Peleteiro 14/01/2023Livro lindo!Iniciei a leitura reticente diante do vocabulário. Ao mesmo tempo que, no início da obra, a autora não cai em repetições, e nem se utiliza de termos pobres ou que soam esquisitos, a linguagem parece extremamente descritiva, sem "invencionices" ou qualquer tipo de brilho estético, o que compreendi quando li que, antes de Mesmo Rio, Elisama apenas escrevia não-ficção. De todo modo, prossegui a leitura, interessado nas questões que trazidas e nas camadas promissora.
Entretanto, aos poucos, a narrativa vai adquirindo tons de grandeza, de modo que descrições sensibilíssimas aparecem como se, durante a escrita, Elisama se tornasse uma grande romancista com o decorrer da obra. Com o crescimento dos diálogos, os personagens ganham mais vida, e com vida a história flui com a rapidez de um rio.
São milhares as obras que se propõem a fazer com que enxerguemos o outro, mas pouquíssimas alcançam o seu objetio. "Mesmo rio" alcançou. Com seu olhar de psicóloga, Elisama destrinchou com excelência questões relativas a masculinidade, machismo, egoísmo, ressentimento e reflexos de feridas abertas que ecoam durante vidas inteiras. Sem dúvidas, o livro está no meu top 5 de romances contemporâneos.
Depois de "Tudo é rio", gostar tanto de "Mesmo rio" me deixa com a impressão de que vou me encantar todo livro que tiver a palavra "rio" no título, rs.