Victoria (Vic) 12/02/2022ik hou van jouTriste dizer que, em pleno 2022, ser mulher e estar no meio acadêmico-científico não é fácil (especialmente se você é uma mulher não-branca). Durante o curso de Medicina, lidamos com opiniões e frases machistas, tanto de médicos quanto de pacientes, homens e mulheres. Já ouvi que não seria uma boa escolha ser cirurgiã, já que "temos" que casar e ter filhos…, que tal especialidade era melhor para homens, que eu tinha que decidir minha futura profissão com base no meu GÊNERO. Dizer que eu priorizo minha carreira do que meu casamento/maternidade (que ainda nem estão perto de acontecer) é praticamente um insulto para quem acredita que essas são as atribuições femininas. Além disso, casos de assédio moral e sexual continuam muito frequentes no meio profissional e nem todos são denunciados. Fechar os olhos para isso e dizer que o mundo é assim, que não devemos lutar contra essas situações, ou até mesmo não reconhecê-las como erradas é ser um baita ignorante desconectado do planeta. Minha capacidade para ser médica é independente do meu gênero e sinto ORGULHO em dizer que serei uma mulher cirurgiã apaixonada por produção científica.
Além disso, ainda temos as dificuldades acadêmicas vivenciadas por todos: professores que abusam do poder, competitividade, prazos impossíveis, a cobrança externa e interna, a pressão em cima de nós. Nem sempre temos os resultados na hora, nem sempre conseguimos um bom feedback, é um caminho longo e difícil, ainda mais em áreas da saúde e pesquisa científica, como biomedicina, química e farmácia, que infelizmente estão longe de serem valorizadas no nosso país como merecem.
Dito isso, The Love Hypothesis, escrito por uma fantástica mulher autora de diversos artigos no campo da neurociência , traz a experiência feminina no mundo acadêmico misturada com uma deliciosa comédia romântica. Por meio de um namoro falso (mas sentimentos reais), nos apaixonamos por Olive e Adam e presenciamos um relacionamento saudável, divertido e funcional, um sopro de ar fresco no meio de tantas notícias opressivas atualmente. O efeito colateral é elevar o protagonista masculino a níveis incomparáveis de fofura (só namoro se for com um Adam Carlsen).
A escrita é completamente viciante, os personagens são críveis e a protagonista, com todas suas experiências e inseguranças, parece real. Ali Hazelwood acerta em trazer temas mais sérios, como machismo, assédio sexual e assédio moral no meio acadêmico e profissional, rotineiro na vida de tantas mulheres. O livro é inteligente, leve, proporciona risadas e borboletas no estômago. Coroado com cinco estrelas e um coração de favorito, recomendo profundamente para quem busca um romance viciante, clichê, mas não superficial. Eu amei e lerei tudo que Ali publicar, seja um artigo científico ou uma bela comédia romântica.