Beautiful World Where Are Yoi

Teresa 10/12/2021

eu amei
ler outros livros da sally rooney depois de normal people foi a melhor coisa que eu ja fiz. a escrita dela é absolutamente perfeita, eu me sinto vivendo uma cena da minha vida, por mais absurda que seja, pq consigo entender exatamente o que eles tao sentindo e me identificar, me colocar naquela situação. me da vontade de chorar as vezes, essas pequenas reflexões sobre a vida são lindas e incríveis

Julia 28/11/2021

Um dos temas mais característicos dos seus livros anteriores ainda se mantém no novo livro de Sally Rooney: o complexo da falta de comunicação decorrente de mentes solitárias, que buscam conforto e afeto nas pessoas mais inesperadas. No livro, temos quatro protagonistas com realidades diferentes, mas, que de certa forma, se encontram em meio ao seu caos decorrente da confusão interna comum.
Quem eu sou? Qual é o meu futuro? Qual é a minha função na Terra? Essas são três perguntas contemporâneas que parecem se repetir durante o enredo todo em meio às cenas diárias e às passagens cansativas das trocas de e-mails entre as duas melhores amigas. As respostas não são encontradas, tendo em vista que os personagens terminam a trama mais confusos sobre si do que quando começaram, todavia, pelo menos, vão, em passos lentos, expondo suas frustrações um com o outro, se abrindo e quebrando o primeiro obstáculo da falta de comunicação. Essa quebra constrói o diálogo de que todos estamos no mesmo barco e que não adianta guardar problemas para si, conversar é necessário para que o ato de viver não se torne um fardo, tal qual os protagonistas vivenciam.
Muitos podem criticar o excesso de passagens de sexo entre os relacionamentos, mas, veja bem, temos aqui três personagens passando por episódios de depressão (Simon, Eileen e Alice) e um que acabara de sair da mesma situação (Felix), lógico que a intimidade decorrente dos casais viria do desejo, ao passo que nenhum deles está pronto para lidar com seu passado, presente e, muito menos, sobre seu futuro. Consequentemente, se temos quatro pessoas que tentam ao máximo não se expor por meio de palavras, a vulnerabilidade transmitida nas passagens de sexo é o máximo que eles conseguem se abrir para o leitor sem a necessidade de diálogos desgastantes, os quais não só cansariam nós que lemos, mas também quebrariam a eles mesmos que buscam se salvar e não se afundar ainda mais quando estão juntos.
Outro aspecto é que temos quatro protagonistas se afogando em problemas pessoais, logo o volume da carga emocional pode desgastar o leitor e fazê-lo achar os personagens insuportáveis. Entretanto, a autora cansa de repetir de como eles mesmos também tem essa mesma mentalidade, fazendo com que todos ao seu redor acabem se afastando ao conhecer-los de maneira não tão mais superficial. Isso seja por meio dos relatos de relacionamentos amorosos anteriores fracassados, seja por conversas autodegradantes, em que eles mesmos se humilham de modo a reafirmar sua condição psíquica ?incurável? (isso é o que eles acham, não eu).
Sally Rooney repetiu aqui a mesma dinâmica de Normal People, mas sobre uma perspectiva mais madura do consciente de quatro adultos e não dois adolescentes. De maneira geral, uma leitura extremamente agradável e com a fluidez impressionante característica da autora. Não existe uma história mirabolante de fazer cair o queixo, o intuito é, puramente, de gerar uma reflexão introspectiva psicológica de que precisamos prestar mais atenção às pessoas ao nosso redor e que, de vez em quando, é mais do que necessário desacelerarmos, respirarmos fundo, e nos atentarmos com gratidão ao belo mundo onde vivemos, pois todos estamos juntos nessa grande missão da vida. :)

Bordingon 21/11/2021

Drama, emails, e como encarar o mundo a nossa volta
O que há lá fora de tão interessante que te faz se agarrar a vida? O que te leva a se relacionar com uma outra pessoa? Religião faz sentido ou só faz bem? Ou mal? Meio ambiente, fama e como convivemos com as cicatrizes do nosso passado...

Dos assuntos tratados no livro, a forma como ela descreve a fama e o que significa ser famoso, me chamou a atenção. A protagonista Alice Kelleher, uma escritora, que despontou para o sucesso quando escreveu um romance e sem perceber estava rodeada daquilo que muitos perseguem avidamente, a fama.

Uma frase do livro que descreve muito o que penso sobre o tema:

" Qualquer coisa que eu possa fazer, qualquer insignificante talento que eu possa ter, as pessoas simplesmente esperam que eu venda isso, quero dizer literalmente, venda por dinheiro, até que eu tenha um monte de dinheiro e nenhum talento restante."

Enfim, nas conversas os participantes buscam, assim como todos nós, os significados das ações e qual o valor de cada uma delas.

Leitura que cansa um pouco pelo excesso de drama e falta de acontecimentos relevantes , mas traz reflexões valorosas para o nosso pensar.

anne (: 31/10/2021

da Sally eu só tinha lido Normal People, assisti a série também, que inclusive achei melhor.

é curioso como eu achei essa a melhor escrita dela, dentro do que conheço, e ao mesmo tempo acompanhei cada personagem com um misto de irritação, torcida e ansiedade. e é curioso como a escrita dela consegue nos levar a divagar junto em várias temáticas e, ainda assim, ser um livro que fala essencialmente sobre as dificuldades em se relacionar. eu ainda não sei bem o que dizer, talvez nunca saiba; mas gosto do fato de que ela traz cruamente os dilemas da juventude consciente em 2021, ainda costurando ali bem nos finalmentes com a pandemia e efeitos do isolamento social. enfim: não consigo ter uma ligação forte e afetiva com os livros dela, e ainda assim eles me parecem tão necessários em existência quanto em continuidade. seguirei acompanhando essa promessa irlandesa (:

Duda Schivel 22/10/2021

Eu demorei um tempinho pra finalizar a leitura mas li ate os 60% bem rapidinho, tava fluindo mt rápido e eu tava gostando mas ai ja tinha passado mais da metade do livro e não me envolvi com nenhum dos personagens, não me cativei com nenhum nem me apeguei a nada nem ninguém

Os casais tiveram coisas que me incomodaram bastante mas num geral não foi uma experiencia negativa, considero um dos livros clássicos 3 estrelas, não foi uma experiencia negativa e não foi uma leitura massante mas ao mesmo tempo não foi nada memorável e não vou lembrar da historia daqui um tempo

rafaella 14/10/2021

isn't death just the apocalypse in the first person?
a sally rooney tem um talento pra desenvolver personagens extremamente irritantes e ao mesmo tempo extremamente reais (e talvez justamente por isso extremamente irritantes).

apesar de ter alguns aspectos bem parecidos com normal people, trouxe umas discussões novas e um formato novo, com as narrações seguidas por emails (que inclusive amei).

foi um daqueles livros que acho que gostei mais ainda por ter lido no momento presente da minha vida, que eu tava precisando de uns tapa assim.

como um todo top d+ 10/10

thasmiles 18/09/2021

Angústias do fim do mundo?
Tinha muito tempo que não lia um livro tão rápido. Não sou grande fã dos trabalhos anteriores da Sally, mas mesmo assim sempre tinha algo que me pegava e que achava que talvez no próximo trabalho dela ela me conquistaria e não estava enganada.

Sally apresenta 4 jovens com vozes e personalidade diferentes, mas que no fundo estão passando pelas mesmas angústias.
Para mim o ponto alto do livro é a troca de email entre as amigas Alice e Eileen. As angústias que a maioria dos jovens está passando durante esses últimos anos é muito bem representada ali.

Ana 14/09/2021

Há beleza no mundo?
A vida é estranha, aleatória e errática. O mundo é caótico e incerto.
Como existir em meio à ansiedade, medo, solidão e incerteza? Como viver uma vida significativa quando todos os aspectos dela são mercantilizados? Quando a comunicação parece ser uma cacofonia sem fim de pessoas que não se entendem?

Os amigos Alice, Eileen, Felix e Simon estão todos faixa dos trinta anos e tentando viver nesse mundo enquanto buscam encontrar respostas para essas perguntas, especialmente Alice e Eileen. Elas estão separadas no início do romance e se correspondem por meio de e-mails em forma de ensaio muito longos sobre vários assuntos: o papel do autor e do romance, a condição humana sob o capitalismo hiperconsumista, maternidade, desigualdade social, tudo misturado com as minúcias da vida diária e detalhes de relacionamentos complicados. Suas ruminações epistolares soam muito pessoais e reais. É triste testemunhar a solidão delas, a falta de comunicação e vazio. Mas há uma centelha de esperança de que elas descobrirão uma forma de viver.

O romance não tem enredo em si, é apenas uma série de situações que obrigam os personagens a interagir virtualmente ou na vida real. É uma comédia de costumes do século 21 com uma estrutura e um final cômico que lembra o romance inglês do século 19. Prepare-se para muitas cenas de sexo, algumas atrapalharam a narrativa, na minha opinião, embora lindamente escritas.

No final, embora não haja uma resposta certa para a questão do significado intrínseco da vida, ainda há amor neste mundo, ainda pode-se encontrar calor, conexão e bondade nele.