Christiane 09/02/2023
A autora faz uma releitura de Homero e a Ilíada, respeitando os principais pontos do relato de Homero, mas tirando as mulheres do silêncio que lhes foi imposto na obra clássica, onde elas são apenas citadas, quando não são consideradas as culpadas por tudo.
É interessante, porque eu me questionava como dar voz a mulheres de um tempo que não é o nosso, como alcançar o que elas poderiam pensar, o que deixaram de falar. Porém, a autora consegue fazer algo que em momento algum eu pensei: isto é o pensamento atual. Ela não retira as mulheres de seu contexto, não faz críticas ao fato de quando um lado ganha as mulheres do outro lado serão escravizadas e serão usadas como objetos sexuais.
A história foca em Briseida, que foi o prêmio de Aquiles e que depois Agamenon tomou dele quando teve que devolver Criseida ao pai e com isto levando Aquiles a não lutar mais.
É o dia a dia das mulheres escravizadas pela guerra, algumas eram rainhas como Briseida, outras são mulheres comuns, o que fazem, como passam o tempo, e o que falam.
É uma ficção, é literatura, portanto nada a criticar, me lembro de Marguerite Yourcenar que escreveu As memórias de Adriano, e também retornou a um tempo distante ao dela.