spoiler visualizarJoão 07/05/2017
RESENHA: "Pequena Abelha", de Chris Cleave
Semana passada, quando terminei de ler "It - A Coisa", procurei imediatamente algo para ler, e algo que não estivesse na minha prateleira de livros. Queria algo diferente. Logo, fui até a biblioteca da faculdade, e me deparei com "Pequena Abelha", de Chris Cleave. Confesso que fui pego pela sinopse, que não fala nada da história, apenas que é uma história incrível, que não pode ser contada, mas que se trata de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Uau. Aí você olha a orelha do livro, e vê que logo se tornará um filme, estrelado por Nicole Kidman. Nossa. Observa as opiniões dos grandes jornais: Brilhante!, Ambicioso e arrojado!, Vai extasiar você!, até que você começa a ler a história e fica meio...
A sinopse pede para não falar do que se trata a história, mas se eu não contar, não poderei mostrar para vocês o porquê não gostei dela, então, vamos lá: o livro se trata de duas mulheres, Sarah e Pequena Abelha, que um dia se encontram numa praia na Nigéria, e algo acontece que faz com que a vida das duas mude completamente, mas deixe eu explicar certinho para vocês. Um pouco de cada uma das personagens.
Pequena Abelha é uma garota de dezesseis anos, que consegue entrar em um navio que parte da Nigéria, até a Inglaterra, e chegando lá, fica presa em um centro de detenção de imigrantes por dois anos. Lá, ela aprende a ler e escrever o que ela chama de inglês da rainha, para aprender a se comunicar e, quando fosse solta, poderia se virar. Até que um belo dia ela é solta, mas sem qualquer documento, sem um centavo no bolso, sem nada, apenas com um cartão de Andrew (marido da Sarah), que ela conseguiu no episódio que vivenciaram na praia dois anos antes, e com esse cartão, ela consegue entrar em contato com ele e avisar que está na Inglaterra, e como ele é a única pessoa no mundo que ela conhece, informa que está indo para seu encontro.
Sarah, por sua vez, é uma jornalista, trabalha em uma revista, mas há alguns anos possuí um amante. Andrew, ao descobrir do caso de sua esposa, acaba conversando com ela e ambos decidem viajar para Nigéria, e acabam conhecendo Pequena Abelha na praia, que na ocasião tão misteriosa que a sinopse trás, estava fugindo de exploradores de petróleo, que mataram sua família, e em um "acordo" com os bandidos, acaba cortando um dedo para salvar a Pequena Abelha. Isso, cortando um dedo para salvar a garota. Desculpe o spoiler.
E a partir da chegada da Pequena Abelha na casa de Sarah, muitas coisas acontecem que colocam as duas personagens em situações delicadas, mas que me incomodaram MUITO! Assim, muito mesmo. Senta que lá vem mais spoiler: Andrew, ao saber da chegada da menina, acaba se matando, pois já estava em depressão há algum tempo, e o retorno da Pequena Abelha acaba sendo a gota d'água. Mas assim, uma semana após a morte de Andrew, Sarah está toda magoada e sofrida com a morte do marido, mas o amante, Lawrence, já esta na casa do casal, como se fossem uma nova família e cagando regras para Sarah e Pequena Abelha. Qual sentido?
Além de Charlie, o filho de Sarah, com apenas quatro anos, que passa o livro todo vestido de batman, e não tira a roupa por nada, porque acredita que fica mais forte com ela (?), mas uma criança, que era para ser uma personagem querida, acaba se tornando insuportável, porquê tudo gira em torno da sua roupa. Os diálogos entre Sarah ou Abelhinha, com o garoto, ficam mais ou menos assim: Ai Charlie, vamos tomar um bat-café. Nossa, vamos acabar com os bat-bandidos, que são nossos demônios interiores que temos que aprender a lidar. Vamos bat-almoçar. Bat-isso, bat-aquilo. Uma chatice sem fim.
Além do fato que o autor faz de tudo para comover o leitor, fazer com que ele sinta o drama das personagens, mas força muito a barra. Não tem um momento feliz na história, tudo é muito pesado, e o autor tenta de todas as formas com que o leitor se emocione, mas acaba se tornando um livro cansativos, que confesso, sofri para chegar ao fim, parecia que não terminava. O final da história, que enrola o livro todo, termina de uma vez. Quando você pisca a história acaba e você fica sem entender muito bem.
É um livro que me decepcionou muito, por esses e outros motivos que não posso escrever sem contar a história toda, mas a maneira que o autor fez com que ela fosse pega pela polícia, super sem sentido, o desenrolar da história, nossa, gente. Difícil de defender, infelizmente. E ah, como eu disse no começo da resenha, fui procurar pelo filme, e adivinha? Ele não existe. É só mais uma informação falsa no livro para tentar vender o produto. Uau.
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