Marcela Sayuri 10/08/2020
Decidi ler porque ouço o podcast da Tati Bernardi com a Camila Fremder e Helen Ramos e foi uma grande decepção. Já conhecia as crônicas da autora e fiquei curiosa para ler seu primeiro romance e não sei se o tom cronista foi utilizado como recurso estilístico ou se foi limitação em escrever uma prosa de romance. Não me incomodo com escrita simples, mas me incomodo com escrita preguiçosa e teve momentos que eu pensava que uma revisão mais rigorosa já teria ajeitado alguns pontos. Digo isso porque tem uma frase que ela usa em um dos primeiros capítulos que é "Outro dia fiquei pensando que desenho eu faria de mim e me imaginei presa a uma bola de ferro. Mas a corrente da bola ia até meu coração" e a única coisa que consegui pensar foi que uma breve lida no livro Signos em Rotação do Octavio Paz, mais especificamente o capítulo em que ele dedica para imagem teria evitado essa utilização tão pobremente de metáforas. Em primeira pessoa e com capítulos curtos, temos brevíssimos lampejos do presente da protagonista, mal sabemos sobre sua descrição física ou como são os cenários que ela frequenta porque é totalmente focado nela contando episódios de sua infância com sua mãe. Achei que focaria mais na sua autodescoberta enquanto mãe, mas é o oposto; é uma reflexão enquanto filha. Nenhum momento a personagem interage com outras pessoas ou com seu marido e não sabemos se ela possui algum círculos de amigos. Me pergunto novamente se foi um recurso estilístico limitar nosso conhecimento do tridimensionalismo da personagem, tornando-a apenas uma observadora de sua própria história, ou se foi preguiça da autora em retratar o presente da protagonista, além das narrativas episódicas de seu passado. Li em uma tarde entre uma cochilada e uma fuçada no feed do Instagram e o último capítulo foi o único que me emocionou e me fez sentir a para onde ela queria chegar, pois até então estava bem turvo, sendo o melhor exatamente porque é o único foca no presente.