Caderno proibido

Caderno proibido Alba de Céspedes




Resenhas - Caderno proibido


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Carolina.Gomes 24/10/2022

O diário de Valéria
Curioso como alguns livros conversam tão intimamente com o leitor. Parece que o autor perscruta nossa alma e coloca ali, diante dos nossos olhos, nossos segredos, medos, angústias.

Foi exatamente assim que me senti com essa leitura. Impossível, para uma mulher, não se identificar com Valéria.

A personagem é uma mulher que, com o casamento, perde a própria identidade e passa a ser chamada de mamãe até pelo marido.

Ela não tem uma narrativa própria, tudo é contado a partir do seu relacionamento com os filhos e com o marido. Como se sua existência dependesse do núcleo familiar.

Escrever sua rotina, num caderno, lhe parece um delito, como se ela não tivesse direito ao mínimo de privacidade.

A partir da escrita, Valéria vai se redescobrindo e confrontando-se com desejos e vontades já esquecidos. Isso lhe causa culpa, medo e inquietação. Mas é impossível parar de escrever? a autodescoberta é um processo irreversível.

O inicio do caderno é marcado pelos acontecimentos rotineiros e sem importância, mas a medida que Valeria escreve, sua alma é exposta de forma poética e muito tocante.

Senti a angústia da personagem, sua invisibilidade, seu medo de não conseguir ?ser? sem se apoiar naquelas pessoas que a cercam.

Pensei no quanto somos anuladas pelos papéis que exercemos e sobre a necessidade de estarmos atentas para não nos perdermos de nós.

Alba de Céspedes me apresentou a Valéria e nela, vi a mim mesma e tantas outras mulheres que conheço.

Uma das minhas melhores leituras do ano, seguramente.
Fabricio268 25/10/2022minha estante
Gostei. Vou procurar esse livro. Obrigado.


Marilia 25/10/2022minha estante
Nossaaa, fiquei doida pra ler com essa resenha! Talvez eu passe ele na frente dos outros ?


Suelen.Philomeno 02/03/2023minha estante
Estou lendo e ja me sinto representada nessa resenha.


Raquel 19/04/2023minha estante
Estou lendo o livro agora! Amei as tuas impressões




Cleber 26/03/2024

Alba de Céspedes
Acompanhando a LC de março do canal do Pedro Pacífico, Bookster.
Gostei muito da leitura e da forma como o livro foi escrito com capítulos curtos e em primeira pessoa.
Vou aguardar o final da LC para deixar mais impressões sem deixar spoilers.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 23/06/2022

O Diário
A escritora italiana Alba de Céspedes (1911-1997) permaneceu ignorada pela critica durante muito tempo, apesar de seus livros sempre terem vendido bem. Entretanto, nos últimos anos, sua obra sofreu uma reavaliação e finalmente lhe foi conferida a devida importância, passando a constar entre as percursoras do movimento feminista na ficção. Aliás, é notória a influência das questões abordadas pela escritora na temática de Elena Ferrante que chegou a citar um de seus romances, Dalla Parte Di Lei, em Frantumaglia: Os Caminhos De Uma Escritora.

Contudo, o livro mais conhecido de Céspedes não é esse, mas Caderno Proibido que acaba de ser lançado no Brasil pela Companhia Das Letras, com tradução de Joana Angélica d?Avila Melo e interessante posfácio de Mariella Muscariello.

Escrito em 1952 no formato de diário, ele apresenta a dinâmica de uma família de classe média romana a partir da perspectiva de Valéria Corsati que, casada com Michele e mãe de dois filhos já crescidos, Mirella e Ricardo, divide seu tempo entre as tarefas domésticas e o emprego num escritório.

A narrativa cobre um período de seis meses e começa numa ensolarada manhã de domingo, quando ela resolve caminhar e, aproveitando o passeio, levar cigarros para o marido, que ainda dorme. Na tabacaria, um caderno chama sua atenção e, movida pelo irreprimível desejo de escrever um diário, Valeria consegue comprá-lo após alguma insistência, pois de acordo com a legislação local, só é permitida a comercialização de produtos essenciais ? fumo, bebida e comida ? nesse dia da semana.

Após esconder o caderno dentro do casaco, a protagonista retorna para casa temerosa e se sentindo culpada, pois sabe que o destino que pretende dar a ele, não será compreendido, nem bem recebido pela família. O diário torna-se o seu segredo e, longe dos olhares de Michele e das ?crianças?, o que deveria ser uma mera coletânea de lembranças, desencadeia um processo de autodescoberta capaz de desmoronar o mundo perfeito que sempre imaginou ter, inclusive, operando decisivas transformações na sua maneira de pensar e agir.

A bem da verdade, mudanças de paradigmas não são bem-vindas, em especial, numa sociedade conservadora como era a Itália em meados do século passado. Portanto, aos 40 anos, Valéria deve comportar-se tal qual uma respeitável senhora cujo marido a trata pelo execrável apelido de ?mamãezinha?, e os filhos, já crescidos e envolvidos com os próprios problemas, logo deverão estar casados e lhe dando netos. A aceitação desse prólogo da velhice é o fulcro da narrativa e remetendo a Hamlet: transgredir ou não, eis a questão.

Enfim, Caderno Proibido é um romance que gira em torno de personagens complexas, discorre sobre decisões difíceis e, sobretudo, revela uma história cuja contextualização é relevante para o processo interativo das personagens. Um processo que, ao abarcar temas universais como o desgaste do casamento e os conflitos geracionais, traz à luz uma miríade de sentimentos e emoções exibida com fluidez e na medida exata. Recomendo.
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FláRocha 13/05/2023

Deprimida!
Este livro desgraçou minha cabeça de um jeito que não sei nem explicar. Vou levar um tempo pra me recuperar. Mas é maravilhoso!
edna.ribeiro 13/05/2023minha estante
Desgraçou minha cabeça mas recomendo. Conheço bem essa dualidade. Hahaha




Liliana 23/04/2024

Faltou coragem
Valeria é uma mulher que está presa aos bons costumes impostos pela sociedade de que a mulher nasceu para ser esposa, mãe e dona de casa. Infelizmente, ela deixa de viver um grande amor por não ter coragem de mudar de vida e se libertar do passado. Ela também não consegue dizer não para seu marido e filhos e esses nãos ditos vão a consumindo internamente. Seu refúgio passa a ser um caderno no qual escreve sua vida na forma de diário. Por ser tão conservadora, acredita que o diário é um pecado no qual se deve se livrar dele. Fico imaginando quantas Valerias ainda existem na nossa sociedade, que preferem viver um casamento falido, sem amor à viver uma vida de felicidade... Lamento por você, Valeria.
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aline203 29/03/2024

Para uma fã de Elena Ferrante como eu, não foi difícil se apaixonar por Caderno Proibido. Nota-se desde o estilo da escrita, até o universo são muito próximas uma da outra.
O livro é escrito em formato de diário, e como todo diário estamos dentro da cabeça de quem o escreve.
Valéria passa por uma crise de meia idade com pouco mais de 40 anos, com dois filhos (gostei muito da personagem da filha Mirella), um trabalho e um marido.
Ela usa o diário como forma de reflexão da sua vida e consequentemente começa a tomar decisões baseada em reflexões.
Como pessoa que fez psicanálise, acho que o que houve com Valéria foi uma tentativa de se auto-analisar e que com o caminhar do livro, nota-se que para ela funcionou.
Adorei!
augusilveira 11/04/2024minha estante
Sempre tive curiosidade de ler Elena Ferrante, realmente as autoras têm uma pegada semelhante? Acho que vou adorar então, porque Caderno Proibido foi muito bom!




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elisa :) 09/12/2023

O poder que a escrita tem de nos fazer questionar as coisas.
Valeria é uma mulher de 43 anos que sai em um domingo para buscar cigarros pro seu marido e acaba comprando ilegalmente um caderno preto ("o caderno proibido"). Ela então começa a fazer anotações sobre o seu dia a dia, seu trabalho e sua família nesse caderno sem que ninguém saiba. Se sente, inclusive, pecadora por estar escondendo um diário de todas essas pessoas. Interessante perceber que ao mesmo tempo que ela se sente mal, ela anseia pelo momento em que estará sozinha para sentar e colocar suas reflexões no papel.

Ela acredita viver uma vida simples e feliz, acredita ter um bom casamento. Porém, conforme vai colocando em seu caderno seus pensamentos e acontecimentos do dia a dia, Valeria começa a notar uma profunda transformação em si mesma e a questionar certos acontecimentos que lhe pareciam convenientes e habituais.
Vanessa.Castilhos 09/12/2023minha estante
Adorei a resenha! Fiquei com vontade de ler. ?


elisa :) 10/12/2023minha estante
Indico, Vanessa! Se ler, me conte depois o que achou.


Vanessa.Castilhos 10/12/2023minha estante
Já coloquei na minha lista! ?


Fabio 13/12/2023minha estante
Adorei a resenha, Elisa!!!




Avner 27/03/2024

?Quanto mais me conheço, mais me perco?
Escrito pela autora italiana Alba de Céspedes, ?Caderno Proibido? é um diário de Valeria Cossati, uma mulher comum, casada há mais de vinte anos, mãe de dois filhos e funcionária de um escritório, no início dos anos 50, em um contexto pós segunda guerra. O livro começa com a aquisição de um caderno pela protagonista, no qual ela decide escrever, de forma escondida, sobre seu cotidiano.

Acredito que a premissa do caderno proibido e de o leitor ter acesso direto aos escritos que só a personagem tem, cria uma conexão imediata, uma sensação de acesso aos segredos, que torna Valeria alguém próximo logo nas primeiras páginas.

É um livro que revela os pensamentos mais íntimos de uma mulher que vive muito para todos (família e trabalho) e quase nada para si mesma. Apesar de publicado e se ambientar nos anos 50, tenho a sensação de que, em diferentes proporções dependendo do caso, muitas mulheres ainda passam por essa anulação de si, principalmente quando se tornam esposas e/ou mães. A leitura provoca muitas reflexões nesse sentido e permite muitos paralelos com a experiência de estarmos vivos no mundo e o que isso significa.

Sem grandes acontecimentos marcantes, é um livro muito reflexivo, um ótimo exercício de empatia e tentativa de compreensão do outro e de si mesmo por ser tão íntimo. Tudo isso com uma leitura fluida e que te deixa muito envolvido com os pensamentos da protagonista. Eu adorei! Recomendo demais!
Rodrigo1001 27/03/2024minha estante
O meu está na estante, aguardando pacientemente a sua vez chegar. Parabéns pela resenha.


Avner 27/03/2024minha estante
Aguardo pra saber se gostou quando chegar a vez dele! ?




Crixtina 24/09/2022

Muito marcante
Livro que conversou muito com o meu momento de vida , me fez refletir sobre muitos assuntos e em vários momentos me vi como a protagonista
Fecho minha leitura com este trecho

?Convém ignorar que a vida não passa de um caminho longo e difícil, acompanhado a cada hora por uma esperança que jamais conseguimos transformar em realidade.?
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Andreia 19/05/2022

O livro é narrado através de entradas do diário que Valeria comprou e mantém escondido. Através deste diário acompanhamos suas angústias, seus pensamentos, seus conflitos internos e seus desejos. Valeria é uma mulher de mais ou menos 40 anos, mãe de dois filhos adultos e funcionária de um escritório. Ela leva uma vida tranquila e monótona, vivendo no "automático" até o momento em que começa a escrever escondida em seu diário e passa a refletir sobre sua vida e relacionamentos.

Esse é um livro sem grandes reviravoltas, no qual acompanhamos o dia a dia de Valeria. E foi exatamente isso o que me conectou a história. Valeria é uma mulher comum, vivendo dilemas que qualquer mulher pode enfrentar. Apesar de ser uma história que se passa na Itália da década de 1950, os assuntos abordados no livro continuam extremamente atuais: culpa feminina, desejo sexual reprimido, imposição de costumes, expectativas de como uma mulher deve agir e ser, entre outros.

A escrita e a narrativa da autora são incríveis. Ela consegue transportar o leitor para dentro da mente da personagem principal, fazendo com que o leitor se conecte com a personagem e entenda seus sentimentos. O final foi realista, mas bem triste. Mostra a realidade nua e crua da existência feminina. Vale muito a pena ler esse livro! Super recomendo a leitura.
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@limakarla 15/08/2023

A escrita enquanto análise
Valeria, uma mulher casada, com dois filhos na juventude, um dia resolve comprar um caderno e isso muda completamente a sua vida. Passar a escrever diariamente como um diário faz com que a protagonista coloque em palavras tudo aquilo que pense e sente, o que a deixa tantas vezes confusa, angustiada, com vontade de desistir do caderno, vontade de fugir e iniciar uma nova vida, mas algo a faz escrever cada vez mais. Assim é um processo de análise. Envolve desejo, medo, vontade de desistir, vontade de falar mais.

É incrível e potente ver as mudanças de Valéria e sua busca para proteger aquilo que a faz feliz e é só seu. Escrita genial da Alba, livro apaixonante.
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julia 22/03/2023

Passada
Esse livro me acompanhou pelas férias e agora, na minha última semana, me deixa embasbacada. Antes de começa-lo já estava animada pela ideia da escrita como um processo terapêutico, mas a expectativa que eu tinha foi ultrapassada pela sinceridade contida nas páginas. Completamente viciante.
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Martony.Demes 19/03/2023

Livros contados por meio de um diário possibilita ao narrador e personagens revelar o que quiser. E Alba trouxe-nos, por meio de caderno proibido, muito sentimento que a protagonista não conseguiria fazer sem esse diário.

E no transcorrer do livro temos acesso aos seus sentimentos, as suas angústias e desejos. E mais interessante é que em muitas situações a gente se coloca no lugar dela. Talvez seja pela escrita ser tão simples e precípua e possibilita entender tudo!

No início ela descreve sua rotina, suas tarefas e até o ato de escrever é revelador: ela tem dificuldade de fazer, pois ninguém deve descobrir isso.

Nesse cenário, ficamos em diálogo com ela e nos é apresentado o quanto ele tem sua vida embotada para dá lugar e preferencia as vidas de seus filhos e esposo. E olhamos o que isso afinge-a e nos toca também!

Nos desdobramentos, percebemos que ela precisa de espaço e voz. E ela é ouvida pelo seu companheiro de trabalho, o qual começa ter uma certa afinidade paralela.

E muitas histórias são contadas por ela. E o diário é ao mesmo tempo, um confessionário, um personagem que a ouve e que lhe dá possibilidade de se revelar...

Eu gostei muito do livro! Convido-os a ler!
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