fernandaugusta 28/01/2024Greenwich Park - @sabe.aquele.livroHelen tem um casamento perfeito, uma vida confortável em uma casa enorme na área de Greenwich, Londres. Tudo em sua vida se encaminha para o ápice das realizações, já que ela finalmente está grávida - e saudável - após quatro abortos anteriores. Agora ela e seu marido Daniel estão preparando tudo para receber o herdeiro, e a felicidade é maior ainda pois o irmão de Helen, Rory, e sua cunhada e melhor amiga, Serena, também estão esperando um bebê.
Devido aos riscos da pressão alta na gestação, Helen entou de licença-maternidade mais cedo e começou um curso pré-natal. A princípio chateada pela ausência de Daniel - sempre trabalhando - e também de Serena e Rory - que deram um bolo nela escolhendo outro curso, Helen se sente meio deslocada na aula. Até conhecer outra gestante solitária, Rachel.
Apesar de serem muito diferentes e de Rachel ter comportamentos muito estranhos, logo Rachel e Helen estão se esbarrando direto e começam uma amizade. Misteriosa acerca de sua própria gravidez, Rachel começa a se fazer cada vez mais presente na vida de Helen, até o dia em que, abalada e agredida, pede abrigo na casa da nova amiga. Relutante, Helen acolhe Rachel, mas logo coisas mais estranhas começam a acontecer e a convivência fica insustentável, até o dia em que Rachel desaparece, deixando um rastro de conexões indefinidas com toda a família de Helen. Quem é Rachel, o que ela pretendia ao se aproximar de Helen e o que aconteceu com ela, afinal?
Posso dizer aqui que fiquei presa neste livro com vontade de virar a madrugada lendo, apesar da primeira metade ser lenta para a história, funcionando como um cenário para Rachel e toda a perturbação que ela traz para a vida de Helen. A autora criou uma personagem impossível de decifrar em Rachel, e a cada vez que ela aparecia me causava asco. Some-se a isso o fato de Helen estar na reta final de uma gravidez de risco, e temos uma situação realmente muito tensa, com uma sensação de perigo oculto muito forte.
Logo vemos que toda a aparente perfeição da vida de Helen e de sua família próxima é uma camada de verniz com lodo por baixo. Helen é extremamente insegura, invejosa e carente, uma pessoa que fica o tempo todo se comparando e querendo ser a cunhada, Serena. Já todos os outros também vão ganhando seu quinhão de esquisitices a medida que os capítulos são narrados, ora por Helen, por Serena, por um misterioso narrador masculino frequentador de Greenwich Park e pela amiga de Helen, Katie, que é repórter investigativa.
O sumiço de Rachel começa a movimentar as coisas e a mostrar quem é quem. Confesso que desde o início eu já desconfiava do plot principal da história e diria que acertei na mosca, exceto por poucos detalhes. Isso em si tirou pontos da leitura, afinal, depois de uma construção tão boa, ter caído em algo que para mim foi visível desde o início me fez desejar mais do enredo. O desfecho foi satisfatório, com mais algumas surpresas, mas não me tirou a sensação de estar lendo "o mais do mesmo" em relação a outros livros bem conhecidos (que não vou nem citar aqui, senão vocês já vão matar a charada) - porém o mais do mesmo bem escrito, que prende a atenção e dá nervoso mesmo assim.
Para seu suspense de estreia, Katherine Faulkner foi muito bem e "Greenwich Park" é uma boa pedida para quem gosta do gênero.