spoiler visualizarDEA 23/09/2023
Pesado!
A escrita é fluída apesar de ser pesadíssima e o livro é curto, ainda bem.
No entanto não consegui sentir qualquer empatia por alguns personagens, principalmente pela mãe biológica de Daniel. Não gosto de livros que colocam apenas a mulher como vítima da sociedade. No contexto do livro, na minha opinião, as piores vítimas foram as duas crianças, Daniel e Nagore.
Começamos a leitura com a primeira narradora, que não cita o nome, ela se casa aparentemente sem realmente amar o Fran, no entanto tem amantes, sendo um deles, Vladimir, que talvez ela ame. Quando ela perdeu o filho no parque, ela estava olhando no celular, esperando uma mensagem dele, pois ele tinha terminado com ela. O filho tinha 3 anos, é autista e a preocupação dela era o término com o amante ?. Uma pessoa se aproxima, leva o filho e ela não viu absolutamente nada. Desculpe, mas isso me mostra total egoísmo além de falta de responsabilidade e não que isso prova que a maternidade é um peso. Outro ponto, em nenhum momento foi imposto a maternidade para ela, ela simplesmente engravidou e desconfio até que seja do amante e como ela não desejava ser mãe, quando descobriu que Daniel era autista, a situação ficou pior para ela e ela faz vários comentários bem pesados sobre ser mãe.
A segunda narradora, que também não cita o nome, está totalmente fora da casinha e conforme vamos conhecendo os fatos descobrimos vários traumas, mãe que foi estuprada pelo irmão, portanto seu pai era seu tio, irmão que morreu de forma super trágica, depois ela teve um aborto espontâneo, além de ter um marido violento, que sequer queria ser pai, a traía, ela que sustentava a casa e quando ela saiu do hospital ele não cuidou dela.
Daí levanto o questionamento: ela foi proibida de seguir sua vida? foi obrigada a permanecer com ele? foi cobrado a maternidade? Não para todas as perguntas. Ela por si própria tinha um desejo imenso de ser mãe e constituir uma família e diante disso acabou roubando o filho da primeira narradora. Atitude normal? Lógico que não.
Vi inúmeros comentários dizendo como a maternidade é pesada e as mulheres precisam se virar sozinhas etc e indignadas com a situação apenas das narradoras, mas não vi por exemplo, as pessoas incomodadas como as duas tratavam as crianças.
A mãe de Daniel somente percebeu que ele tinha transtorno após seus dois anos, no entanto a Nagore, que era uma criança, percebeu bem antes. Além disso, ela tratava a Nagore com extrema frieza além de bater nela mais de uma vez e a menina ao invés de retribuir, lhe fazia carinho. O fato dela não querer ser mãe, justifica essas atitudes? Para mim não.
Pelo menos a segunda narradora logo de cara percebeu que Daniel (Leonel como ela chamava) tinha autismo, no entanto, isso não a impediu de gritar com ele, xingar e bater pois ele fazia cocô na calça ?.
Acho que o livro se salva por um único ponto, a personagem Nagore. Apesar do seu pai matar sua mãe, ser separada dos avós e ir morar em outro país com duas pessoas que não a amavam, ela era carinhosa com a madrasta mesmo sendo maltratada, cuidava do Daniel, parecia alienada às atitudes negativas dos adultos, não se "contaminando" com isso. Ela é um exemplo de força e coragem. E fiquei imensamente feliz quando ela retribuiu um tapa na madastra, sim vibrei pois ela sofreu inúmeras vezes na sua mão sem poder reagir pois era uma criança.
Por fim Nagore retornou aos avós e espero que tenha tido uma vida mais feliz, leve e com muito amor (esse final ficou em aberto pela autora). Foi a única personagem que eu me conectei.
As personagens narradoras eram egoístas ou para não dizer insanas em certos momentos, principalmente a segunda. Literalmente eram casas vazias, como diz o título.
Rafael é um escroto, acomodado e violento.
Fran não se impõe e acha que apenas fazer provisões para a casa já bastava.
O pai de Nagore que matou sua esposa e foi condenado pelo que fez (foi um ponto positivo).
Daniel infelizmente não teve um bom final e fiquei triste por isso, mas o livro é tão pesado que sinceramente não foquei muito nisso, só queria finalizar o livro.
Quero pontuar uma coisa, não sou mãe, mas cuidei de dois sobrinhos por anos e um em especial desde bebê e apesar da responsabilidade e dificuldade que obviamente tem, era prazeroso para mim. Sempre quis dar o melhor para ele, ser amiga e se pudesse teria cuidado permanentemente, então não entendo, de verdade, essa obsessão em colocar como sendo ruim ser mãe.
Será que as pessoas esperam que seja perfeito ou fácil? ? É óbvio que dá trabalho, afinal, nada na nossa vida é, mas ser monstruoso???? Achei realmente bem pesado esse ponto do livro e por esse e tantos outros motivos, não recomendo essa leitura.