Lala 24/03/2023
Tudo no livro é suavemente reflexivo, Ailton nos faz pensar sobre o passado evocando sua concepção de ancestralidade e colocando-a em contraposição a nossa. Tentei ter ao máximo uma observação atenta e sensível da cosmovisão que nos traz diversos questionamentos, não apenas sobre a vida em sociedade, mas também sobre a essência de existir e a procura por um futuro melhor. Esse futuro não está diretamente ligado à educação, pois o futuro é imaginário, ao passo que a educação deve ser real e presente. A mesma sociedade que está presa numa busca incessante pela educação é a mesma sociedade acomodada com a ideia de que o capitalismo não terá fim, estamos cegos e não enxergamos o capital como responsável pelo empobrecimento da nossa própria existência. Os seres urbanos-industriais não sabem viver, mas temem a morte mais do que qualquer outro animal. Os pássaros morrem, as árvores morrem e tudo envelhece, estar ao lado da velhice é resgatar os vínculos com a nossa ancestralidade e de reencontro com nossos antepassados. Somos filhos da Terra, estamos aqui e não podemos deixar que a lógica ocidental nos coloque em oposição à natureza. A ancestralidade é uma experiência geracional de trocas, devemos ensinar os mais novos sobre o amor, a esperança, a empatia e o respeito para que essas crianças lá na frente possam se preparar e entender a vida adulta. A base dessa educação é feita com o cotidiano e experiências são fundamentais para se perceber como sujeito coletivo e entender o seu lugar no mundo.