A outra filha

A outra filha Annie Ernaux




Resenhas - A outra filha


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Bruno.Dellatorre 13/10/2023

Impactante do começo ao fim
Quarto livro da autora que leio, sem dúvidas o melhor até aqui. O estilo dela, que costuma impressionar pela crueza e sinceridade, aqui chega a causar espanto.
Ao falar da irmã morta, Annie consegue evocar todo o silêncio, a estranheza e o assombro que caracterizam sua ausência.
Prende o leitor o tempo inteiro, uma incômoda hipnose como eu nunca antes tinha visto - realmente uma escritora especial. A cada livro seu que leio, mais me sinto próximo dela. Temos um pensamento muito parecido. Ela descreve sensações que teve que eu também tive e nunca tinha visto alguém descrever de forma tão precisa.
Recomendo muito.
Bia 07/02/2024minha estante
Olá! Por qual livro da autora você me recomenda iniciar? Obrigada!


Bruno.Dellatorre 07/02/2024minha estante
Essa que resenhei mesmo acho uma ótima porta de entrada. Eu comecei com "O jovem", que foi bom mas é muito curtinho e esquecível. "Paixão simples" acho que também serve. Só não aconselharia "A vergonha", que pra mim foi o mais chato, nem "O acontecimento", que é tão chocante que até hoje não me recuperei




Bárbara Matsuda 09/04/2024

Ernaux descobre aos 10 anos que teve outra irmã, que faleceu de difteria aos 06 anos. ela nos passa a sensação de ter sido uma sombra da irmã: pois esta, morta e pura, atingiu um nível imaculado/inalcançável para a família e para autora, esta viva e errante. mais que isso, é a percepção de ter vindo ao mundo para substituir um outro.

ela escreve uma pseudocarta endereçada a irmã morta, como forma de reelaborar ambas existências, revisitando fotos e memórias incompreendidas.
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@limakarla 01/10/2023

Como é incrível estar viva na mesma época que essa mulher! Poder ler seus livros, um atrás do outro e ir sentindo que conheço mais e mais um pouco desse furacão que é a Annie. Mais uma história envolvendo a sua família mais próxima, seus pais, suas histórias entrelaçadas e que a colocam diante do desejo da escrita, numa tentativa de compreender algo de si e suas relações. Excelente.
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Marcelo 09/10/2023

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
Confesso que dos livros de Annie Ernaux que li até o momento, "A Outra Filha" foi com o qual eu mais me envolvi. Trata-se de livro resultado de um convite recebido pela autora para participar da coleção francesa Les Affranchis, onde escritores são convidados a escrever a carta que nunca foi escrita. Neste caso, Annie Ernaux usa essa oportunidade para abordar um trauma de sua infância, que até então ela mantivera em segredo.

No verão de 1950, quando Annie tinha apenas 10 anos, ela escutou uma conversa entre sua mãe e uma cliente, na qual descobriu um segredo perturbador: seus pais haviam tido outra filha antes dela, que morreu aos seis anos de idade devido à difteria. A mãe revelou à confidente que eles esconderam a existência dessa irmã mais velha de Annie para não entristecê-la, e ainda afirmou: "ela era mais boazinha do que aquela ali".

Ao longo dos anos, a existência dessa irmã nunca foi mencionada novamente, exceto por lapsos ocasionais de familiares. Annie também escolheu manter esse segredo, acreditando que o silêncio era benéfico para todos os envolvidos.

No entanto, quando recebeu o convite para escrever a carta que nunca foi escrita, Annie Ernaux viu a oportunidade de exorcizar esse segredo e o peso que a existência da irmã falecida exercera sobre ela ao longo de sua vida. Em "A Outra Filha," ela escreve uma carta dirigida à irmã que nunca conheceu, explorando seus sentimentos e reflexões sobre como a morte dessa irmã influenciou seu próprio nascimento e identidade.

Annie Ernaux examina profundamente o impacto dessa revelação e como isso moldou sua percepção de si mesma, sua família e sua vida. Ela pondera sobre como teria sido um mundo sem ela e qual seria o propósito de sua existência. O livro revela o processo de Ernaux de enfrentar suas próprias memórias e sentimentos, ao mesmo tempo em que questiona a ambiguidade entre a morte da irmã e o início de sua própria vida.

O resultado dessa carta/livro talvez seja seu maior diálogo de sí mesmo com a psicanálise, na tentativa de curar suas feridas, traumas e se reconciliar com quem é e pôde ser.

Super recomendo a leitura!
edu basílio 09/10/2023minha estante
ah, celo, que resenha bacana! eu nem ia ler este por agora e você me "obriga" a desafiar os limites do meu cartão de crédito ?


edu basílio 09/10/2023minha estante
que resenha bacana, celo! eu nem ia ler este agora mas vc me "obriga" a desafiar o limite do meu cartão de crédito ?


Marcelo 09/10/2023minha estante
Amigo, vou te falar que foi o livro dela que mais gostei até o momento




13marcioricardo 04/12/2023

Tragédia familiar
Annie teve uma irmã que morreu antes do seu nascimento. Um tabu entre Annie e seus pais. Este livro é uma carta para a mana mais velha que nunca chegou a ser. Como a maior parte dos livros que tenho lido da autora, é chato com alguns momentos brilhantes.
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Claudia 07/10/2023

Poderia ser uma crônica
Não foi o melhor que li da Annie Ernaux, fiquei com a sensação de que o assunto foi esticado para virar livro, caberia em uma coletânea de textos mais curtos.
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Icaro 09/09/2023

Humano como sempre
Último livro da autora publicado no Brasil pela Editora Fósforo.

Assim como os demais, a autora relata um momento da sua vida, especialmente a descoberta de que tinha uma irmã.

Ao se aprofundar em uma análise sobre a vida de sua irmã e a razão de sua própria existência, a autora se debruça na aleatoriedade da vida e seus caminhos.

Um livro breve, em formato de carta, mas muito profundo! Vale a leitura.
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Lara BL 18/09/2023

Uma carta
A escrita de Ernaux me toca muito e esse livro em especial me balançou bastante por questões da minha própria história. A obra não se resume a um relato autobiográfico, mas sim a uma carta escrita a irmã que Annie nunca teve, cujos leitores somos nós.
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Rafael Mussolini 13/05/2024

A outra filha
"A outra filha" da Annie Ernaux (Editora Fósforo, 2023) é uma verdadeira sessão de psicanálise, onde a autora explora o peso e o mistério da ausência de uma irmã que nunca conheceu. Annie descobre por acaso, ao ouvir uma conversa de sua mãe, que teve uma irmã morta pela difteria com apenas 6 anos de idade, falecida na quinta-feira Santa de 1938. Os anos seguintes da família serão de uma negação controlada, onde todos fingem não saber da história da menina morta. Com o decorrer dos anos, Annie vai entendendo que todo o silencio é apenas a forma que seus pais encontraram de lidar com a dor.

É tocante a forma como Annie Ernaux olha para seus pais na obra. Não existe julgamento pela lei do silêncio estabelecida, existe uma filha, a que viveu, tentando dar sentido à própria existência, que também passa pela existência de sua irmã e de seus pais. Ainda que o não dito tenha afetado profundamente a vida de Annie, em certo trecho da obra ela diz que não cabe a ela censurá-los, pois “os pais de uma criança morta não sabem o que a dor deles causa à criança que está viva”.

Com um texto sincero e visceral, ela fala sobre suas angústias e curiosidades em relação à irmã. Quando iniciamos o livro, imaginamos que o título “A outra filha” se trata da irmã morta, mas conforme a escritora devassa seus sentimentos, percebemos que a outra filha se trata da própria Annie, a irmã que veio depois.

"Mas você não é minha irmã, você nunca foi minha irmã. Nós não brincamos, não comemos, não dormimos juntas. Eu nunca encostei em você, nunca te abracei. Não sei a cor dos seus olhos. Nunca te vi. Você não tem corpo nem voz, é apenas uma imagem chapada em algumas fotos em preto e branco. Não tenho lembranças suas. Quando nasci, você já tinha morrido havia dois anos e meio. Você é a criança dos céus, a menininha invisível de quem nunca falaram, a ausente de todas as conversas. Você é o segredo."

Com os resquícios deixados por poucas fotografias antigas, relatos tímidos e breves de familiares e objetos que pertenceram à menina, Annie vai construindo uma imagem sobre quem foi sua irmã em sua rápida passagem pela vida. Inevitavelmente a escritora começa a estabelecer comparações que versam sobre sua personalidade e a da irmã, a relação de seus pais com as lembranças e até mesmo o desenhar de um cenário onde a menina estivesse viva.

Como o livro é estruturado como se fosse uma carta para a irmã, Annie aproveita para falar abertamente sobre tudo o que sente e dá notícias de como a vida de seus pais seguiu após a perda. Ela dialoga com a irmã ao mesmo tempo que dialoga consigo. O texto da autora parece um grito em resposta a um pacto de silêncio involuntário firmado com seus pais. Principalmente com sua mãe.

"Escrever para você é te falar dela o tempo todo, ela, a detentora da história, a que profere o julgamento, com quem o combate nunca cessou, exceto no fim, quando ela estava tão miserável, tão perdida em seu desatino, que, então, eu não queria que ela morresse."

Além de servir como uma forma de se entender, de comungar com os dilemas de sua família e internalizar a ausência da irmã, escrevendo uma carta, Annie Ernaux reflete sobre seu exercício de escrita e como o ato de escrever é a melhor representação de sua própria existência.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2024/01/a-outra-filha-da-annie-ernaux.html
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Daiane316 02/10/2023

Ernaux e seu texto catártico.
Toda vez que leio algo dessa autora, eu me emociono. Sei lá, simplesmente acontece de eu me deixar levar pelo seu desabafo, pelas suas vivências e perdas, que com ela eu tb me derramo.
Nesta pequena maravilha, ela discorre uma pequena carta póstuma a sua irmã falecida aos 6 anos de difteria. Esse fato era tido como um segredo entre seus familiares, e após descobrir, ela conviveu com o luto tardio de uma irmã que nunca chegara a conhecer. Esse relato é poderoso. Se engana muito bem quem pensa que por se tratar de um livro pequeno, o texto passa batido, pelo contrário, há dor, amor e reconciliação com seu passado e suas comparações, seus achismos e a saudade. Um lindo relato, uma carta a um ente que partiu cedo. Chorei e não foi pouco. Ernaux sabe como ninguém escrever sobre emoções e sentimentos. Recomendo a leitura.
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Ellie 16/11/2023

Segredo
Familia consegue esconder o falecimento da filha mais velha da filha mais nova, até que a filha mais nova descobre, mas esta nunca conseguiu conversar com os pais sobre o assunto.
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Aléxia 19/11/2023

A dicotomia de se tornar "a outra"
A carta que nunca foi escrita.

“É claro que esta carta não é destinada a você, e você não vai lê-la. Quem vai recebê-la são os outros, os leitores - tão visíveis quando você no momento em que escrevo. No entanto, existe no fundo de mim um pensamento mágico que gostaria que, de modo inexplicável, analógico, ela chegasse até você assim como, há muito tempo, num domingo de verão (…), me chegou a notícia de sua existência por meio de uma história que também não se destinava a mim”.

Se é difícil pra mim escolher as palavras pra falar sobre esse livro, penso no processo de escrita da Annie Ernaux em acessar de um modo tão visceral e direto - em segunda pessoa - o trauma da irmã que morreu antes dela, e sobre quem seus pais nunca falaram.

Quando me perguntam qual o primeiro livro dela pra ler, eu sempre respondo O Lugar, como uma introdução ao modo de escrita, ou O Acontecimento, como a maior porrada que você vai tomar. Mas talvez A Outra Filha seja a nova resposta, por condensar em 64 páginas um dos mergulhos mais profundos que ela dá em si e no outro. É quase como acompanhar uma sessão de psicanálise.

Nesse sentido, lembro de comentar, quando soube o nome do livro, que era um mashup de Elena Ferrante com Annie Ernaux. Fiquei com isso na cabeça e agora, tendo terminado o livro, vejo que essa analogia vai até mais além. Existir através do outro, existir aos olhos do outro. Um outro que ela nunca conheceu, mas que determinou algumas das principais dicotomias que ela passou a viver, com dez anos, quando descobriu que era “a outra”.
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Dalila 28/03/2024

"Escrever para você é apenas trilhar o percurso da sua ausência."
Depois de ler "Uma paixão simples" eu já esperava um texto cruelmente honesto, mas fui pega desprevenida, mais de uma vez inclusive. Principalmente pq esse é basicamente um compilado de pensamentos cruéis, tristes e egoístas de uma pessoa que não é cruel, nem egoísta, e na maior parte do tempo também não é triste.
O texto é uma carta aberta pra irmã dela que faleceu antes que ela tivesse consciência de que essa irmã existia, e em grande parte esmiúça os reflexos que o fantasma dessa irmã deixou na vida dela, especialmente no que diz respeito ao amor materno. É ambíguo, forte, honesto e muito feminino. Não no sentido de despertar feminilidade, mas de tocar em pontos muito específicos de uma dinâmica que só consegue se estabelecer entre mãe e filha. Também senti uma leve culpa cristã. O que é incrivelmente acurado pq muito da culpa cristã de quem cresce em um lar católico é relacionado a obedecer e agradar aos pais (especialmente a mãe).
É um desabafo de como ela se sentiu traída por não ser o único alvo de amor materno e como ela se ressente de se sentir assim. Acho a Annie genial, ela é sucinta, direta e brutal em todos os texto o que torna cada livro dela uma experiencia única. Dos que eu li (que foram poucos) não foi o que eu mais gostei, mas com certeza recomendo!
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Mia 18/12/2023

O livro é uma carta da annie ernaux para a irmã mais velha que faleceu mas que ela nunca tinha se dado conta que ela existiu até escutar a mãe contando numa conversa com outra pessoa

é um livro rápido porém belo
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Thais.Barbosa 08/03/2024

Muito lindo! Essa carta ao mesmo tempo que é muito pessoal consegue englobar o sentimento do luto do não conhecido que todos (acredito) uma vez já sentimos. Consegui me ver em alguns parentes que estiveram lá mas para mim não existiram, ao mesmo tempo que foram muito importantes para meus pais.
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