Resenhas - Futuro ancestral

Yasmin O. 08/10/2023

... se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral...
"Esse é o mistério indígena, um legado que passa de geração para geração. O que as nossas crianças aprendem desde cedo é a colocar o coração no ritmo da terra". Ailton Krenak

Eu li esse livro quase todinho na beira da água, ouvindo o marulhinho das águas resilientes da Iguaá-Mbara batendo nas pedras, e não poderia ter havido uma companhia melhor, tratando-se o primeiro texto justamente de uma saudação às águas. E eu nem tinha lido o sumário, uma sincronicidade. Um livrinho curto que trata de tanta coisa . Me trouxe um pouco de volta pra mim. Ailton sempre necessário ❤️.

Victor Meira 08/03/2023

ANCESTRALIDADE, SAGRADO E EDUCAÇÃO
Quem insiste em dizer que o Brasil foi descoberto em 1500 ignora toda riqueza cultural, espiritual, educacional e civilizatória existente desde sempre sobre a terra invadida. Este livro nos faz ouvir o que era o Brasil pelo olhar do próprio povo originário. Se os saqueadores europeus foram burros por menosprezar a 500 anos atrás, a sociedade atual é ainda mais burra e insensível por não compreender a importância de resgatar e proteger os conhecimentos e povos que fizeram desta terra um dia uma sociedade muito mais evoluída que esta selva de pedras. Ailton Krenak nos mostra o qual sagrado são nossos rios, nossas crianças e nossa terra, e o porque não nos é permitido acreditar nesta verdade.

thepolicx 12/11/2023

Li este para uma apresentação que vou produzir para a aula de Cultura e Literatura Brasileira da universidade. Os textos da coletânea te fazem pensar em questões que a nossa vivência urbana não permite e nos impede de tocar. Indico bastante!

Cleandho 30/12/2023

Um conhecimento que vale ser compartilhado e discutido
O livro como todo traz discussões sobre diversos temas como a forma como vivemos nas cidades, a ideia de uma POLItica e uma CIDADAnia, mas que deveríamos pensar em uma FLORESTAnia, ou seja uma visão que nos conecte com a natureza.

Também aborda outros temas como a visão dos espaços privados x coletivos, do respeito aos ancestrais como uma forma de maior conexão com a vida entre outros. Na última parte do livro, achei linda a forma como ele discute a educação. De como as crianças são criadas em salas de aula limpas, fechadas, isoladas do mundo onde não se tem contato com a natureza, com os sons, os cheios, os movimentos, as texturas, a vida pulsando, os riscos e a curiosidade e assim não aprendem a valorizar e a respeitar a natureza que nos cerca.

Criamos crianças que pensam que a terra que sai junto com a batata ou a cenoura é sujeira, ao invés de ver isso como o suporte da vida e assim vamos ficando sem raízes, sem conexão e querendo eliminar e afastar tudo que seja natural.

As palavras aqui nesse livro foram muito profundas e gosto de pensar que esse pequeno livro é enorme em seu conhecimento e deve ser transmitido por aí!

Henrique653 01/04/2023

Deu vontade de morar no mato
De uma forma carinhosa e séria, Krenak nos dá uma aula sobre o conhecimento ancestral dos povos originários, e seu vínculo antigo e respeitoso com a natureza (da qual somos parte), sempre apresentando seu mundo em contraponto ao nosso, o dos brancos, que enxerga o mundo como uma coisa útil. Abrir espaço para a visão dos habitantes nativos destas terras, pode ser nossa saída de um futuro terrível evitável.

Lala 24/03/2023

Tudo no livro é suavemente reflexivo, Ailton nos faz pensar sobre o passado evocando sua concepção de ancestralidade e colocando-a em contraposição a nossa. Tentei ter ao máximo uma observação atenta e sensível da cosmovisão que nos traz diversos questionamentos, não apenas sobre a vida em sociedade, mas também sobre a essência de existir e a procura por um futuro melhor. Esse futuro não está diretamente ligado à educação, pois o futuro é imaginário, ao passo que a educação deve ser real e presente. A mesma sociedade que está presa numa busca incessante pela educação é a mesma sociedade acomodada com a ideia de que o capitalismo não terá fim, estamos cegos e não enxergamos o capital como responsável pelo empobrecimento da nossa própria existência. Os seres urbanos-industriais não sabem viver, mas temem a morte mais do que qualquer outro animal. Os pássaros morrem, as árvores morrem e tudo envelhece, estar ao lado da velhice é resgatar os vínculos com a nossa ancestralidade e de reencontro com nossos antepassados. Somos filhos da Terra, estamos aqui e não podemos deixar que a lógica ocidental nos coloque em oposição à natureza. A ancestralidade é uma experiência geracional de trocas, devemos ensinar os mais novos sobre o amor, a esperança, a empatia e o respeito para que essas crianças lá na frente possam se preparar e entender a vida adulta. A base dessa educação é feita com o cotidiano e experiências são fundamentais para se perceber como sujeito coletivo e entender o seu lugar no mundo.

Gaby 14/03/2023

Seria um sonho ter como realidade um futuro que remetesse ao modo de vida que tínhamos anos atrás. Essa é a temática abordada no livro. Seria o futuro amcestral?

L. B. Böer 29/09/2023

?(?) se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral?
Comecei a ler essa obra-prima logo depois de concluir a leitura de ?A Ilha das Árvores Perdidas?, (uma história que me tocou demais) e acho que isso agregou ainda mais nessa experiência transcendental que tive com ?Futuro Ancestral?.
Ambas as obras tratam de ancestralidade e do ser humano como sendo intrinsicamente pertencente ao meio natural, mas na obra de Ailton Krenak, a presença desses dois assuntos é técnica, sem deixar de ser extremamente poética.
Essa com certeza foi uma das melhores leituras do ano, e acho que em 120 páginas aprendi mais coisas sobre nossa existência do que em muitas coletâneas extensas feitas por teóricos brancos que tentam explicar a catástrofe humana, e como sobreviver a mesma.
Por pouco não grifei o livro inteiro, mas foi bem difícil. Krenak fala muito sobre nossa sobrevivência no meio do ?capitaloceno? e em como é importante manter a memória viva da ancestralidade pra que a gente saiba como compor o futuro nessa terra.
Acho que um dos meus trechos favoritos foi quando Krenak disse: ?se o colonialismo nos causou um dano quase irreparável foi o de afirmar que somos todos iguais. Agora a gente vai ter que desmentir isso e evocar os mundos das cartografias afetivas, nas quais o rio pode escapar ao dano, a vida, à bala perdida, e a liberdade não seja só uma condição de aceitação do sujeito, mas uma experiência tão radical que nos leve além da ideia da finitude. Não vamos deixar de morrer ou qualquer coisa do gênero, vamos, antes, nos transfigurar, afinal a metamorfose é o nosso ambiente, assim como das folhas, das ramas e de tudo que existe?.
Esse é o tipo de livro que precisa ser lido diversas vezes, em diversos momentos da vida, porque mesmo sendo pequeno em quantidade de páginas, o saber aqui é imenso.

Claudia.M 27/02/2023

Pluralidade de universos
Mais um livropara guardar no coração, saber de 'cor', de coração. Ailton Krenak nos conquista com sua linguagem direta e ao mesmo tempo erudita, falando tudo o que quer dizer sem floreios academicistas. Falar de ancestralidade não é voltar ao passado, ao que não vale mais. Muito.pelo contrário, é reconhecer o que é de fato importante.
Gostei especialmente do capitllifinal que trata de infância e educação. Livro de cabeceira.

naedellaparma 30/09/2023

Qual o nome dos rios que nutrem sua terra?
Necessário, não tem outra forma de indicar esse livro. Somente necessário. Leiam, futuro ancestral é o caminho para se pensar um mundo com a esperança de ser encantado novamente.

Viih Toledo 06/02/2023

Existe futuro?
Nesse livro, Ailton Krenak critica diversos tópicos presentes na vida humana, como o cotidiano, idéias sanitárias, educação, centros urbanos, política, o capitalismo, ações humanas sobre a natureza, princípios, democracia, ancestralidade, e o principal, o futuro. Ele nós faz refletir sobre tudo que jamais pensamos de uma maneira que jamais vimos.
"O futuro não existe - nós apenas o imaginamos."

Thiaguinho547 17/01/2023

Krenak é essencial
15/01/2023
Ler krenak é muito massa! O cara sabe demais e nos mostra isso com suas palavras.
Ler krenak faz um bem danado!
Sempre certeiro no que diz
Sou fã!

Otávio 24/10/2023

Karnak é a ponte entre a ancestralidade indígena e o futuro
Mais uma vez maravilhado em como Krenak nos fornece as lentes necessárias para enxergar o mundo da maneira que a cultura ancestral indígena o enxerga. Cada fala do autor é um rio de aprendizado que nos atravessa ao compartilhar conosco, de maneira simples e didática, como somos parte da natureza - e não algo aquém dela. Recomendo a leitura para todos que buscam questionar tanto o mundo que existe ao nosso redor quanto o que reside dentro de cada um de nós.
Obrigada, Krenak.

Camila 27/12/2022

Leiam Krenak
Ler os livros de Ailton Krenak deveria ser obrigatório para todas as faixas etárias. Em poucas palavras e, sempre de forma muito pragmática, Ailton nos coloca no nosso devido lugar. Quando digo nosso, me refiro àquela esmagadora parcela da população que não pertence a nenhum grupo vulnerável. Em seu mais novo manifesto, Futuro Ancestral, Ailton estabelece a ligação (quase) óbvia entre nossa vida, nossa existência e sobrevivência. Apresenta o traço maligno do colonialismo e o quanto nosso sistema educacional precisa ser aperfeiçoado para dar conta da ancestralidade enquanto elemento libertador das amarras do capitalismo. É injusto resenhar Krenak. É preciso devorá-lo, se possível, mais de uma vez.

Luciana 13/12/2022

Gostei.
Ótima forma para pensar a nossa educação e a edição dos nossos filhos. Adoro os livros de Ailton. O melhor que achei foi A VIDA NAO É UTIL.