Tornar-se Negro

Tornar-se Negro Neusa Santos Souza




Resenhas - Tornar-se Negro


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TatianaRJ 03/07/2020

Neuza consegue tocar a ferida. Mas essa ferida precisa mesmo ser tocada. Há uma democracia racial inexistente e que precisa ser repensada, ser desconstruída, ser abolida. Nunca existiu.
Os depoimentos ajudam neste sentido. São potentes. São tocantes. São necessários.
Missão cumprida e com louvor!
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Rafi.escritor 29/04/2022

Extremamente necessário
Voltei a estudar questões raciais e esse foi a primeira leitura para esse caminho.
Um livro extremamente necessário e com uma análise psicanalítica feita de forma muito afinca por Neuza.
O livro Remonta a trajetória da comunidade preta, e de como o racismo desmonta a história e desumaniza a comunidade preta e, individualmente, a pessoa preta. Acredito, que eu como uma pessoa branca, devo sair do meu lugar de privilégio e escutar e aprender.
Foram 400 anos de escravidão e ainda 134 anos de marginalização das pessoas pretas no nosso Brasil.
É estrutural, e é preciso buscar meios para romper e construir novos caminhos e novas histórias.
Não é preciso ser uma pessoa não-branca para lutar contra racismo, mas é preciso entender e saber ouvir.
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Patty Lima 19/09/2023

Entendi esse livro como um tratado sociológico e analítico das angústias da pessoa negra, especialmente as que ascendem socialmente no Brasil. Percebi que a construção do negro perpassa várias facetas que o leva a fugir de sua identidade, a negar sua negritude por vergonha ou medo de como será visto no meio em que está inserido. É uma estrutura íngreme a do sujeito negro na sociedade brasileira, na qual o racismo têm raízes profundas e bem fincadas. Muito há que se fazer para contornar ,ou eliminar essa chaga social.
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duck 21/06/2022

que mulher INCRÍVEL
sério que livro maravilhoso, admiração é pouco!! a construção e o desenvolvimento dos temas em volta do racismo estrutural foram feitos de forma excelente
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Rafael 18/02/2022

Psicanálise e questões raciais
Publicado originalmente em 1983, "Tornar-se negro" é considerado um dos primeiros trabalhos a relacionar a psicanálise com questões raciais, em âmbito nacional. Valendo-se do método do estudo de caso e a técnica de história de vida, a psiquiatra Neusa Santos Souza entrevistou dez pessoas negras que vivem no Brasil e que estão em ascensão social.

Ao colher as histórias, num contato direto, Neusa presenciou seus entrevistados falarem de si e manifestarem diferentes emoções, casos que para muitos profissionais evidenciariam apenas baixa autoestima ou complexo de inferioridade, mas que foram ressignificados pela autora como sofrimento psíquico produzido pelo racismo.

Alberto, por exemplo, conta-nos que havia um evitar velado da história das raízes negras de sua família. Por sua vez, Luísa, sentindo-se feia, diferente das meninas que tinham o cabelo liso e o nariz fino, a pedido de sua mãe colocava pregador de roupa no nariz "para que ficasse menos chato". Como resposta, "ser o melhor!" surge como caminho necessário para que os entrevistados se afirmem, compensem o "defeito" ou para que sejam aceitos.

Ocorre que não há como se alcançar esses objetivos. É que, em linguagem psicanalítica, o ideal do ego do negro, que é em grande parte constituído pelos ideais dominantes, é branco (p. 73). Desde seus primeiros anos, da esfera familiar à vida em sociedade, o negro é levado a desenvolver um modelo humano de existência psíquica que não lhe corresponde. E a insistência nesse caminho fatalmente tende a implicar em punições do superego (melancolia, autodesvalorização, retraimento etc.) ou numa luta sem fim (o superego bombardeará o ego com novas exigências, incessantemente).

Por outro lado, como condição de cura, demanda-se do negro a construção de um outro ideal do ego, um compromisso político que lhe permita recriar-se em suas potencialidades, que encarne seus valores e interesses, que resgate sua história. Nesse sentido, ser negro não é uma condição dada, pré-existente. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro (p. 115).

Em resumo, a autora parte da hipótese de que o negro tem dificuldade de conquistar uma identidade egossintônica que o integre ao seu grupo de origem, instrumentalizando-o para a conquista da ascensão social. Numa sociedade de classes em que os lugares de poder e tomada de decisão são ocupados por brancos, o negro que pretende ascender lança mão de uma identidade calcada em emblemas brancos, na tentativa de ultrapassar os obstáculos advindos do fato de ter nascido negro. Essa identidade é contraditória; ao mesmo tempo que serve de aval para o ingresso nos lugares de prestígio e poder, o coloca em conflito com sua historicidade, dado que se vê obrigado a negar o passado e o presente: o passado no que concerne à tradição e cultura negras e o presente no que tange à experiência da discriminação racial.? (p. 112-113)
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Hannah Bastos 10/02/2021

Tornar-se Negro
Neusa Santos Souza foi uma psicanalista e psiquiatra negra brasileira comprometida com a militância e movimentos negros. Nasceu na Bahia e mudou-se para o Rio de Janeiro, local onde realizou um mestrado, do qual resultou a materialização deste livro-estudo. Em 1983, editou o livro "Tornar-se Negro ou As Vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social". A autora expõe a relação do trauma emocional — e físico —, que está diretamente ligado à ascensão do negro dentro de uma sociedade racialmente hierarquizada como a brasileira; portanto, afiadamente pugnando o mito da democracia racial.

Em muitos momentos, o livro me transporta para as minhas próprias memórias e para o presente imediato. É um livro pequeno, contudo não se deixem enganar — a Drª Neusa é potente, é mulher negra, é militante que organiza o seu pensamento e discurso, parindo, desse modo, uma narrativa eloquente. Os depoimentos das pessoas negras em ascensão social contidos no livro são pedagógicos e, nos possibilitam entender a construção teórica que a autora demonstra ao longo do seu estudo. Notamos elementos em comum nos 10 depoimentos apresentados no livro, em que a ascensão do negro no Brasil exigiu uma separação desse individuo com a sua comunidade, o que gerou uma ascensão individual, na qual o afastamento da identidade/comunidade negra é versamente proporcional à aproximação da branquitude (não significando que sejam aceites por parte destes). Constituindo um profundo fosso entre os negros assimilados — os "negros-brancos" —, e os negros. O "negro-branco" que se considera em um patamar acima, utiliza o discurso da democracia racial para condenar e julgar os negros que não se "elevaram na vida". A fratura na comunidade é profunda, pois produz hostilidade e ilusões — crer na aceitação do negro como branco.

Para um leitor não familiarizado com alguns conceitos das ciências sociais (psicologia, psicanálise, sociologia), como foi o meu caso, pode sentir alguma dificuldade que, certamente não atrapalhará na leitura; pelo contrário, pode tornar-se um convite para mais pesquisas e estudos.

Considero que o contato que tive com o livro "Memórias de Plantação", da também psicanalista e artista negra Grada Kilomba, preparou-me para a linguagem do "Tornar-se Negro...", que me pareceu ser um mais academicista. Ambos os livros mergulham em uma temática de busca urgente pelo entendimento e necessidade da construção da negritude. As autoras utilizam método de estudo semelhante: estudo de caso a partir de depoimentos de pessoas que são entrevistadas. Contudo, cada livro tem as suas particularidades e abrem-se singularmente para outros elementos conectados com a busca da negritude.

É um discurso que revolve o emocional do indivíduo negro do começo ao fim, pois trata-se da demonstração de como, nós, sujeitos negros, nos vemos através da lente do branco como modelo, iniciando um teatro identitário, no qual o espelho, o Ideal a ser atingido, é branco. Assim, principia-se o tormento do sujeito negro — ter um Ideal (imposto) inatingível, que resulta em uma ferida na psique do negro, um desequilíbrio contínuo no emocional.

A ressignificação da perspectiva, valores e referências do negro se faz mais que necessária, configurando-se no reavivamento da sua história, a busca pela construção da sua identidade pautada "(...) a partir da voz de negros que, mais ou menos contratória ou fragilmente, batem-se por construir uma identidade que lhe dê feições próprias, fundada, portanto em seus interesses, transformadora da História — individual e coletiva, social e psicológica."

Esta leitura é um antídoto. Cada página pede reflexão. Sinto que voltarei para esta leitura outras vezes, pois acredito em um processo de transformação contínua. Uma leitura imprescindível para perceber a construção da subjetividade do negro no Brasil.

" Assim, ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro."
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Lau 19/04/2021

"Tornar-se negro" está sendo, para mim, o ponto de partida para um estudo mais aprofundado das relações raciais no Brasil, mais que qualquer aula que já tenha assistido na faculdade ou antes dela. Sinto que aprendi muito com esse livro.

É uma obra elucidativa: a motivação por trás das pautas dos movimentos negros nunca ficou tão clara pra mim, por mais que eu acompanhe as infinitas discussões sobre o tema na internet. Também foi esclarecedora na sua exposição dos conceitos teóricos da Psicanálise, os quais eu não havia compreendido direito até então, feita de forma objetiva e aplicada.

Com certeza, a autora faz uma grande contribuição para a abordagem e para a sociedade mais ainda.
dani 19/04/2021minha estante
Obrigada pela resenha! Preciso aprender mais.




Cleide 24/08/2020

Um livro necessário
Essa é uma brilhante obra que analisa os impactos do racismo onde as pessoas normalmente não enxergam.

Neuza nos mostra como nos embranquecemos à medida que ascendemos socialmente, não só de forma física, mas também psicologica. À medida que galgamos posições sociais mais altas (e também para conseguirmos atingi-las), passamos a nos comportar como brancos e a negar nossa negritude.

Quem nunca diminuiu o tom para não parecer a "negra barraqueira"? Quem nunca renegou o funk, o pagode e se disse admirar só a bossa nova e outros estilos embranquecidos para demonstrar sua superioridade intelectual (aka, sua distância do negro e sua proximidade com o branco)?

São desde pequenas coisas do cotidiano até grandes decisões de vida, que tomamos à imagem e semelhança da branquitude a fim de sermos aceitos e valorizados. E isso se dá porque nossos referenciais positivos nos foram roubados - não temos origem, não temos nome, cultura, costumes, tudo antes da escravização foi apagado e o único referencial de história negra que aprendemos é o sofrimento, a escravização.

Assim, só restam imagens e ideais positivos brancos para perseguimos, um padrão branco imposto que nos leva a nos negarmos diariamente de forma muito dolorosa.

Por isso é preciso tornar-se negro. Tornar-se negro é voltar às suas raízes para, a partir delas, projetar futuro com amor. É criar imagens positivas negras para abandonar os ideias da branquitude e não se esforçar para se moldar a eles, pois isso é absolutamente violento e castrador. É se permitir viver quem você verdadeiramente é. E isso é muito difícil.

Agradeço muito à Neuza por ter escrito esse livro.
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bffreitas 06/05/2024

Necessário
Li o livro para o meu TCC e talvez tenha lido apressada demais e com sono demais. Fica pra uma releitura, em breve.
O ponto é que Souza explica bem demais, costura as informações de maneira sucinta e mostra como a sociedade precisa urgente de uma reforma e o quanto precisamos nos entender como ser único. É um livro urgente, necessário e crucial para o trabalho com o ser humano e para ser humano.
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Thais 09/09/2022

Psicanálise
O livro é muito bom, analisa muitos pensamentos que temos e não sabemos de onde vem ao certo. Algumas coisas ficaram datadas e, ainda bem, muita coisa já mudou. Mas acredito que ainda existem alguns negros que pensam da mesma maneira de alguns entrevistados. A análise é muito importante para pensamentos da onde vem alguns sentimentos e pensamentos sobre nós mesmos.
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Patrícia Lorrayne 11/01/2023

Experiência Maravilhosa
Nesse livro temos o racismo falado de uma forma acadêmica e incrível. A Neusa retrata muito bem como ele acontece, por quê e como isso afeta as emoções/ subjetividade do indivíduo negro. Apesar de ser estudante de Psicologia tive dificuldades no prefácio do Jurandir Feire pela linguagem acadêmica da psicanálise e em outras partes do livro também em que relaciona o racismo com a psicanálise. Mesmo assim, foi uma leitura de aprendizado e uma experiência incrível. Um fato a destacar são as entrevistas realizadas com os sujeitos que são negros bem como os anexos adicionais e a escrita da Neusa, pois parece como se ela estivesse escrito o livro nos dias atuais. Que essa obra possa ser reconhecida mais !!!!???
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Mateus295 10/01/2019

"Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro"
"[...] Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro".

Ano passado comecei a pensar mais atentamente às questões raciais como um processo de autodescoberta, de ir atrás de me encontrar e me identificar. O que neste livro eu entendo como quebrar as interiorizações do Ideal de Ego, pautado na valorização de valores brancos, e buscar uma ressignificação nova e coerente com o corpo negro. Desta forma, me estimulei a cumprir uma meta de ler ao menos um livro por mês sobre questões raciais, "Tornar-se negro" foi o primeiro.

O livro trata-se de uma pesquisa pensada por Neusa Santos em que ela alia o reconhecimento da identidade negra com a ascensão social no Brasil. Antes de tudo, ela demonstra como é difícil os negros se identificarem como negros, quando o Ego Ideal faz com que eles neguem todos seus valores e atitudes para aderir conceitos perpetuados por brancos. Isso porque, só dessa forma eles conseguiriam ascender socialmente. Para ser um negro bem-sucedido na fase pós-abolicionista você teria que continuar perpetuando o comportamento dócil, submisso, sereno que eram colocados para os escravos.

Muitas ideias são postas ao longo do livro que nos fazem refletir como o negro é totalmente esvaziado e posto para reafirmar hábitos de brancos ou incentivados a fazerem melhor para serem "aceitos" na sociedade. É usado até o termo de perder a cor, quando um negro passa a ascender. Mas esse processo vai muito além quando os negros começam a negar seu corpo, e aí surge o mito negro com discursos como: "beiço grosso", "nariz chato e grosso", "cabelo ruim", "bundão", "primitivismo", "potência sexual", e por aí vai. O que gera os esforços para enganar esses traços exteriores, como afilar o nariz e alisar o cabelo.

"Alguns estereótipos que constituem a mitologia negra adquirem, a nível do discurso, uma significação aparentemente positiva. O "privilégio da sensibilidade" que se materializa na musicalidade e ritmicidade do negro, a singular resistência física e extraordinária potência e desempenho sexuais, são atributos que revelam um falso reconhecimento de uma suposta superioridade negra. Todos estes "dons" estão associados à "irracionalidade" e "primitivismo" do negro em oposição à "racionalidade" e "refinamento" do branco".

O livro é permeado por falas que a autora conseguiu de 10 jovens negros em ascensão no Brasil. Essas falas tomam maior forma no final do livro, parte em que suas falas são separadas em temas privilegiados: representações de si (definições, fantasias e estereótipos sexuais, representação do corpo, o mulato), das estratégias de ascensão (ser o melhor, aceitar a mistificação [perder a cor, negar as tradições negras e não falar no assunto]) e do preço da ascensão.

"Tornar-se Negro" é um livro introdutório muito importante para quem quer começar a entender como a questão racial impacta os negros e como o racismo está nas entrelinhas, não apenas nas atitudes externas como em atitudes próprias do negro. Acredito que o livro tenta explanar como a identidade negra foi perdida pela assimilação dos valores brancos como sinônimo de certo a se fazer para dar certo na vida, mas ao mesmo tempo estimula que isso seja mudado, que encontremos o nosso verdadeiro Ideal de Ego. Leitura importantíssima.
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Rodriguinho @literario.rojo 24/08/2022

Uma indicação de leitura fundamental para quem quer mergulhar em questões de identidade, recomendo a importantíssima obra de Neusa Santos Souza, TORNAR-SE NEGRO. A autora construiu em seus ensaios um discurso do negro sobre o negro, no que tange as nossas emoções voltado em experiencias de ser negro em uma sociedade branca dominante em diversos aspectos.
O intuito do livro se fundamenta na constatação inequívoca da precariedade no Brasil, de estudos sobre a vida emocional dos negros e ausências de explanações criado pelo negro em torno de si mesmo, e para exercer nossa autonomia precisamos conhecer e ter um discurso sobre nós mesmos, principalmente se essa descrição for pautado na realidade em que estamos inseridos.

E você, qual a sua história ?
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Thaís 25/01/2022

Leiam Neusa Santos Souza!
Esse livro me fez mergulhar num mar de reflexões sobre mim mesma, sobre o outro, sobre o racismo, sobre os ?mitos negros?, sobre nossa história. Feliz por esse livro ter cruzado meu caminho como recomendação de uma outra pessoa negra que viu nessa leitura um caminho dentro do seu processo de enxergar-se e tornar-se negro há alguns anos atrás. Em alguns pontos (apenas alguns) a leitura pode ser um pouco distante do entendimento comum (Neusa é psicanalista e o livro nasceu de uma pesquisa!), mas isso não compromete a compreensão geral dos assuntos abordados, assuntos importantes e potentes a serem lidos.
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